sexta-feira, 17 de maio de 2013

As Histórias de Manguinhos e a Formação na Ação


Num encontro amistoso, dia 26 de abril, o Capitão Marcelo da Silva Martins, comandante da Unidade de Polícia Pacificadora de Manguinhos, recebeu a “Maleta de Trabalho: Reconhecendo Manguinhos” do Laboratório Territorial de Manguinhos (LTM) da Fiocruz. A proposta, segundo Fátima Pivetta, da coordenação do LTM e pesquisadora da ENSP, é contribuir para que instituições da Segurança Pública, como a UPP e seus profissionais militares, conheçam melhor o território onde atuam, bem como despertar o interesse pelas ideias da promoção da saúde, que muito podem auxiliar tanto na formação quanto na ação desses policiais.

Esta iniciativa é parte do processo de compartilhamento da produção de conhecimento do LTM sobre este território com moradores, organizações coletivas, ONGs, associações, bem como instituições. O objetivo maior do Laboratório é a contribuição para os processos de formação e fortalecimento das ações de promoção da saúde e da justiça ambiental dos atores sociais de Manguinhos, a partir da análise dos modos de produção da saúde e da doença através dos conteúdos e materiais da Maleta.  

A Maleta de Trabalho contém materiais sobre as histórias de Manguinhos no formato de documentários, cordel, relato fotográfico sobre o PAC, entre outros.

Raio X de Manguinhos - O comandante Marcelo falou das dificuldades de conhecer Manguinhos, um território bastante complexo pela diversidade de comunidades com características próprias, e que só agora, após quatro meses de implantação da UPP eles estão mais integrados ao lugar.  

Para ele o material da Maleta é muito importante para que possam conhecer as histórias do território. Uma das promessas feitas foi a exibição seguido de debate do documentário “Manguinhos: histórias de pessoas e lugares” para os policiais. Outro documento a ser disponibilizado para o acervo da UPP é o livro “Histórias de Pessoas e Lugares: memórias das comunidades de Manguinhos”, de autoria de Tânia Fernandes e Renato Gama-Rosa da Costa, nossos parceiros da Casa de Oswaldo Cruz.

De acordo com o comandante Marcelo, o contingente da UPP é de 566 policiais militares; destes, somente 10% são experientes e, apenas seis conhecem Manguinhos. A maioria é jovem, recém-formada e em início de carreira. 
2a UPP/22º BPM - Devido a grande extensão territorial para um comando, será implantada uma UPP no Arará. O DSUP, que não integra à UPP Manguinhos, por ser uma área planejada não é considerado como categoria subnormal ou precária pela Prefeitura. Entretanto, para que possam ter maior controle na segurança local, há solicitação de inclusão do DSUP como sua responsabilidade. Já a comunidade dos Ex-Combatentes integra a UPP por ser considerada subnormal pela Prefeitura.
Localidades atendidas - Manguinhos, Vila Turismo, Parque João Goulart, Parque Carlos Chagas (Varginha), Parque Oswaldo Cruz (Amorim), CHP2 (Vila União), Conjunto Nelson Mandela, Higienópolis, Vila São Pedro, Vitória de Manguinhos (Cobal) e Arará.
Ares Diferentes - O comandante Marcelo observa a existência de certa diferença de postura entre os moradores da Vila Turismo e o restante do território. Para ele, existem dois pontos dentro dessa comunidade onde há resistência à presença deles: um na Rua Fiscal Monteiro e o outro na Praça da Associação de Moradores. Ele ressaltou que tudo muda ao cruzarem a Estrada de Manguinhos onde a hostilidade é clara.

Possíveis Diálogos – No planejamento do comando da UPP, prevê-se a organização de encontros ou fóruns mensais com moradores, com o objetivo de ouvir e promover ações de melhoria tanto das relações dos policiais com os moradores quanto de ampliar a contribuição da UPP para a melhoria do território.

Depoimento de uma moradora de favela acerca das incertezas desses moradores com relação aos seus futuros frente às políticas públicas, em particular as UPPs:

Penso que esse processo ainda tem muita estrada a percorrer: isso se passar de 2016; e, muito à amadurecer. Nós moradores não nos sentimos totalmente à vontade em nos dirigirmos a um policial no meio da favela. Não sabemos que olhos nos veem e o que isso pode representar para nossa segurança. Já fomos muito maltratados por marginais e por policiais: ainda não dá pra confiar... Só o tempo e as boas ações da polícia poderão modificar essa relação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário