quarta-feira, 26 de junho de 2013

Jovens se unem contra ilegalidades policiais

Por Fransérgio Goulart, do Conselho Nacional de Juventude.

De onde vem que as “juventudes” de favelas não são organizadas? Ainda hoje, o debate sobre juventudes organizadas ou não organizadas faz parte dos movimentos sociais, ONGs e universidades. Quase sempre, o predomínio sobre as juventudes de favelas validadas pelo senso comum da sociedade é que não são organizadas. E por que trago esta contextualização inicial?

Para compartilhar minha opinião sobre os jovens de Manguinhos, a partir de observações e diálogos com eles que vêm, sim, se organizando em um território de exceção para enfrentar uma das violações cotidianas: a violência da UPP.

Cotidianamente ouvimos e vemos jovens de Manguinhos sendo abordados de forma abrupta que vem desrespeitar todos os marcos jurídicos dos Direitos Humanos. Policiais nestas abordagens violam a cultura local quando proíbem os jovens de ouvir funk em mais uma inovação da favela: os “pockets” rádios com potência de caixas de sons amplificadas. A forma de proibição vai desde solicitar com uso da força verbal para desligarem até a apreensão dos pockets.


E diante deste fato, as juventudes de Manguinhos, tidas como todas as outras juventudes moradoras de favelas como não organizadas, estabeleceram entre a “Rapaziada” uma estratégia de organização para enfrentar estas violações. Que estratégia é esta? Andar sempre em grupos de pelo menos cinco jovens. Isto pode ser visto cotidianamente principalmente no horário noturno. E como eles mesmos disseram, qual foi a sacação? Ao andar em grupo, cada jovem funciona como testemunha do outro, criando uma rede jovem local de proteção.


Conversando com alguns, estes apontaram que esta estratégia tem constrangido as abordagens fazendo com que a UPP respeite seus direitos. E toda esta organização parte das Juventudes de Manguinhos, que além de mostrar que são organizadas, entendem a “Solidariedade” como essência para o enfrentamento das violações deste Território de Exceção chamado de Favela de Manguinhos.

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