No dia 24 de novembro, o Programa de Redução da Violência Letal Contra Adolescentes e Jovens (PRVL) realizou o encontro do projeto Solos Culturais, entre solistas, articuladores e produtores. O objetivo foi avaliar e trocar as experiências do primeiro ano do projeto. O programa forma 100 jovens de diferentes territórios – Rocinha, Manguinhos, Penha, Cidade de Deus e Complexo do Alemão, em produtores culturais.
A proposta era que os próprios solistas falassem das dificuldades e surpresas que passaram ao longo desse ano. Os problemas, no geral, muito comuns de projetos: falta de investimento, dificuldade com prazo de entrega de trabalhos e dúvida de como deviam cuidar do dinheiro que recebiam.
O Programa de Redução da Violência Letal Contra Adolescentes e Jovens (PRVL) é uma iniciativa do Observatório de Favelas, realizada em conjunto com o UNICEF e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. O PRVL é desenvolvido em parceria com o Laboratório de Análise de Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj) e tem apoio institucional da Organização Intereclesiástica de Cooperação para o Desenvolvimento (ICCO).
Foto e matéria são de Victor Viana. Para ler a matéria na íntegra clique abaixo.
Para os jovens, uma das maiores dificuldades foi o convívio. A resposta foi unânime: a diversidade do grupo, a diferença de ideias, acabava gerando estresse e discussões, mas que no final apresentaram um resultado positivo, em especial no que se refere ao sucesso das intervenções. Com o passar do tempo o obstáculo tornou-se aprendizado. Todos os solistas concordaram que aprenderam melhor a conviver com as diferenças e a ouvir melhor os outros no decorrer do projeto.
Para Carolina Meirelles, solista da Cidade de Deus, a maior dificuldade foi cuidar da verba pública. “Repasse de recurso e nota fiscal foram temas bem complicados. E com o agravante da turma ser bem diversa, a gente discutia bastante por coisas simples de serem resolvidas. Mas, no geral acho que nós tivemos poucas dificuldades, participar do Solos foi uma experiência bacana pois pude aprender junto com a turma. Aprendi e venho aprendendo a dar valor ao meu território”.
Os articuladores também tiveram sua vez. Eles contaram como o processo foi ousado e intenso. O articulador do Alemão, Wellington Conceição, chegou a acreditar que projeto não vingaria. “Houve um período de distração e também muitos imprevistos, mas todas as situações foram resolvidas pelos produtores culturais do Alemão”, concluiu. Mesmo com outros problemas, como a falta de segurança, no caso de Manguinhos, não impediram que as intervenções fossem um sucesso.
Jorge Barbosa, um dos coordenadores do Observatório, esteve por lá e se demonstrou contente com toda a situação do projeto. Barbosa fez questão de dizer o quanto é importante conhecer seu território, lugares que ninguém antes ocupava. “Vocês agora são sujeitos do processo, não são mais apenas receptores de cultura. Vocês estão produzindo cultura, mostrando que esses territórios são ricos. Não somos carentes, somos ricos”, pronunciou o coordenador.
O coordenador do projeto, Caio Gonçalves, avalia o projeto de forma positiva. “A questão inicial mais importante para o Solos, era de trabalhar com os jovens como autores. Fizemos uma aposta nos jovens, no processo de formação, muito arriscada e ao mesmo tempo a coisa mais interessante do projeto. Conseguimos atingir isso plenamente. Claro que tivemos uma série de questões ao longo do processo, fomos aprendendo e inventando um jeito de trabalhar ao longo do tempo”, destacou Caio.
Com mais um período de intervenções para acontecer em janeiro, o primeiro ano do Solos Culturais chega a sua fase final, mas o desejo de continuidade é grande, para poder dar um aprofundamento maior para esses jovens e chegar a outros territórios. Após quase um ano de duração, já é possível dizer que o projeto Solos formou os futuros produtores culturais do século 21.
Fonte: http://prvl.org.br/noticias/comunidade-carente-nunca-mais/
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