quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Fim de uma bela jornada

Pessoal, caros e caras leitoras deste blog que foi construído e alimentado não só com o trabalho de uma pessoa, mas com o empenho de muitas pessoas. Estou me despedindo da função de jornalista da ex-Cooperação Social da ENSP/Fiocruz e quero neste espaço render minhas homenagens aqueles e aquelas que me ajudaram a fazer o meu trabalho de comunicação comunitária: Mayalu, Rosane, Vanessa, Ariana, Pedro, Leonídio, Michele, etc. etc. etc...

Com os judocas de Gabu
Quero agradecer a todas e a todos, a parceria na alimentação desta comunicação sobre Manguinhos e suas inúmeras comunidades. Foi um imenso prazer ter podido colocar meus serviços ao inteiro dispor de vocês. Pena não ter podido apurar, produzir conteúdos, registrar, fomentar discussões, falar com todas as pessoas, visibilizar aspirações, vocações, feitos, enfim, as histórias e estórias que povoam Manguinhos e seus milhares de habitantes.

Se mais não pude fazer, perdoem-me, mas as perninhas foram curtas, e nem sempre a vontade de dar voz a todos e todas combinava com as possibilidades e tempos adequados.

No Fórum Social Temático, Porto Alegre (RS)
Foi uma longa caminhada, desde 2011, aprendi a conhecer alguns personagens de Mandela 1, 2 e 3, minhas considerações aos presidentes e presidentas de Associações de Moradores, aos parceiros e parceiras dos equipamentos do DSUP, Biblioteca Parque de Manguinhos, Casa da Mulher, CRJ, Clínicas de Família, Oficina do Rato, a boa e deliciosa comida de Dona Lina e sua filha/neta Deborah, a Patrícia com as Mulheres de Atitude, a dona Geralda da Paz, o Padre Gegê, Simone dos Anjos, Maria Lúcia, amigos e amigas, conhecidos como Chico do Samora Machel, a Graciara da Silva, a Norma, Gabu - um professor de artes marciais/Judô que está descobrindo talentos em Manguinhos... enfim, a tantos e tantas, o meu muito obrigada por terem permitido participar do convívio de vocês.

Mas, fiquem sabendo de uma coisa, é necessário que fique registrado, saio desta função, deste espaço, mas não da vida de vocês: ou seja, vocês jamais sairão de minha vida.

Sandra Martins
jornalista

Programação Especial na Semana da Criança

Teatro, música, contação de histórias, brincadeiras, muita conversa, mímica, palhaçaria, enfim, estas são algumas das atividades que a Biblioteca Parque de Manguinhos está oferecendo no mês das crianças, outubro.

Atividade de Mediação de Leitura no  no hall do cine teatro, culminando com curtas na Ludoteca. Esta atividade acontce no dia 08/10 às 15h com Maria Antonieta. A sessão Cinema com Pipoca Especial para a Semana da Criança acontece no dia 09, quarta-feira, às 16h, com o filme Valente: Animação/ Aventura de Mark Andrews, Brenda Chapman com duração de uma hora e um pouquinho.

O filme trata de uma jovem princesa Merida foi criada pela mãe para ser a sucessora perfeita ao cargo de rainha, seguindo a etiqueta e os costumes do reino. Mas a garota dos cabelos rebeldes não tem a menor vocação para esta vida traçada, preferindo cavalgar pelas planícies selvagens da Escócia e praticar o seu esporte favorito, o tiro ao arco. Quando uma competição é organizada contra a sua vontade, para escolher seu futuro marido, Merida decide recorrer à ajuda de uma bruxa, a quem pede que sua mãe mude. Mas quando o feitiço surte efeito, a transformação da rainha não é exatamente o que Merida imaginava...

Agora caberá à jovem ajudar a sua mãe e impedir que o reino entre em guerra com os povos vizinhos.

Ah, há como sempre, um delicioso circuito de atividades físicas no dia 10, quinta-feira, às 14h - Totó e ping-pong no hall do cineteatro.

E no dia 11, sexta-feira, haverá a festa de encerramento da Semana da Criança, às 14h com Roda de Capoeira do Mestre Mosca, às 15h, será a vez da apresentação dos Malabaristas do Grupo Coletivo Camaleão, às 16h, o encerramento se dará com um delicioso lanche.

O Palhaço, a Mala e a boneca - A esquete conta a história de uma boneca que foi abandonada em uma mala, o palhaço acha essa mala e mesmo curioso não tem coragem de abrir, resolve tocar uma musica quando se depara com a boneca viva dançando, leva um susto e eles começam a discutir quem é a boneca e da onde ela veio. A boneca conta que foi abandonada, e com pena dela o palhaço começa a jogar malabares e fazer brincadeiras com ela para que ela não fique mais triste, eles competem para ver quem é o melhor, mas no final percebem que são melhores juntos e não sozinhos, assim eles firmam uma parceria de amizade.

Conta Você...Contação de Histórias em que podemos reviver a infância, as brincadeiras, costumes e o que as crianças mais gostam de fazer, nos dias 15, 22 e 29/10 (terças) às 13h30 e 17h

Encontro com o a autora Janilda Pinheiro, dia 18/10, às 15h. Ela é uma contadora desde os 13 anos, desempenha trabalho social em várias comunidades.

Roda de Leitura - Durante o mês de outubro, serão trabalhados livros que tenham como referência o universo infantil. Nos dias: 16, 23 e 30/10 (quartas), às 11:30

Revirando o Lixo- Transformando Lixo em Brinquedo - É uma oficina de reciclagem e conscientização ambiental. As crianças criam, reformam e customizam objetos e brinquedos com sucata e aprendem noções básicas de como cuidar melhor do meio ambiente. Nos dias: 16, 23 e 30/10 (quartas), às 17h

Fauna e Flora - A oficina de plantio tem como objetivo fazer com que as crianças tenham contato com a terra, proporcionando experiências sensoriais, e o cultivo de culturas agrícolas e espécies florestais, reaproveitando material reciclável para utilizar como recipientes para as mudas e classificação e diferenciação dos grupos de animais existentes no planeta. Nos dias: 17, 24 e 31/10 (quintas), às 13h30.

Pintando o Sete - Oficinas de artes visuais. As crianças conhecerão os quadros do pintor e escultor pernambucano Romero Brito. Nos dias: 17, 24 e 31/10 (quintas), às 11h e 18h

Hora do Livro - Dentro da temática proposta, um livro é eleito “O Livro do Mês” e é trabalhado com as crianças através da leitura, identificação de seus elementos textuais e atividades lúdicas, que surjam a partir do desdobramento de seu conteúdo. O livro do mês de Outubro é do autor e ilustrador Mauricio Veneza “Crianças da Amazônia”. Nos dias: 15 e 22 e 29/10 (terças), às 11h30mim

Poetizando - As crianças são apresentadas à linguagem poética, através de leituras de poemas, jogos de linguagem, criação de poemas visuais, texto-imagem... Serão trabalhados poemas de Vinícius de Moraes nos dias 18 e 25/10 (sextas) às 11h.

Teatralizando - As crianças são incentivadas a dramatizar histórias e praticar jogos teatrais, além de serem apresentadas aos elementos cênicos e ao universo teatral. Oficina de teatro fechada para participantes inscritos. Nos dias: 18 e 25/10 (sextas), às 14h

Hora do Jogo - Oficinas de jogos de tabuleiro e jogos intelectivos, que desenvolvem a atenção, percepção, e construção de estratégias. Nos dias: 18 e 25/10 (sextas), às 15h30min.

Pais e Filhos - Os pais, avós, tios ou acompanhantes mais velhos são incentivados a manusear os livros, apresentá-los e contar histórias para os pequenos. Nos dias: 12, 19 e 26/10 (sábados,) às 14h

Construindo minha história - Toda quinta às 15h30 - “Construindo minha história” é um grupo destinado a crianças de 07 a 12 anos, com objetivo de construir um livro a partir da história de cada um. É um espaço para que cada um possa falar e se encontrar com o seu dia a dia e, a partir da circulação da palavra, do desenho, do recorte, da colagem e da escrita, construir sua história, seu passado.

O NAV - Núcleo de Atenção à Violência é uma OSCIP que trabalha com crianças, adolescentes e autores de agressão envolvidos em situações de violência doméstica e risco social. Está realizando através da Secretaria de Estado de Cultura, o Projeto "Lugar de Livro, Lugar de Palavra" nas Bibliotecas Parque de Manguinhos e Rocinha e na Biblioteca Pública de Niterói. Site: www.nav.org.br

Homenagem aos Professores

A Biblioteca Parque de Manguinhos comemora o Dia do Professor, 15/10, com atividades lúdicas e relaxantes: 16 (quarta-feira), às 16h30, o Cineteatro/ Hall do Cineteatro uma celebração homenageando os docentes. O evento abrirá com uma série de depoimentos falando sobre mestres queridos, logo após o microfone estará livre para quem quiser fazer sua própria homenagem. A seguir, haverá uma apresentação do Conjunto de Música Antiga da Universidade Federal Fluminense, UFF. O grupo toca músicas da Idade Média com instrumentos típicos da época. Ao final da apresentação, o público assistirá a etapa final do concurso Poetizando, na qual serão apresentados e premiados os três primeiros colocados. Após a premiação, todos serão convidados para um lanche no Hall do Cinetatro, onde também haverá leitura de poesia e distribuição de canudos poéticos.

E no dia 19/10, sábado, será a vez da apresentação do Coro de Câmara da Escola de Música Villa-Lobos, às 17h, no Cineteatro. O Coro é regido pelo maestro José D’Assumpção e preparação vocal de Flávia Rubatino, grupo polifônico de aproximadamente 20 pessoas apresentará um repertório eclético e extenso, abrangendo peças de diferentes estilos, épocas e idiomas. Ao longo de seus oito anos de história, o coro já realizou várias apresentações e concertos, tendo destaques os ocorridos na Sala Cecília Meireles, Teatro João Caetano,Teatro Municipal e Igreja da Candelária.

Mostra Quilombo Incena e Fórum Baiano de Cinema Comunitário

Palhaçaria é com As Marias da Graça


A parceria entre a Casa da Mulher, a Biblioteca Parque de Manguinhos e o grupo teatral “As Marias da Graça” tem possibilitado a continuidade da Oficina de Comicidade Feminina.

Nas oficinas, realizadas sempre às terças-feiras (8, 15, 22 e 29 de outubro), às 14h, a proposta é proporcionar aos participantes conhecimentos sobre a arte da palhaçaria, incentiva a expressão de sua realidade e a superação das diversas situações cotidianas que interferem sobre a violência contra a mulher.

O projeto acontece nas dependências da Biblioteca Parque de Manguinhos na Rua Dom Helder Câmara, Dsup, atrás do Colégio Estadual Compositor Luis Carlos da Villa.


Veja mais informações na página eletrônica www.asmariasdagraca.com.br

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

3º Prêmio Abdias Nascimento bate recorde de inscrições em 2013

Os vencedores serão conhecidos na grande festa de premiação, em novembro, no Rio de Janeiro
Mais de 300 jornalistas se inscreveram para o 3º Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, que encerrou inscrições em agosto. Disputam R$ 35 mil em prêmios jornalistas dos principais veículos de comunicação do país, como O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, Jornal A Tarde, Diário de Pernambuco, Revista Istoé, Carta Capital, SBT e TV Record, além de portais como G1, Terra e Agência Brasil (EBC).
O Prêmio teve adesão de profissionais de todas as regiões do país, sendo que a maioria das inscrições é do Sudeste (50%) e do Nordeste (19%). A novidade este ano é o aumento da participação de jornalistas de veículos de imprensa do Norte (9%) e do Centro-oeste (17%). O Sul corresponde a 5% dos/as inscritos/as.
“Os indicadores refletem o envolvimento das Comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojiras) dos respectivos sindicatos. Elas estimularam a cobertura étnico-racial e da diversidade brasileira por meio da divulgação do concurso”, avalia Sandra Martins, coordenadora desta edição. Ela lembra que, com apoio das Cojiras, o Prêmio chegou, pela primeira vez, em Manaus (AM), Cuiabá (MT) e Campo Grande (MS).
Os/as inscritos/as disputam as categorias Mídia Impressa, Internet, Televisão, Rádio, Fotografia e Mídia Alternativa/Comunitária, além da Categoria Especial de Gênero Jornalista Antonieta de Barros.  Os três finalistas, de cada categoria, serão anunciados em outubro e os vencedores serão conhecidos em grande noite de premiação no Teatro Oi Casa Grande, em novembro, no Rio de Janeiro.
Prêmio Abdias Nascimento é uma realização da Cojira-Rio, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro (SJPMRJ) e conta com apoio das Cojiras que atuam no Distrito Federal, São Paulo, Alagoas, Paraíba, Bahia, Mato Grosso e do Núcleo de Jornalistas Afro-Brasileiros (RS).
Informações: (21) 3906-2450
Fale conosco: mailto: premioabdiasnascimento@gmail.com
Realização: Cojira-Rio /SJPMRJ
Patrocínio: Ford Foundation, Fundo Baobá e Oi
Parceria: Fenaj, Ipeafro, UNIC-Rio, Cultne e Sated
Apoio: W. K. Kellogg Foundation, Fundação Palmares e ANPR

