O objetivo do encontro foi proporcionar a gente negra (ou auto-declarado) que pensa e produz com as linguagens de cinema, literatura, artes visuais, circo, música, dança, teatro e pesquisa de bibliotecas, a oportunidade de acesso a condições e meios de produção artística, conforme estabelecido pelo Plano Nacional de Cultura e pelo Estatuto de Igualdade Racial.
Apesar dos inúmeros questionamentos das razões de uma possível discriminação contra não-negros, os dados, infelizmente, mostram que a realidade é discriminatória: aqueles e aquelas que têm mais melanina (pele mais pigmentada) não conseguem furar o bloqueio do teto de vidro. Abaixo, um pequeno parêntese explicativo sobre a conceituação do sociólogo Oracyr Nogueira, que dizia haver no Brasil, basicamente, dois tipos de preconceitos: de marca e de origem. (*)
Perguntas não faltaram no encontro na Biblioteca Parque de Manguinhos, o trio de técnicos do MinC apresentou os editais e buscou esclarecer ao máximo as perguntas dos presentes - que não foram poucas. Segundo os técnicos, este é o primeiro edital com recorte racial e, certamente, já contavam com inúmeros questionamentos não tanto pela questão étnica, em si, mas pela própria falta inexperiência dos afro-criadores e afro-produtores que até hoje têm oportunidades limitadas de serem os protagonistas da gestão de projetos em toda a extensão.
Entre os presentes, vários atores do Manguinhos em Cena, professores, ativistas, produtores musicais, Samba de Benfica, artesãs, pesquisadores, técnicos do Teias - Escola Manguinhos e da Cooperação Social da Ensp/Fiocruz, entre outros.
Não é fácil, mas é um exercício super válido, daí, pessoal, busquem as informações e se para enviarem seus projetos. Nos editais, constam os emails para recebimento de perguntas. Esperamos que tenhamos muitos candidatos enviando projetos para os editais, em especial para os nossos produtores de Manguinhos. (www.cultura.gov.br)
(*) Aí um pequeno parêntese, somente para lembrar a conceituação do sociólogo Oracyr Nogueira, que dizia haver no Brasil, basicamente, dois tipos de preconceitos: de marca e de origem.
Onde existe o preconceito de marca, o que vale é a aparência física.
A ideologia do preconceito de marca é assimilacionista e miscigenacionista, enquanto que o de origem é segregacionista e racista.
Onde existe o preconceito de marca, o que vale é a aparência física.
A ideologia do preconceito de marca é assimilacionista e miscigenacionista, enquanto que o de origem é segregacionista e racista.
No Brasil, onde predomina o preconceito de marca, a experiência decorrente do problema da cor varia com a intensidade das marcas e com a maior ou menor capacidade que tenha o indivíduo de contrabalanceá-la com outras características e condições, como elegância, talento, polidez, instrução, etc.
Já nos Estados Unidos, a luta do negro, seja qual for sua aparência, é sobretudo uma luta coletiva. As próprias conquistas individuais são vistas como verdadeiras tomadas de novas posições em nome do grupo todo. E, em todo contato com pessoas brancas, mesmo nas organizações destinadas a combater as restrições raciais e a melhorar as relações entre diferentes minorias entre si e a maioria, o indivíduo de cor sempre assume um papel de representante vanguardeiro ou diplomata de seu grupo.
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