quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Reflexões sobre Amamentação como política pública


Durante as ações comemorativas à Semana Mundial de Amamentação, de 1 a 8 de agosto, a professora doutora Isabel Cruz, coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra, defende que se deva aproveitar a oportunidade para discutir várias questões que envolvem a mulher que vai ou é mãe.

- Pré-natal baseado em evidências científicas (educação da gestante sobre aleitamento exclusivo, cuidados com a mama, licença maternidade, armazenamento do leite materno, etc.). E, também, em como as gestantes são (ou não são) preparadas para amamentar exclusivamente, apontando estratégias para superação das barreiras sociais à amamentação (e ao parto ativo e natural que com sua descarga de ocitocina deflagra o empoderamento da mulher para nutrir sua criança com leite e amor).


- Incentivar o parto e repudiar a resolução do CREMERJ e apoiar doulas, professoras de cursos de preparação para o parto, parteiras, enfermeiras obstetrizes e obstetrizes, assim como os escassos médicos obstetras que sabem que o parto é o normal, o desvio da norma é a cesariana!


- Visibilizar a importância da amamentação na primeira hora, em que se deve instituir um alojamento conjunto como estratégia para promoção da amamentação, entre outras.


- Doação de leite aos bancos de leite e a alimentação de prematuros.


- A prevenção da transmissão vertical do HIV incentivando as futuras mamães a fazerem o teste HIV e obrigando os laboratórios a serem rápidos na entrega dos resultados (priorizar exame de gestante!)


- O direito das mulheres e crianças a berçários e creches nos municípios, locais de trabalho e escolas! Uma condição para a mãe que trabalha poder continuar amamentando!


Segundo a professora doutora Isabel Cruz, não se pode esquecer de que o quarto objetivo do Milênio é a redução da mortalidade na infância. “Uma das iniciativas para se alcançar esta meta é a ‘capacitação’ da gestante e da mãe para a amamentação exclusiva”. Diante destas informações, é fundamental que os conselheiros de saúde, assim como a/os usuário/as dos serviços de saúde, gestores e trabalhadores façam, para além do exercício da reflexão, mas do pensar em ações concretas, sobre qual iniciativa a sua instituição de saúde e/ou ensino (ou da sociedade civil organizada) poderá promover para aumentar a taxa de aleitamento exclusivo?


“Aproveito a oportunidade para ressaltar que a luta contra a mortalidade materna de mulheres negras acontece paralela à semana mundial de amamentação. Neste sentido, destaco aqui o trabalho da enfermeira Dra. Alaerte Martins que em razão de suas extensas pesquisas demográficas incluiu na política de saúde do Estado do Paraná a revisão da estratificação de risco das gestantes (Política Baseada em Evidência Científica). Assim, os profissionais de saúde paranaenses agora sabem
que mulheres negras ou indígenas estão na faixa de risco intermediário e, portanto, devem receber algumas ações prioritárias”, concluiu a professora doutora Isabel Cruz.


Doula é uma mulher, geralmente com experiência de maternidade, que está  ao lado da mãe durante o seu parto, ajudando-a a sentir-se segura de modo a que ela consiga mais facilmente dar à luz (“a mulher que serve”).


Obstetrizes são profissionais, que antigamente tinha uma formação técnica específica, com a extinção do curso, hoje atuam apenas a obstetrizes formadas até os anos 1970. Suas funções são semelhantes às das Enfermeiras Obstetras. 



Texto baseado no Boletim Eletrônico NEPAE-NESEN http://www.uff.br/jsncare/index.php/bnn/index

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