Matéria
publicada em jornal francês, 07/07/2012, destaca a "urbanização" de
favelas do Rio de Janeiro.
RFI

Teleférico que
atravessa o
Complexo do Alemão.
A.Gasnier/RFI
"No Rio de Janeiro, as favelas têm cara nova", anuncia
matéria do La
Croix desta
sexta-feira. O texto assinado pelo enviado especial Steve Carpentier parte do
já famoso passeio de teleférico pelo Morro Dona Marta e vai parar no problema
do déficit habitacional. Em duas páginas, o diário católico aponta o
crescimento do turismo no "Alto Rio" (aquele que se empoleira nas
montanhas) e de sua relação com as UPPs, as Unidades de Polícia Pacificadora.
"Situada no alto da favela", escreve
o repórter, "a delegacia de polícia provocou a fuga dos traficantes de
drogas e acabou com as trocas de tiros entre gangues rivais. A antiga escola
transformada em base policial, outrora desfigurada pelos impactos de balas de
grosso calibre, não passa de uma lembrança ruim". Mas o Dona Marta é uma
exceção, como aponta discretamente a reportagem ao descrevê-lo como um
"laboratório de testes de programas de revitalização urbana e de
infra-estrutura pública, principalmente de saúde e educação".
Mais incisivo é o entrevistado Aurélio Fernandes, da Federação
das associações de favelas do Estado do Rio de Janeiro. Para ele, todos os
trabalhos no Dona Marta, em Manguinhos, na Cidade de Deus, no Morro do Alemão
"operações pontuais de maquiagem destinadas simplesmente a fins
eleitorais, pois não existe real vontade política de transformar as favelas em
bairros de verdade. Se as condições de vida melhoraram, foi graças à iniciativa
dos moradores que investiram seu próprio dinheiro na renovação de suas casas e
não pela vontade dos programas públicos".
Carpentier aponta um programa público que pode
mudar essa perspectiva, o "Morar Carioca", que promete investir mais
de R$ 1,2 bilhão e contratar 40 escritórios de arquitetura daqui a 2020 para
urbanizar o conjunto das favelas da cidade. "Um projeto titânico",
escreve. Mas recorre a um professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro) para mostrar que para tudo, há contrapartidas. Se a Copa do Mundo de
2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 geraram a motivação pública de atacar o
problema da educação, eles também podem impactar e muito a vida dos cariocas.
De acordo com a organização esquerdista Conselho Popular, 150 mil pessoas
correm risco de ser desabrigadas ou realocadas. Nem é preciso dizer: são todos
moradores de favelas.
Fonte: http://www.portugues.rfi.fr/brasil/20120907-urbanizacao-de-favelas-do-rio-e-destaque-em-jornal-frances e
colaboradores do Fórum Manguinhos
Matéria
publicada em jornal francês, 07/07/2012, destaca a "urbanização" de
favelas do Rio de Janeiro.
RFI
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Teleférico que
atravessa o
Complexo do Alemão.
A.Gasnier/RFI
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"No Rio de Janeiro, as favelas têm cara nova", anuncia
matéria do La
Croix desta
sexta-feira. O texto assinado pelo enviado especial Steve Carpentier parte do
já famoso passeio de teleférico pelo Morro Dona Marta e vai parar no problema
do déficit habitacional. Em duas páginas, o diário católico aponta o
crescimento do turismo no "Alto Rio" (aquele que se empoleira nas
montanhas) e de sua relação com as UPPs, as Unidades de Polícia Pacificadora.
"Situada no alto da favela", escreve
o repórter, "a delegacia de polícia provocou a fuga dos traficantes de
drogas e acabou com as trocas de tiros entre gangues rivais. A antiga escola
transformada em base policial, outrora desfigurada pelos impactos de balas de
grosso calibre, não passa de uma lembrança ruim". Mas o Dona Marta é uma
exceção, como aponta discretamente a reportagem ao descrevê-lo como um
"laboratório de testes de programas de revitalização urbana e de
infra-estrutura pública, principalmente de saúde e educação".
Mais incisivo é o entrevistado Aurélio Fernandes, da Federação
das associações de favelas do Estado do Rio de Janeiro. Para ele, todos os
trabalhos no Dona Marta, em Manguinhos, na Cidade de Deus, no Morro do Alemão
"operações pontuais de maquiagem destinadas simplesmente a fins
eleitorais, pois não existe real vontade política de transformar as favelas em
bairros de verdade. Se as condições de vida melhoraram, foi graças à iniciativa
dos moradores que investiram seu próprio dinheiro na renovação de suas casas e
não pela vontade dos programas públicos".
Carpentier aponta um programa público que pode
mudar essa perspectiva, o "Morar Carioca", que promete investir mais
de R$ 1,2 bilhão e contratar 40 escritórios de arquitetura daqui a 2020 para
urbanizar o conjunto das favelas da cidade. "Um projeto titânico",
escreve. Mas recorre a um professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro) para mostrar que para tudo, há contrapartidas. Se a Copa do Mundo de
2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 geraram a motivação pública de atacar o
problema da educação, eles também podem impactar e muito a vida dos cariocas.
De acordo com a organização esquerdista Conselho Popular, 150 mil pessoas
correm risco de ser desabrigadas ou realocadas. Nem é preciso dizer: são todos
moradores de favelas.
Fonte: http://www.portugues.rfi.
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