sexta-feira, 22 de março de 2013

Indígenas prometem resistir à desocupação no Rio; dois são detidos


Fábio Seixas/Folhapress
Segundo relato de Monique Cruz, a situação é tensa na Aldeia. "Agressão da polícia em alguns casos, mas no geral há apenas a tensão no ar. Uma mulher grávida foi agredida e presa. O advogado da Aldeia foi brutalmente agredido ao tentar entrar na aldeia, já que as tropas isolaram tudo e não é possível seque chegar perto do muro. O advogado recebeu uma gravata dos policiais, foi jogado ao chão e chegou a ter o pé do policial sobre seu rosto." De acordo com a integrante do Fórum Social de Manguinhos, é fundamental e importantíssima a presença de todos e todas nesse "momento de pressão psicologia das forças do Estado." 
Pilar Olivares/Reuters

A polícia do Rio cerca desde a madrugada a aldeia Maracanã, área anexa ao estádio e que deve ser desocupada nesta sexta-feira (22). Pela manhã houve discussões com manifestantes, que foram dispersados com spray de pimenta. Dois deles foram detidos.
Às 6h, dois Caveirões, veículos blindados usados em confrontos pesados, chegaram ao local. Um grupo que permanece no local promete resistir. Por volta das 7h40, parte dos ocupantes deixou a área, pulando o muro com a ajuda de escadas.

Aqueles que deixaram o antigo Museu do Índio aceitaram a proposta da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos para seguir para um abrigo.

Um blindado do Batalhão de Choque está estacionado em frente ao local desde as 3h. Cerca de 60 policiais fazem o cerco. O portão continua trancado com cadeado e bloqueado com blocos de concreto.

A Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro tenta intermediar a negociação entre governo e indígenas. O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) também está no local.

Além de índios, ativistas estão sentados sobre o muro, gritando palavras de ordem. Um bebê chegou a ser colocado sobre o muro, acompanhando de um cartaz com a inscrição "Não passarão".

Parte de área da aldeia será usada para circulação de torcedores na Copa do Mundo de 2014. O prédio, que abrigou o Museu do Índio até 1978, será reformado e receberá o Museu Olímpico, administrado pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

ULTIMATO

Em tom de ultimato, o governo do Rio de Janeiro pediu a desocupação imediata do prédio do antigo Museu do Índio, ao lado do Maracanã, e ofereceu três opções de alojamento para os índios que estão no local.

Dia 20 venceu o prazo para a reintegração. O despejo dos indígenas está autorizado desde o dia 21.

O Museu do Índio dará lugar ao Museu Olímpico.

Afonso Apuriña, um dos líderes da aldeia Maracanã, afirmou que a comunidade não deixará o local, considerado sagrado por eles.

As opções de alojamento são um terreno em Jacarepaguá (zona oeste), uma área do lado do barracão de obras da Odebrecht, na avenida Visconde de Niterói (zona norte) ou um espaço à parte no abrigo Cristo Redentor (zona norte).

Os índios também podem voltar para a sua aldeia de origem ou optar pelo benefício do aluguel social, de R$ 400.

Segundo o secretário, eles devem deixar a Aldeia Maracanã imediatamente, podendo ficar no hotel Acolhedor Santana II, no centro.

Fonte: Folha de São Paulo

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