Mulheres negras e mestiças são maioria no tráfico sexual

Por Ana Alakija
Editor-in-Chief,
alaionline.org.br
Washington (Estados Unidos) – ” Ele pegava bastões de madeira e me batia; eu pensava que ele me amava, mas ele me batia assim como batia em todas as meninas da sua casa; eu simplesmente não conseguia me levantar e ir embora . . . Ele me ameaçava com a minha família … Eu tinha medo de me machucar , então eu ficava ” .
O alto-falante , que reproduz a sua estória em  que ela conta como conheceu seu cafetão quando tinha 11 anos de idade , é visto na sombra para proteger sua identidade . Mas você pode ver que  a garota é negra , e parece ainda muito jovem .
Esse é um dos relatos que a  jornalista Jenée Desmond-Harris, redatora doThe Roots faz,  durante cobertura  da Conferência Legislativa Anual da Fundação  Congressional Black Caucus sobre a Escravidão Moderna  e o Tráfego Sexual, realizada no Centro de Convenções de Washington.
Essa garota não é a única que se encaixa nessa descrição, diz ela. Em outro segmento de um vídeo no YouTube projetado em uma telão está “Erika.” Ela diz que tinha 13 ou 14 anos , quando foi atraída para a prostituição forçada . “Eu parecia um menino , muito fina, muito subnutrida. Eles nos avisavam que as pessoas estavam vindo no John’s,  para nos comprar . Eles sabiam que eu era uma criança “.
Quando a tela fica escura, April Jones , a moderador das duas horas  de conversa com especialistas sobre o tráfico humano, expressa o que muitos na sala estão questionando.
” A coisa que eu notei mais sobre o vídeo “, diz ela , “é que todas falavam um inglês perfeito . Todo mundo daqui, deste país. Isso não é algo que aconteceu há centenas de anos . Está acontecendo aqui e agora. ”
“É claro  que isto é escravidão”. Do ponto de vista do palestrante, o embaixador Luis CdeBaca , diretor do Escritório do Departamento de Estado para Monitoramento e Combate ao Tráfico de Pessoas, chamar isso de qualquer outra coisa é um eufemismo tão esquivo como os anteriores da história americana como ” servidão ” ou “nossa peculiar instituição “.
Atualmente , diz ele, as vítimas são diversas. “É uma mulher tirada da sua casa para outro país com a promessa de um bom trabalho. é um homem recrutado para trabalhar em um barco de pesca,  e, uma vez que a terra é fora de vista, é forçado a trabalhar 20 horas por dia, depois de comer a isca, raptado pelo operador do navio. ”
Nos Estados Unidos , quando se trata de escravidão sexual , é comum gostarem de meninas como Erika .
A especialista Malika Saadar Sar é um heroina da comunidade anti- tráfico por seu trabalho com o Projeto de Rebecca para os Direitos Humanos . Ela trabalhou para acabar com os anúncios Craigslist que anunciavam a venda de crianças para o sexo. “As pessoas vendidas para o sexo neste país são crianças norte-americanas e são desproporcionalmente negras e mestiças”, diz ela . “Elas estão com idade de irem para a escola, entre  12 e 13 anos . ”
Desmond-Harris levantou que ,de acordo com o mais recente relatório do FBI sobre o assunto, 83 por cento das vítimas de casos de tráfico sexual confirmados foram identificados como cidadãos americanos . Quarenta por cento das vítimas e 62 por cento dos suspeitos do crime eram negros.
Em alguns lugares , a distribuição demográfica é ainda mais dramática , como em Houston. A jurisdição do painel da anfitriã Rep. Sheila Jackson -Lee é o que ela chama de ” hub ” da escravidão sexual. De acordo com a palestrante Ann Johnson, Harris County, Texas, procuradora e especialista em tráfico de seres humanos , na distribuição etno-gráfica das vítimas há ” cerca de 55 afro-americanas, 25 latino-americanos e 20 brancos. ”
Em  casos individuais, abuso e pobreza em casa podem se combinar para tornar as garotas – muitas vezes fugitivas – vulneráveis ​​aos homens que eles vêem como o capital humano, diz Johnson. Assim como, muitas vezes, diz Saadar Sar, elas são vitimadas quando alcançam certa idade e ficam fora do sistema de assistência social do Estado.
Em outras palavras, como elas são mantidos contra a sua vontade, muitas vezes submetidas à  tortura, ganhando dinheiro para cafetões através do sexo forçado, ninguém se incomoda com elas.
A reportagem diz aindaque existe um fator ainda mais insidioso que todos esses juntos. É aquele que faz com que as vítimas sintam que a procura de ajuda é inútil, de acordo com CdeBaca. “É a idéia de que a criminalidade na comunidade hispânica, na comunidade negra, não é para ser levado tão a sério. Porque é um mundo em que a lei não chega,  a decisão é tomada pelos traficantes”.
Desmond-Harris relata ainda que essas questões, além de um compromisso de longa data do Congressional Black Caucus, como uma voz no Capitólio para os mais vulneráveis ​​de qualquer lugar, são levantadas por Jackson-Lee, que  diz que pôr fim ao tráfico de pessoas é uma parte natural da missão do grupo deafro-americano eleitos.
“Quero ser clara que a escravidão moderna, que envolve sexo,  é tão devastadora quanto a escravidão que estamos mais familiarizados,” ela disse ao The Root.
Em 8 de março de 2013, o presidente Barack Obama assinou uma lei que renova ferramenta mais importante do país para combater a escravidão moderna, a Lei de Proteção às Vítimas do Tráfico.
Lee diz que não é o suficiente.
“Precisamos de uma legislação específica – aplicação de lei local, estando alerta para as questões de tráfico de seres humanos em estados e jurisdições localizadas. Precisamos da aplicação da lei, para que possamos evitar isso”, disse ela.
Para Saadar Sar o esforço é desesperador. “Muitas dessas meninas são as tetra-netas daqueles que foram escravizados durante a primeira parte da nossa história”, diz ela. “Nós temos que fazer o trabalho de construção de estradas de ferro de metro de distância a partir desta nova forma de escravidão.” 
Fonte: The Root.

ENSP monitora plano de Tuberculose e Aids no Estado do Rio de Janeiro

A Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro pactuou com as 92 Secretarias Municipais de Saúde um plano de ação para o enfrentamento do cenário de tuberculose e Aids no Estado do Rio de Janeiro. O esforço busca capacitar profissionais de saúde, aumentar o diagnóstico precoce e melhorar índices de controle, no caso da tuberculose, e promover melhor adesão ao tratamento no caso das pessoas que vivem com HIV/Aids. A Escola Nacional de Saúde Pública, por meio do Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF) e do Observatório Tuberculose Brasil (OTB), realizará o monitoramento e avaliação (M&A) da estratégia divulgada pelo governo do estado.

