terça-feira, 21 de agosto de 2012

História do Funk no Teatro

Divulgação / Andrea Rocha

Pra quem gosta dos bons frutos das culturas negras, se programe para conhecer a história do Funk. E, para conhecer suas raízes de forma bem didática, sem ser chato, nada melhor do que um musical. É disso que se trata o musical Funk Brasil - 40 anos de baile, uma peça de teatro em cartaz no Teatro Miguel Falabela em Del Castilho (Av. Dom Hélder Câmara, 5.474). O preço é baratinho, chamado de preço popular: R$ 15,00. A censura é 10 anos. 

Os autores, Pedro Monteiro e João Bernardo Caldeira, contam com uma galerinha muito interessante como atores/dançarinos: Alex Gomes, Cintia Rosa, Dérik Machado, Julia Gorman, Marcelo Cavalcanti e Pedro Monteiro.

O espetáculo, com direção de Joana Lebreiro, narra a trajetória do ritmo a partir dos Bailes da Pesada de Big Boy e Ademir no Canecão, no início da década de 1970, com base no livro "Batidão — Uma história do funk", de Silvio Essinger.

- Vou me emocionar bastante [com a peça] porque que vou ver minha história. