segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Manguinhos na 17º Parada Gay


A 17a Parada Gay foi um sucesso! Cerca de um milhão de pessoas percorreram a orla de Copacabana no domingo, 18 de novembro, animadas pelos 13 trios elétricos que convocavam a população a repensar práticas discriminatórias, homofóbicas e violência crescentes. As palavras de ordem focavam direitos iguais ao de todos os cidadãos, defendendo que a população LGBTs - lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros - ainda integrantes de um grupo minorizado, tivessem assegurados direitos já garantidos em legislação federal que reprimem, entre outros crimes, a prática de injúria, difamação, lesão corporal e homicídio. 
A equipe de profissionais de saúde a
 postos para quaisquer eventualidades.

Também ao longo da orla marítima, várias tendas davam orientações jurídicas, prestavam  atendimento médico emergencial e para turistas. Uma das tendas chamava a atenção pela constante fila: a Sensation. Segundo a organização, a ideia era apresentar ao público uma das atrações da Expo Rainbow - primeira feira GLS brasileira que aconteceu entre os dias 15 e 19 no Espaço Ação e Cidadania. 
De Manguinhos, participaram 13 jovens que integram o projeto Manguinhos Diversidade, Cidadania e Saúde, coordenado por Marcelle Esteves e Cleber Vicente, da ONG Arco ìris. Quatro jovens lésbicas foram convidadas para trabalhar na Parada Gay distribuindo materiais informativos e depois acompanharem o cortejo no Trio Elétrico. Animadíssima com toda a experiência vivida, Sueli contou que também foram convidadas para irem a feira GLS. 
O jovem leopardo, Rubens
Junior, morador do
Mandela 2, preparou-se
especialmente para a ocasião

O aprendizado foi muito grande, disseram as moradoras da comunidade de Mandela 1, em Manguinhos, Sueli, Josenilda, Adriana Souza e Adriana (que concorreu ao Conselho Gestor Intersetorial do Teias - Escola Manguinhos, no segmento Grupos Minorizados). "Estou adorando tudo o que está acontecendo, e aprendendo muito, pois são muitas informações que não tínhamos conhecimento", salientou Adriana Souza. Na realidade, todos, em alguma medida, estamos aprendendo com quem já está na estrada há tempos e dialogando com quem sequer pensa em caminhar nesta seara, mas que precisa aprender a lidar com a diversidade.  

Cleber Vicente estava a postos para tirar quaisquer dúvidas, indicar onde o pessoal de Manguinhos se posicionaria nos trios elétricos, além de outras mil atividades. "Do Complexo de Manguinhos levamos oito meninos. Rubens e Diego, por exemplo, já haviam participado da parada, e os outros ainda não, e esta experiência foi fundamental, segundo eles, pois possibilitou que saíssem da restrição geográfica e também psicológica."


Cleber Vicente, ONG Arco Íris e
 projeto Entre Garotos em Manguinhos
O objetivo da Parada Gay, disse Cleber ao lembrar que cada versão tem um tema específico, é também fazer com que a cidade, e o Estado Brasileiro, além de ver, é refletir sobre políticas públicas. "É bacana  colocar que participar de uma parada é também desconstruir preconceitos. Muita coisa mudou desde a primeira versão da parada no Brasil, em 1995, no Rio de Janeiro. Não é à toa que temos uma coordenação da CEDES - Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual do Município do Rio de Janeiro - para pensar políticas públicas para esta população e a SuperDIR - Superintendência dos Direitos Individuais e Difusos no Estado do Rio de Janeiro - voltada para a população LGBT"."




O dia foi repleto de falas politizadas com o objetivo de conscientizar as pessoas a terem esperança de um dia melhor, sem preconceitos. No Trio Elétrico do Combate às Intolerâncias Religiosas, dirigentes espirituais defendiam o respeito e o amor, ressaltando que Deus não quer que irmãos discriminem irmãos. 

O presidente da Federação Muçulmana do Estado do Rio de Janeiro, Sheikh Ahmad afirmou que sua presença na manifestação era uma forma de dizer que não se abandonam os filhos devido sua opção sexual. "Nossos filhos e filhas são parte de nós, não podemos jogá-los fora. A intolerância e o radicalismo é a pior forma de demonstrar a ausência do verdadeiro amor que Deus tem", afirmou. Já Mãe Beata de Yemanjá, do Ilê Omi Oju Arô (Casa das Águas dos Olhos de Oxóssi), comunidade na qual é sacerdotisa suprema, pontuou que a presença dos religiosos era muito importante para valorizar a luta da população LGBT pelos seus direitos à cidadania. "Eles têm direito de zelar por suas reivindicações e opções religiosas e sexuais. Que saibam que Olorum e Obatalá não punem seus filhos, pois são todos obras deles, e estão aqui, agora, presentes, para dizer que não se abandonam os filhos, e me sinto responsável por passar esta consciência para os pais, pois sou Mãe também". 


As discussões envolvendo as violações dos direitos humanos no campo da legislação vêm sofrendo rounds penosos para o/as ativistas. Segundo Ione Lindgren, coordenadora Nacional e política da Articulação Brasileira de Lésbicas (ABL) - rede nacional de formação de novas lideranças lésbicas com foco nos direitos humanos, cidadania e saúde -, o Estado do Rio de Janeiro está vivenciando um verdadeiro retrocesso, o Tribunal de Justiça revogou a Lei 3.406 de 15/05/2000, de Carlos Minc, atual secretário estadual de Meio Ambiente, que punia estabelecimentos que discriminassem pessoas em virtude de sua orientação sexual. 
Esta lei foi declarada inconstitucional "em virtude de vício da iniciativa", ou seja, a autoria do projeto deveria ter sido do Executivo e não do Legislativo, com isso, a população LGBT se discriminada não terá amparo legal para exigir punição do estabelecimento comercial. 
Para Ione, a pressão foi da bancada evangélica, "agora teremos que voltar à estaca zero e refazer todo o processo", ou seja, projeto de lei, articulação, pressão junto aos parlamentares e opinião pública, enquanto os casos de homofobia e lesbofobia crescem em todo o território nacional.

O importante é não parar ante as dificuldades que se fazem presentes e outras que irão surgir. Lembrando as palavras de ordem, a luta é e deve ser de todos e todas pela superação dos preconceitos com olhos e corações abertos, em que devemos abrir a mente para o diálogo com a diversidade.








Grampola, de Niterói,
da comunidade Vila Ipiranga


 









Um comentário:

  1. ISSO TUDO FOI UMA FARÇA NENUM JOVEM GAY DE MANGUINHOS PARTICIPOU DESSA PARADA, E OUTRA CLAUDIO NASCIMENTO ODEIA E NAO APOIA O MOVIMENTO GAY DE MANGUINHOS

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