As ações previstas na pactuação com as Secretarias Municipais preveem o prazo de 15 dias para o resultado dos exames de HIV e consultas em até 7dias para pacientes com resultado positivo da doença. No âmbito estadual, o governo do Rio vai ampliar acesso a ambulatórios para tratamento da Aids. A iniciativa também prevê a reforma de hospitais-referência no atendimento de pacientes com tuberculose, com ampliação de leitos de UTI, realização de cirurgias torácicas e aumento do número de leitos para pacientes com tuberculose multirresistente.

As ações de monitoramento e avaliação que a ENSP realizará serão coordenadas pelo chefe do CRFPH/ENSP, Miguel Aiub, e pelo coordenador técnico da área de tecnologia social do Observatório TB Brasil, Carlos Basilia.

O Observatório Tuberculose Brasil (OTB/ENSP) pretende desenvolver ações em advocacy communication and social mobilization (ACMS) e monitorar os indicadores sociais e epidemiológicos relacionados à tuberculose. As ações estão de acordo com as Metas de Desenvolvimento do Milênio,estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e contam com ativa participação de movimentos sociais no que se refere à execução dos compromissos assumidos oficialmente pelas três esferas de governo.
Tuberculose - números
O Rio de Janeiro apresenta hoje a maior incidência de tuberculose do país. De acordo com dados preliminares, o estado registrou 14.039 casos da doença em 2012 — em torno de 15% do total. De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil é o 17º país com maior incidência de tuberculose entre os 22 de alta carga.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, para considerar a tuberculose uma doença sob controle, a taxa de incidência não deve ultrapassar cinco casos em cada 100 mil habitantes — atualmente, em todo o estado, a taxa é de 68,7 para cada 100 mil habitantes.

Das notificações realizadas no Estado do Rio (14.039) em 2012, 11.149 ou 79, 41% se referem a casos novos da doença. O Rio também concentra a maior parte dos casos em pacientes que apresentam resistência à medicação usada no tratamento. Entre os 14.039 casos de tuberculose no estado, 954 se referem a pacientes que retomaram o tratamento depois de abandoná-lo. De 2009 a dezembro de 2012, 33 municípios fluminenses diagnosticaram 551 pacientes resistentes.

Não por acaso que o estado é o que apresenta as maiores taxas de incidência da doença. Segundo o Censo de 2010 realizado pelo IBGE, o RJ concentra 96% de sua população em áreas urbanas e tem densidade demográfica de 368 habitantes por km², quando, no Brasil, a média é de 22,4 habitantes por km².
HIV/Aids - números

Entre os pacientes soropositivos, a prevalência de tuberculose é de 15%. A doença respiratória já é a principal causa de 20% das mortes em pacientes portadores de HIV em todo o país, segundo o Ministério da Saúde.

Ainda de acordo com dados do Ministério da Saúde, estima-se que o Brasil tenha atualmente mais de 655 mil pessoas vivendo com HIV/Aids. No Estado do Rio de Janeiro, foram registrados 92.178 casos de Aids, no período entre 2000 e 2012.

Em todo o estado, 30% das gestantes com a doença não usaram antirretrovirais no parto, o que poderia evitar a contaminação vertical, e 24% só souberam que eram soropositivas durante a gestação. 

Chacina do PAN

Dia 22 de outubro, terça-feira, José Rodrigues de A. Filho, autografa seu livo "Chacina do PAN" no Espaço Cultural Multifoco na Lapa, a partir das 18h. 
O livro foi produzido a partir de sua dissertação de mestrado defendida, em 2010, no Programa de Pós Graduação em Psicologia da Universidade Federal Fluminense.
A partir do acontecimeno “Chacina do PAN”, analisamos: a) como se dá, hoje, na cidade do Rio de Janeiro, a produção de vidas descartáveis; b) como a cobertura de veículos de comunicação de grandes corporações midiáticas cobriram e apoiaram a Chacina no Complexo do Alemão; c) que processos de subjetivação são estes que vêm sendo produzidos e que corroboram na produção do medo e da insegurança e, também, em aplausos e apoios a políticas de repressão e extermínio das populações pobres.

O livro é fruto de inúmeras leituras, encontros, movimentos, percursos e outros tantos atravessamentos. Mas ele é o efeito, também, de muitos sonhos, estranhamentos e desejos de mudança. Encaramos fazer este livro como um ato de resistência.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Concurso de Miss Brasil:Priscila Cidreira, da Bahia, em 3º lugar, uma linda mulher negra!!!

No concurso Miss Brasil 2013, Priscila Cidreira, 22 anos, que representou a Bahia, ganhou em terceiro lugar. Ela foi a única negra a chegar entre as dez finalistas.  

Janaína Barcelos, de 25, de Minas Gerais, e em primeiro lugar, foi Jakelyne Oliveira, 20 anos, de Mato Grosso.

As três ganharam uma viagem para Riviera Nayarit, no México. A final do concurso contou com as candidatas de cinco estados. Além de MT, BA e MG, estiveram perto do título as belas do Paraná e de São Paulo. A primeira colocada, Jakelyne Oliveira, ganhou um vestido de gala e um carro zero km.

A prova do Miss Brasil contém várias etapas de seleção até se chegar à grande vencedora. Entre as 28 concorrentes de cada estado, o júri técnico selecionou 14 delas, e internautas elegeram uma das concorrentes. Em seguida, um júri artístico escolheu 10 semifinalistas: Bahia, Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe,
A Biblioteca Negra de Pelotas é a única
 de literatura exclusivamente negra no país
Na prateleira em madeira rústica, um vidro preserva o estandarte com a imagem do pierrô de fantasia azul e branca. Na parede, um quadro com o Zumbi dos Palmares desenhado à mão. Em cima do armário, toda a coleção de troféus adquiridos nas vitórias do carnaval desde a década de 1920. Este é o Clube Social Negreiro Pelotense Fica Ahi pra ir Dizendo, de onde surgiu a primeira escola de samba do Rio Grande do Sul. A memória da fundação, em 27 de janeiro de 1921, está preservada em painéis nas paredes do salão que até hoje abriga bailes para a comunidade negra da cidade e região. 

O presidente do Clube Fica Ahi, Raul Ferreira, conta que após o sucesso do bloco no carnaval de Pelotas, o grupo decidiu fundar um clube social. "Como não tinham local para a reunião de fundação do clube, colocaram um cidadão na praça em frente à Prefeitura e disseram para ele: ‘fica ai pra ir dizendo onde é a reunião'. E assim nasceu o nome do clube", afirma. 
Como carnaval de rua era popular e os festejos em clubes considerados ‘elitizados', houve divisão entre os frequentadores do clube e a escola de samba se separou. Hoje, a Academia do Samba não tem mais relação com o Fica Ahi. Das quermesses e festivais, só restam fotos nas paredes de um dos espaços da entrada do prédio. 

