Momentos ímpares mancham a imagem da Câmara Federal, na realidade, há manchas seculares naqueles espaços nada aconchegantes para a população brasileira e muito menos para o voto dos eleitores - que por sinal, não anda fazendo seu dever de casa direito, há que haver mais cuidado com o voto...
Mas voltando, às pinceladas de péssimo gosto... As cenas dantescas foram propiciadas pelos deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) e Marco Feliciano (PSC-SP). O primeiro agrediu ativistas do movimento negro: "Voltem para o zoológico"; e o segundo se diz vítima de "cristofobia". E a confusão era sobre a eleição do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, restrita apenas para deputados, servidores e imprensa. A comissão tem 18 membros, cinco são do Partido Social Cristão (PSC) e outros seis são da bancada evangélica.
Manifestantes não puderam acompanhar a sessão. Ao chegar, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) discutiu com os manifestantes. “Voltem para o zoológico”, declarou a um grupo de militantes do movimento negro.
Marco Feliciano (PSC-SP) chegou à sessão vaiado, sendo chamado de homofóbico e racista. O presidente da Comissão, Domingos Dutra chorou por causa da restrição à entrada de manifestantes e gritou “ditadura”. Deputados do PSC reclamaram da atitude de Dutra, “o senhor envergonha esta Casa”, exclamaram.
Eleição de Marco Feliciano foi marcada por vários protestos
Após dois dias de intenso debate, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara elegeu, por 11 votos, o deputado Pastor Marco Feliciano (PSC-SP) como seu novo presidente. Houve um voto em branco. A votação foi marcada por protestos de parlamentares ligados à defesa dos direitos humanos, que acusam Feliciano de ter dado declarações racistas e homofóbicas.
Declarado eleito, Feliciano mencionou o apoio da família sobre as acusações de racismo e homofobia, e fez um relato sobre o dia em que sua esposa, ainda gestante, perdeu o filho depois de “quatro dias na fila do hospital”. “Se eu tivesse praticado o crime de racismo, a primeira pessoa a quem eu teria de pedir desculpa é a minha mãe. Ela não tem a pele negra, mas o cabelo é negro, os olhos são negros, a coração é negro. Como eu também sou”, disse o deputado, que lembrou ter procurado o deputado Jean Wyllys (Psol-SP), um dos principais opositores de sua indicação, para convencê-lo de que é “um cristão moderado”. Em entrevista ao Congresso em Foco, na semana passada, ele disse ser vítima de “cristofobia“.
A renúncia de Domingos foi resultado, entre outras razões, da ordem do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), de proibir no dia 6, a entrada de pessoas e manifestantes que desejassem acompanhar a eleição.