Os homicídios são, atualmente, a principal causa de morte de jovens brasileiros com idades entre 15 a 29 anos, e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Os dados do Ministério da Saúde revelam uma cruel realidade: em 2010, mais da metade (53,3%) dos 49.932 mortos por homicídios eram jovens, dos quais 76,6% negros (pretos e pardos) e 91,3% do sexo masculino.
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| Indianara Siqueira, da Marcha das Vadias, coordenou o GD Conservadorismo religioso e políticas públicas (estatuto do nascituro, comunidades terapêuticas, homofobia etc), no ENPOP. |
Os dados são duros para com os jovens, mas também para com suas famílias, muitas delas, acuadas pelo medo da morte iminente na busca por justiça. Como ocorreu com o caso do assassinato de Jackson Antônio Souza de Carvalho, 15 anos, nascido em Ilhéus e morto em Itacaré, Sul da Bahia. Ele foi executado, dia 26 de junho, com tiros de espingarda calibre 12 e enterrado de cabeça para baixo, num cemitério clandestino – ponto de desova de grupos de extermínio daquela região, que segundo ativistas locais, neste local já morreram mais de 20 jovens.
| Hamilton Borges, Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta, sentado ao lado de Débora Maria da Silva, Mães de Maio |
Jackson e sua família entraram para as estatísticas de violência contra jovens negros e ameaça aos familiares que exigem justiça, o combate às violações dos direitos humanos e a impunidade. Um dia após encontrarem o corpo do menor, seus familiares – num total de 11 membros, entre idosos, adultos, jovens e crianças – deixaram sua cidade natal, Itacaré, escoltadas pela polícia, após uma noite de pânico em que cinco homens fortemente armados ameaçaram aos gritos atirar nas casas vizinhas a casa onde rapaz morava com os pais. Seu pai, Tonny é ativista do movimento negro com forte atuação no município. Em função das ameaças, uma rede de proteção acolheu a família, que em pouco menos de um mês teve que se mudar pelo menos três vezes.
Esta rede de proteção foi construída com a parceria da Casa do Boneco com a Campanha Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta. Este e outros casos que entraram nas estatísticas de violência letal contra jovens negros foi tema debatido no ENPOP - Encontro Popular Sobre Segurança Pública e Direitos Humanos que aconteceu entre no último final de semana, 12 a 14, no Rio Comprido. O evento teve como objetivo articular movimentos sociais, organizações de direitos humanos e moradores de regiões impactadas por intervenções militares ou por grandes reformas urbanas.


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