O local pelo qual já passou Ângela Maria, Leci Brandão e outros artistas representantes da negritude brasileira abriga também a única biblioteca de literatura exclusivamente negra no país. A Biblioteca Negra de Pelotas abriga cerca de 400 títulos adquiridos por doações. "O professor Uruguay Cortazzo sentiu falta da bibliografia negra e adquiriu os primeiros exemplares para trabalhar no grupo de estudos negros da Universidade Federal de Pelotas, o Sangoma", explica a professora de História Maria Tereza Barbosa. 

24 de Agosto
Primeiro clube de integração entre brancos e negros nasceu em Jaguarão 
Cerca de 140 quilômetros de distância do Fica Ahi, na cidade de Jaguarão, outro clube é marco de resistência da cultura negra no estado. Com 95 anos, o 24 de Agosto leva o nome da data de sua fundação, no ano de 1918. O número 24 também simboliza a quantidade de homens que iniciaram encontros para socializar na no século em que a discriminação racial fazia uma radical segregação na cidade. "Só os brancos iam para os clubes socializar. Negros e pobres não podiam. Então, 24 homens começaram a se encontrar e decidiram fundar um clube", conta o atual presidente, Nei Madruga. 

O que poderia ser uma revanche foi o maior gesto de pacificação da época. Quando abriu as portas como clube social, o 24 de Agosto passou a ser o primeiro local de integração entre brancos e negros. "Tínhamos um verdadeiro apartheid aqui. Mas acreditamos que é importante a presença das duas raças, até para sobrevivência do clube. Não vivemos apenas da economia dos negros", ressalta seu Madruga. 

Os dois clubes negreiros situados na metade sul do estado foram contemplados no edital de pontos de cultura do Governo estadual e receberão recursos da Secretaria Estadual de Cultura. Ambos tombados como patrimônio histórico imaterial, os espaços serão restaurados e poderão preservar a cultura dos afrodescendentes do sul do país. 

"Dos 82 pontos de cultura do último edital, quatro são clubes negros. Temos também pontos de cultura em assentamentos, comunidades indígenas, locais de hip hop, enfim, queremos valorizar a diversidade do nosso estado", diz o secretário estadual adjunto de Cultura, Jeferson Assumção. 
Um total de R$ 18 milhões está sendo investido nesta etapa. Em outubro, haverá abertura de novo edital para mais 72 pontos de cultura no estado. "O mais importante não é o recurso para reforma dos prédios, é a preservação do bem imaterial para o estado. No caso do 24 de Agosto, ele ia ser vendido para ser um supermercado por falta de dinheiro. Nós intervimos junto com a prefeitura para que isso não ocorresse", relata Assumção. 

"Se fecham estes locais, a gente cai no esquecimento. Precisamos de mais pessoas da sociedade se envolvendo com nossas raízes, pessoas jovens que são descendentes destas agremiações", afirma o presidente do 24 de Agosto, Nei Madruga, ao lembrar que pessoas lutaram há 95 anos para erguer este patrimônio. Segundo ele, preservá-lo elevará a cidade. "Hoje somos reconhecidos como patrimônio histórico. Isto é muito importante", avalia.

O incentivo do estado irá contribuir para sanar o déficit cultural sobre a cultura negra no Rio Grande do Sul, acredita a produtora cultural pelotense Nailê Machado. "A sociedade hoje está modificada. O negro não se vincula mais ao clube e temos dificuldades dentro do movimento social negro. Para sobrevivermos temos que ter projetos que tragam a comunidade para dentro da cultura negra que seja algo além do samba, pagode, hip hop, rap, nós temos vários outros tipos de cultura que convivemos de forma mais aberta hoje. O governo do estado acredita neste nosso projeto. Não teríamos uma luz no fim do túnel se o estado não enxergasse o valor da baixa cultura e da cultura afro", defende.


Apoio
O ponto de cultura Fica Ahi receberá R$ 180 mil do Governo do Estado e promoverá oficinas de capoeira e dança afro, pintura, contação de histórias, artesanato, desenho, confecção de máscaras africanas, edição de vídeos, fotografias, percussão, construção de sopapo, economia criativa, sustentabilidade e captação de recursos.Também serão realizados encontros e cortejos com mestres griôs, formações, debates e ciclo de leituras a partir das reflexões de autores negros. Já o Clube 24 de Agosto prevê oficinas de dança, capoeira, culinária afro, oficina de horta e música. O projeto também trabalhará com rodas de memória, contação de histórias e atividades cineclubistas. 

"Hoje o poder público está dando importância para nossa cultura e isso fortalece a nossa resistência. Um clube social é importante para preservação das raízes do povo e preservação da história. Como diz o nosso hino: ‘povo sem história acaba por ser escravo', avalia Nei Madruga. 

Texto: Rachel Duarte

Pesquisa mostra perfil e situação dos Empresários Negros no Brasil - 2013

Sebrae Nacional lançou estudo sobre empresário/as negro/as no Brasil. No documento, encontram-se o perfil, a situação e dados estatísticos que envolvem o empreendedorismo negro no Brasil. 

A pesquisa mostra dados interessantes como a de que no Distrito Federal existem mais empreendedores/as negro/as que brancos. Entretanto, não significa que quando são analisados dados desagregados, as condições deste/as empreendedores/as sejam melhores. 

Não é novidade que "povo preto" seja empreendedor por natureza, os quatro séculos de escravidão e mais a discriminação e preconceito no mercado de trabalham atestam que a criatividade deve ser fundamental para a sobrevivência. Entretanto, cabe indagar em que condições foram possibilitadas para que estas pessoas possam empreender? Um belo debate.

Pesquisa: http://afrolatinas.com.br/wp-content/uploads/2013/06/os_donos_de_neg_cio_no_brasil_an_lise_por_raca_cor.pdf.

Fonte: http://monicaaguiarsouza.blogspot.com.br
            Instituto Búzios 

Tomara que a moda pegue: A paz vigiada no Lins

Por Luiz Baltar, Naldinho Lourenço, Ratão Diniz e Vitor Madeira.
Fotos: Luiz Baltar, Naldinho Lourenço, Ratão Diniz e Vitor Madeira.

Policias e guardas municipais controlam tranquilamente o trânsito nas entradas do Complexo do Lins de Vasconcelos, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro. Moradores do bairro exaltam o sumiço dos “cracudos” da região e aguardam nos portões e janelas dos seus prédios a chegada do BOPE e dos blindados da Marinha. Esse é o cenário que encontramos na madrugada do dia 6 de outubro, horas antes da implantação das  35º e 36º UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) pelo Governo do Estado. Mas subindo as íngremes escadas até o alto da comunidade Árvore Seca, percebemos que o clima ali é outro. Para os 40 mil moradores das 13 favelas, a operação de guerra montada e a ocupação militar, vão alterar profundamente o cotidiano das famílias, o direito de ir e vir e até mesmo o lazer.
Resolvemos fazer essa documentação atendendo ao chamado da Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência, que juntamente com a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, as Comissões de Direitos Humanos e de Segurança Pública da Ordem de Advogados do Brasil (seção RJ), advogados do Grupo Habeas Corpus, Favela Não Se cala e ativistas de diversas mídias alternativas, organizaram um mutirão de acompanhamento da nova UPP no Complexo do Lins. O objetivo era coibir possíveis violações de direitos, abusos e violências que já vinham ocorrendo nessas comunidades desde o início do ano, em seguidas operações policiais, e que se intensificaram no último mês.
Pelo que presenciamos nos morros da Árvore Seca, Cachoeira Grande e Do Amor, as nossas câmeras não só intimidaram os polícias, nas ações de revista das casas, como também tranquilizaram os moradores que nos diziam, quase agradecendo, que longe da nossa presença a abordagem seria outra.

Banquete Poético na Biblioteca Parque da Rocinha

O escritor Joilson Pinheiro recebe, neste sábado, 12 de outubro, artistas para um banquete poético no C4 Biblioteca Parque da Rocinha. O tema desta edição especial é atualíssimo (infelizmente): a Ditadura. 

Na discussão, que começa às 13h, Cecília Boal; o presidente da Comissão da Verdade, Wadih Damous; o professor da Uerj, Ricardo Rezende; e, a socióloga e pesquisadora sobre as questões da violência do estado, Julita Lemgruber.

A Produção Cultural C4/Biblioteca Parque da Rocinha está localizado na Estrada da Gávea, 454, Rocinha. Mais informações na Superintendência da Leitura e do Conhecimento pelos telefones 2334-7096 e 2334-7097/2334-7098.

Abertas inscrições ao Prêmio Direitos Humanos 2013

Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) abriu nesta quinta-feira (13) as inscrições para sugestões ao Prêmio Direitos Humanos 2013 - 19ª Edição. O Prêmio consiste na mais alta condecoração do governo brasileiro a pessoas físicas ou jurídicas que desenvolvam ações de destaque na área dos Direitos Humanos.
O formulário de indicações/inscrição poderá ser preenchido por pessoas físicas ou jurídicas, no portal da SDH/PR, até o dia 27 de outubro de 2013 e enviado para o endereço eletrônico: premio@sdh.gov.br. Os vencedores serão conhecidos em dezembro, mês em que é comemorada a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Para a seleção e a eleição dos agraciados são considerados critérios como o histórico de atuação na área dos direitos humanos, o desenvolvimento de ações relevantes e a implementação de práticas inovadoras em relação ao tema.
Este ano foram incorporadas três novas categorias de premiação: Segurança e Direitos Humanos; Cultura e Direitos Humanos; e Categoria Livre. Também foram reeditadas outras quatro modalidades de edições anteriores: Igualdade Racial; Igualdade de Gênero, Garantia dos Direitos dos Povos Indígenas; Cultura e Direitos Humanos. Outra novidade nesta edição é que serão aceitas auto-sugestões ao prêmio.

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Reverendo Jesse Jackson pede que os EUA suspendam embargo à Cuba

Jesse Jackson durante conferência 
climática em 18/09/2013
AFP/Arquivos-Joaquin Sarmiento
O reverendo norte-americano Jesse Jackson exigiu que Washington suspenda o embargo econômico que impõe à Cuba há meio século, ao participar de uma cerimônia religiosa em Havana, informou neste domingo a imprensa cubana.
"Devemos eliminar o bloqueio, a igreja deve lutar contra o bloqueio", declarou Jackson em uma cerimônia realizada no sábado à noite no templo batista Ebenezer do município de Marianao, no oeste de Havana, disse a agência cubana Prensa Latina.
Jackson pediu "para construir pontes entre os povos de ambos países", segundo a agência.
"As sanções de Washington contra a ilha caribenha restringem Internet, chamadas telefônicas e transporte, entre outros para Cuba e também para os cidadãos norte-americanos", acrescentou o religioso, de acordo com a agência cubana.
O religioso batista, defensor dos direitos civis, que faz sua terceira visita à ilha, também disse que os Estados Unidos e Cuba devem "reconectar as famílias de novo", segundo a televisão cubana.
O reverendo Raúl Suárez, diretor do Centro Memorial Martin Luther King de Havana, destacou que, desde sua primeira visita à ilha em 1984, Jackson levou a uma nova etapa nas relações entre as igrejas e o Estado comunista cubano, o que classificou como una "benção para nosso país".
Jackson anunciou no sábado, em Havana, que mediaria a libertação de um ex-militar norte-americano que está em poder da guerrilha colombiana das FARC desde julho.
"Aceitamos este dever e esta oportunidade para prestar um serviço ao senhor Kevin Scott, a sua família e a nossa nação também", disse Jackson durante sua visita à ilha durante três dias, após contar que se reuniu com os delegados das FARC que negociam em Havana um acordo de paz com o governo colombiano.
Fonte: Havana (AFP)

Em 76% das UPPs no Rio há denúncia contra algum policial

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

Todos os dias, ao acordar, o primeiro pensamento da dona de casa Edleide Lessa, 52, é: "Por que um policial matou meu filho?".

O ajudante de pedreiro Jackson Lessa dos Santos, 19, foi baleado na cabeça, em junho do ano passado, quando ia comprar biscoito, no morro do Fogueteiro, centro do Rio. Segundo os policiais, houve um confronto. A mãe nega e argumenta que o filho caminhava pelas vielas acompanhado de uma criança.

"Meu filho foi enterrado como bandido. Por quê? Bandido que trabalha todos os dias? Moramos no morro, mas não somos criminosos."
O tiro de fuzil foi disparado por um soldado com um ano de polícia. Ele integrava a UPP instalada em 2011.
Editoria de Arte/Folhapress
O principal programa da Secretaria de Segurança Pública do Rio já foi implantado em 33 favelas da capital.

Não há dúvidas de que as UPPs trouxeram progressos. Moradores readquiriram o direito de ir e vir pelas ruas de suas comunidades; o tráfico ostensivo desapareceu, assim como a exibição de armamentos pesados -eles ainda existem, mas de forma discreta.

Mas passados cinco anos do início do projeto, crescem denúncias de que policiais militares lotados nas UPPs se voltaram às práticas da chamada "velha polícia": são suspeitos de agressões, mortes e desaparecimentos.
Levantamento feito pela Folha a partir de relatos de moradores e documentos das polícias Civil e Militar mostra que há denúncias contra a atuação dos agentes em 25 das 33 UPPs (76% delas).

"Há necessidade de rever algumas práticas talvez ainda contaminadas por uma cultura antiga", afirmou o coronel Frederico Caldas, coordenador das UPPs.

A análise de dados de 18 das UPPs mostra que o número de homicídios caiu 68%, mas o de desaparecidos subiu 56% -nas demais, inauguradas há menos tempo, ainda não há dados suficientes para comparação.

São casos como o do pedreiro Amarildo de Souza, 43, desaparecido desde 14 de julho da favela da Rocinha.
"Antes os desaparecimentos não eram relatados porque havia o tráfico de drogas nessas comunidades. E não dá para associar o desaparecimento à morte e nem à polícia", afirma Caldas.

Um ano antes da inauguração da UPP, a Cidade de Deus registrou 18 desaparecidos; um ano depois, em 2010, o total subiu para 49. Em 2011 sumiram 22 pessoas.

Especialistas dizem que o problema não são as UPPs, mas a atuação de alguns PMs.
"Os policiais parecem estar substituindo os autos de resistência [mortes que ocorrem durante confronto com a polícia] pelo desaparecimento de pessoas", afirma Margarida Pressburger, representante brasileira na Comissão Contra a Tortura da ONU.

"O que não pode é o comandante da UPP regular os conflitos no morro como se fosse dono do lugar", diz Jaílson de Souza, do Observatório de Favelas. "Não queremos voltar ao período pré-UPP. Mas é preciso cuidar do treinamento desses policiais", diz Felipe Santa Cruz, presidente da OAB-RJ.

Fonte: Folha de São Paulo

Crianças do RN perdem as digitais na quebra da castanha de caju...

Meninos e meninas têm as mãos queimadas por ácido e perdem as digitais dos dedos no processo de quebra da castanha de caju. Mesmo após denúncias, o problema persiste no Rio Grande do Norte.

Passado um primeiro momento de grande arrancada na prevenção e eliminação do trabalho infantil no Brasil, do início dos anos 1990 a meados dos anos 2000, o país enfrenta um novo desafio para manter o ritmo de queda. Enquanto a primeira fase foi marcada pela retirada de crianças e adolescentes das cadeias formais de trabalho, o novo desafio são as piores formas de exploração, como o processamento da castanha, que o poder público tem mais dificuldade de erradicar. O trabalho informal e precário atinge especialmente os adolescentes e jovens e está relacionado à evasão escolar e à falta de alternativas oferecidas pelo mercado. A erradicação requer um plano com ações, metas e indicadores. E uma ação política coordenada.

Muitos leitores ficam irritados quando conectamos trabalho infantil ou escravo ao nosso consumo, o que significa nos inserir como parte beneficiária da cadeia de escoamento. Pois não deveriam. Não é culpa que se busca com a transparência da origem dos produtos que consumimos, mas essa informação é fundamental para pressionar governos e empresas a adotarem políticas a fim de garantir que isso não aconteça. Afinal de contas, a ignorância é um lugar quentinho. 

Com a pele cada vez mais lisa, as pontas dos dedos
perdem as digitais, e as linhas e traços de identidade
se esfacelam (Fotos Daniel Santini/Repórter Brasil)
A reportagem é de Daniel Santini, da Repórter Brasil, que foi a João Camara, no Rio Grande do Norte, verificar as condições das crianças que perdem as digitais no processamento da castanha:

Olhe a ponta do seu dedo. Repare no conjunto minúsculo de linhas que formam sua identidade. Essa combinação é única, um padrão só seu, que não se repete. As crianças que trabalham na quebra da castanha do caju em João Câmara, no interior do Rio Grande do Norte, não têm digitais. A pele das mãos é fininha e a ponta dos dedos, que costumam segurar as castanhas a serem quebradas, é lisa, sem as ranhuras que ficam marcadas a tinta nos documentos de identidade.
O óleo presente na casca da castanha de caju é ácido. Mais conhecido como LCC (Líquido da Castanha de Caju), esse líquido melado que gruda na pele e é difícil de tirar tem em sua composição ácido anacárdico, que corrói a pele, provoca irritações e queimaduras químicas. No vilarejo Amarelão, na zona rural de João Câmara, as castanhas são torradas – além de corroer a pele, o óleo é inflamável – e quebradas em um sistema de produção que envolve famílias inteiras, incluindo as crianças.

O óleo é pegajoso. Basta pegar uma castanha e quebrá-la para ficar com a pele manchada por alguns dias. Nem todas as crianças e os adultos que trabalham no processo sabem que o óleo é ácido. Muitos acham que a mão fica assim machucada por conta da água sanitária utilizada para tirar o preto encardido da mão depois de horas seguidas manuseando e quebrando as castanhas torradas. “Se fosse assim, as pessoas que usam água sanitária para limpeza estariam roubadas! É o óleo LCC que tem uma ação irritante, ele é cáustico, produz lesões e chega a retirar as digitais”, explica o médico Salim Amed Ali, autor de diferentes estudos sobre doenças ocupacionais para a Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), do Ministério do Trabalho e Emprego. A perda da identidade não é permanente. Com o tempo, as digitais voltam se a pessoa se afastar da atividade.
Sobrevivência - O médico fez pesquisas específicas sobre a saúde de trabalhadores de unidades industriais de processamento de castanhas de caju e diz que a atividade pode ser considerada insalubre. No caso em questão, em que a produção é totalmente artesanal e as famílias dependem do trabalho para sobreviver, ele destaca quão contraditória é a situação. “A subsistência está calcada em condições de trabalho inviáveis. Para viver, o sujeito precisa se submeter a condições inaceitáveis e as crianças acabam sacrificadas. Não dá para aceitar isso em pleno século 21”, afirma.
Os trabalhos começam cedo, devido ao calor do sertão nordestino;
ao meio-dia, o sol é muito forte para prosseguir
Um menino e uma adolescente se revezando ao redor da mesa. A garota é quem cuida do fogo, alimenta a lata improvisada com cascas de castanha e controla as labaredas espirrando água com uma garrafinha. A fumaça sobe e cobre seu rosto. Um cachorro dorme perto do fogo. Eles estão nessa atividade desde a madrugada, começaram às 3 horas. É preciso começar cedo, no sol do sertão nordestino, não dá para continuar com o calor de meio-dia.

Os trabalhos começam cedo, devido ao calor do sertão nordestino; ao meio-dia, o sol é muito forte para prosseguir.
O garoto tem 13 anos e, assim como a irmã, cursou até a quarta série do ensino fundamental mas tem dificuldades para ler e escrever. Largou a escola na quinta série porque teria de viajar uma hora de ônibus para ir até uma que atende alunos mais velhos, localizada na área urbana de João Câmara – trabalhar e estudar ao mesmo tempo já é difícil quando a escola é perto; quando não há escolas perto, impossível. Ele quebra as castanhas com agilidade, seus dedos fininhos seguram, selecionam e escapam das pancadas duras.

São poucas as palavras, ambos trabalham em silêncio e as respostas são curtas. Na mesa vizinha, os mais velhos reclamam da falta de água – a que a prefeitura tem entregue para abastecer as cisternas do bairro é salobra. “Dá dor de barriga e aí a gente tem de comprar água de garrafa, vê se pode”, conta uma mulher de 63 anos, que já passou fome e acha melhor que as crianças trabalhem com castanhas do que colhendo algodão ou roçando pasto para o gado, atividades que exerceu quando criança
Meninas, meninos, pais, mães e famílias inteiras
se misturam para organizar a produção das castanhas

Em outra unidade de produção, uma família adapta o ritmo à existência de um recém-nascido. Uma adolescente, também de 15 anos, se reveza com o marido de 18 anos e sai, de tempos em tempos, para amamentar o bebê. “Eu lavo as mãos bem antes de pegá-lo, para não sujá-lo”, conta a mãe, antes de fazer uma pausa às 4 horas. 

O trabalho costuma ir até as 11 horas e, à tarde, todos trabalham tirando a pele fininha.
O emprego de crianças na quebra da castanha de caju está incluído na lista de piores formas de trabalho infantil, ao lado de atividades como beneficiamento do fumo, do sisal e da cana-de-açúcar. 

A situação a que estão submetidas as crianças de João Câmara (RN) não chega a ser novidade. A auditora fiscal do trabalho Marinalva Cardoso Dantas, coordenadora do Fórum Estadual de Erradicação do Trabalho da Criança e de Proteção ao Adolescente Trabalhador, tem realizado sucessivas ações de fiscalização, denunciado a situação e cobrado soluções. “Não dá para aceitar que as crianças continuem nessa situação, mas não basta reprimir, é preciso oferecer alternativas”.
Além de identificar as crianças e reunir informações para relatório a ser entregue ao Conselho Tutelar da cidade, ela também tem procurado cobrar providências por parte da prefeitura sobre a situação das famílias. 

Os programas sociais são considerados insuficientes pelos moradores, que reclamam da atuação do poder público. “Sabemos do que está acontecendo, mas até agora não conseguimos avançar”, admite Maria 
Redivan Rodrigues, secretária de Assistência Social e primeira-dama de João Câmara, que promete solucionar o problema em um ano, até setembro de 2014. O Brasil se comprometeu a erradicar as piores formas de trabalho infantil até 2015, mas, mesmo com denúncias, situações com a de João Câmara persistem.
Em 24 de fevereiro de 2012, o promotor Roger de Melo Rodrigues, do Ministério Público Estadual, abriu o Inquérito Civil nº 06.2012.00003777-7 após denúncias. “Ele disse que ia processar as famílias, tentou proibir as pessoas de trabalhar, deixou todo mundo apavorado. Foi muito ruim”, diz Ivoneide Campos, presidente da Associação Comunitária do Amarelão. “A fumaça faz mal, a gente sabe, mas as famílias não querem mudar o método com que sempre trabalharam. E não adianta forçar, tem de transformar em querer, ajudar na busca de alternativas”, defende.
Procurado para comentar a reclamação, o promotor negou, em nota, que sua atuação tem sido meramente repressiva. Ele diz que “os problemas relacionados à queima de castanha, tais como impacto ambiental, danos à saúde dos moradores e trabalho infantil, não têm passado desapercebidos do Ministério Público Estadual” e que “em vez de buscar a repressão de delitos relacionados ao caso, esta Promotoria tem priorizado o diálogo com a respectiva comunidade, já havendo sido realizadas duas reuniões no local com todos os interessados e representantes de órgãos municipais, estaduais e federais, objetivando a construção de um consenso para solucionar o caso”.
Assim que as castanhas estão
 torradas, as mãos se levantam; pancadas
quebram uma noz, depois outra e outra, e outra
O promotor reclama, porém, que embora “busque uma resposta adequada e legítima aos problemas, tem enfrentado alguma resistência relacionada ao costume já enraizado, da parte de algumas famílias locais, de proceder à queima de castanhas ao alvedrio dos respectivos danos decorrentes, o que não impedirá uma atuação isenta e efetiva para a resolução do caso”.
Potiguar - Entre as famílias que dependem do processamento de castanhas de caju para sobreviver estão as de um assentamento localizado na região de índios Potiguar, um dos poucos núcleos remanescentes dessa etnia que no passado povoou o estado inteiro. Os ganhos são mínimos. A castanha crua é comprada de pequenos produtores da região de Serra do Mel. Um saco de 50 kg rende, em média, 10 kg de castanha processada. As famílias contam que ganham de R$ 30 a R$ 100 por semana, vendendo a produção a intermediários que revendem em feiras e mercados de cidades.
O óleo se esparrama em torno das unhas,
pela ponta dos dedos e, quando se vê,
as mãos inteiras já estão cheias de ácido

“Tentamos identificar quem lucra com isso, mas é um sistema muito primitivo. As indústrias organizaram a produção e estão processando diretamente as castanhas, não identificamos nenhuma envolvida. Os intermediários são pequenos comerciantes que adquirem o produto diretamente com as famílias”, explica o auditor fiscal José Roberto Moreira da Silva.

Criatividade na busca por soluções para as famílias não falta. Nilson Caetano Bezerra, do Fórum Estadual de Erradicação do Trabalho da Criança e de Proteção ao Adolescente Trabalhador Aprendiz, por exemplo, sonha em fazer parcerias com as empresas de produção de energia eólica, que fazem multiplicar o número de torres de geração na região, para empregar adolescentes como aprendizes. E em providenciar máquinas para que os adultos não tenham de manusear as castanhas torradas. Experiências com mecanização já aconteceram, mas o descasque manual ainda é o preferido porque a taxa de desperdício é menor.
Mesmo que já exista formas de produção mecanizadas, ainda há 
preferência pelas técnicas manuais, que seriam mais produtivas
Em fevereiro, o juiz Arnaldo José Duarte do Amaral, titular da 9ª Vara do Trabalho de João Pessoa, visitou a comunidade e também encontrou as crianças trabalhando na produção de castanhas. Ele escreveu um artigo sobre a questão e, desde então, tenta articular soluções e envolver mais interessados em resolver o problema. “Quando estive lá como juiz, me perguntavam se ia prender alguém. Não é esse o papel do judiciário, o objetivo não é prender ninguém, é achar solução”, diz, defendendo a formação de cooperativas e mecanismos de economia solidária como o melhor caminho para erradicar o trabalho infantil e melhorar a condição de trabalho dos adultos. “A gente tenta corrigir essas questões há séculos, sem sucesso. Não bastam ações repressivas, que vão além de tentar punir.”
(Reportagem produzida em parceria com Promenino/Fundação Telefônica Vivo, e publicada também no site Promenino, que reúne mais informações sobre combate ao trabalho infantil)