quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

EUA: A vida na prisão nação

Interessante artigo, enviado por um amigo leitor deste blog, que merece ser analisado pelos amigos e amigas deste blog.

"Em tempos de grandes eventos esportivos, UPPs e de restrições nos gastos federais com  "o social", e considerando o apreço dos nossos governantes pelas receitas vindas do norte do planeta, a leitura do pequeno artigo abaixo ajuda-nos a pensar nos possíveis desafios que se colocam para aqueles/as que ainda ousam sonhar com dias melhores para nossa sociedade."

"EUA: A vida na prisão nação"


Quarta-feira, 30 novembro, 2011 - Artigos inSurGente.org
Por Mark Engler.

Este verão Richard James Verone, um morador de 59 anos de Gastonia, Carolina do Norte, entrou em um banco, entregou um bilhete a um caixa indicando que ele estava realizando um assalto e pediu dinheiro. Estranhamente, ele não queria um monte de dinheiro. Pediu US $ 1 dólar para o caixa. Então, ele disse que estava desarmado e iria esperar, sentado no sofá no hall de entrada, até a polícia chegar.

Verone, que está desempregado, tem um tumor no peito e hérnia de disco nas costas, mas foi incapaz de obter seguro de saúde. Ele não estava roubando o banco por dinheiro. O que ele realmente queria era assistência médica gratuita na prisão.

O ladrão estava enganado ao pensar que uma vez preso obteria bons cuidados médicos. Há muito tempo que privar os prisioneiros de tratamento adequado tem sido um fato passível de punição criminal nos EUA, o assunto tem motivado reivindicações legais e relatórios de direitos humanos. Mas ele está certo de que, mesmo em tempos de austeridade, as prisões continuam a ser um centro de crescimento e de financiamento do governo.

Verone se for condenado à prisão, será parte de cerca de 2,3 milhões de americanos atrás das grades, um número que supera o contigente de presos em qualquer outro país. Isto inclui a China, que tem quatro vezes a população dos EUA. De acordo com o Centro Internacional de Estudos Penitenciários, os EUA aprisionam seus habitantes numa taxa de 743 por 100 000 – muito superiores aos do Reino Unido (152), Canadá (117) e Japão (58).

O paradigma do "livre mercado" neoliberal prescreve que o estado a abandone as suas responsabilidades em áreas como educação, habitação, saúde pública e de cuidados a idosos. No entanto, em nome da defesa do "Estado de Direito," o Estado neoliberal mantém e até expande, mais instrumentos coercitivos: as forças armadas e prisões.

A população carcerária dos EUA cresceu mais do que quadruplicou desde 1970, principalmente devido à sua fracassada "guerra contra as drogas" e aos requisitos de condenação obrigatória que eliminam a possibilidade de os juízes imporem punições razoáveis. Estudos indicam que os brancos e afroamericanos usam e vendem drogas em taxas similares. No entanto, em 2003, os negros tiveram dez vezes mais probabilidade de serem presos por crimes relacionados às drogas.

Sempre se reconheceu que o dinheiro gasto em prisões poderia ter sido usado fins mais humanos e produtivos. Mas agora que os orçamentos de Estado estão diminuindo e que os gastos com o encarceramento atingirão quase US $ 70 bilhões, percebe-se a mudança claramente.

Durante seu último ano no cargo, até o herói de filmes de ação convertido em governador republicano da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, se queixou de um histórico de alterações inverso: três décadas antes, 10,1 por cento das despesas de fundo geral do estado eram destinados ao ensino superior e 3,4 por cento às prisões. Em 2010, as prisões consomem 11 por cento do orçamento, mas as universidades apenas 7,5 por cento.

As prisões têm demonstrado o fracasso do governo em fornecer tratamento para problemas de saúde mental, com mais da metade dos presos nos EUA sofrendo de graves problemas psicológicos. Como observou recentemente The Christian Science Monitor, a cadeia do condado de Los Angeles tem sido chamada de "o maior hospital psiquiátrico na América."

Se o assalto a banco de Verone é uma parábola adequada para a vida da Nação Prisão, outra história de Wisconsin também é emblemática: no início deste ano, quando governador anti-sindicalista Scott Walker eliminou a negociação coletiva para os servidores públicos permitiu o aumento do uso de trabalho forçado. Como resultado, no condado Racine, os presos – que não são pagos – executam trabalhos de de jardinagem e de manutenção que anteriormente eram feitos pelos funcionários públicos.

Grupos conservadores como o Conselho Norteamericano de Intercâmcio Legislativo (ALEC, sigla em Inglês) estão pressionando por medidas semelhantes em todo o país, argumentando em favor da eliminação das restrições sobre o trabalho prisional e por demissões no setor público. É claro, que não são os cargos de guardas nem os de soldados que eles querem diminuir. ..

Grande parte do mundo já vive experiências como as que desenvolve o governo dos EUA, principalmente por meio de seus militares. Se esses ideólogos forem bem sucedidos e outras instituições públicas forem eliminadas, os que vivemos no país estaremos fritos. Tudo o que restará será a prisão.

Disponível em www.insurgente.org
Boletim Entorno/LaHaine.

Tradução livre do espanhol (P. Bruno)

Nenhum comentário:

Postar um comentário