
A Declaração Universal é o reconhecimento de que as
liberdades e direitos fundamentais são inerentes a todos os seres humanos e se
aplicam igualmente a todos/as, ou seja: nascemos livres e iguais em dignidade e
em direitos. Dentre os princípios fundamentais dos Direitos Humanos, destacamos
o direito à igualdade e a não discriminação.
O Grupo Católicas pelo Direito de Decidir fizeram um edital alusivo a esta data que você poderá ler na íntegra clicando abaixo. Mas, só para ter um indício do que o grupo nos leva a refletir sobre a negação dos Direitos Sexuais e os Direitos Reprodutivos, cuja falta
impede o exercício de outros direitos fundamentais.
As mulheres e os direitos humanos no Brasil - Editorial do Dia
Internacional dos Direitos Humanos
No dia 10 de dezembro de cada ano se comemora o Dia
Internacional dos Direitos Humanos. Esse dia foi escolhido porque neste dia, em
1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou a Declaração Universal
dos Direitos Humanos (DUDH). A DUDH é o reconhecimento de que as
liberdades e direitos fundamentais são inerentes a todos os seres humanos e se
aplicam igualmente a todos/as, ou seja: nascemos livres e iguais em dignidade e
em direitos. Dentre os princípios fundamentais dos Direitos Humanos,
destacamos o direito à igualdade e a não discriminação.
No Brasil, as mulheres ainda estão apartadas de
alguns de seus direitos fundamentais, pois esses dois princípios – igualdade e
não discriminação - não são garantidos a elas nem pela sociedade e nem pelo
Estado. A desigualdade de gênero ainda mantém em altíssimo patamar a violência
contra as mulheres, o acesso ao trabalho e à renda não são iguais para homens e
mulheres, assim como são desiguais a autonomia e o direito ao próprio corpo e à
saúde.
Muitos DH são negados às mulheres em várias áreas
de suas vidas, como os Direitos Sexuais e os Direitos Reprodutivos, cuja falta
impede o exercício de outros direitos fundamentais. Isso se dá, entre outros
fatores, pela interferência indevida de grupos religiosos conservadores na
aprovação de leis e na implementação de políticas públicas, pois são
contrários, por exemplo, à legalização do aborto, aos direitos de pessoas
LGBTT e, até mesmo, ao direito à contracepção. Isso só ocorre porque o Brasil
deveria ser um Estado laico, mas na prática não o é. E pior: além de
tentarem impedir a conquista dos direitos das mulheres, esses grupos religiosos
e, em alguns casos, o governo tentam fazer retroceder os poucos direitos
que as mulheres conquistaram neste âmbito, pela apresentação de projetos como o
Estatuto do Nascituro e a Rede Cegonha, entre outros.
Como diz Vera Paiva, professora da USP e
coordenadora do NEPAIDS (Núcleo de Estudos para a Prevenção da AIDS), a Rede
Cegonha não é uma boa estratégia a ser celebrada, porque ao colocar o foco
apenas nas mães, deixa de fora "(...) a vulnerabilidade das meninas, das
mulheres na menopausa, das trabalhadoras do sexo, das homossexuais, entre
outros segmentos (...). Especialmente no governo da presidenta Dilma, esperava-se
que o marketing não superasse a evidência da pesquisa social, a mulher não
deixasse de ter corpo, ou de ser sujeita de direitos. Escolha emblemática, a
“Cegonha” é um signo estranho à cultura brasileira e reforça programaticamente
exclusivamente o papel da mulher como progenitora, enquanto apaga o corpo
feminino, seu corpo erótico e reprodutivo, já invisível nos esforços e
mensagens de prevenção centradas no preservativo masculino que, insistimos, não
é usado pela mulher. A mulher depende de ser valorizada como sujeito na
conversa com os parceiros sobre o preservativo. A escolha por apagar o corpo da
mulher, e deixar de priorizar o enfrentamento da homofobia e da epidemia [da
aids] entre homossexuais mais claramente, não supera a necessidade urgente de a
sexualidade ser abordada por políticas públicas de prevenção e cuidado*.” E
acrescentamos: a sexualidade deve urgentemente ser abordada como um direito
que, ainda hoje, as mulheres não têm.
Assim, nós, de Católicas
pelo Direito de Decidir, vimos a público mais uma vez para relembrar que, para
as mulheres, o dia 10 de dezembro não é um dia de celebração, mas mais um dia
de luta para conquistar seus direitos humanos recorrentemente negados. E
reivindicamos que as mulheres tenham seus DSDR garantidos não somente por leis
e políticas públicas, mas pela garantia de acesso a eles. Enquanto isso não
ocorrer, o Brasil continuará a violar a dignidade das mulheres, subtraindo
delas os direitos à igualdade e à não discriminação. Como está na DUDH:
dignidade é para todas e todos! Mas sem a garantia dos direitos das mulheres e
sem um Estado laico de fato - e não apenas de direito - os direitos
jamais serão humanos!
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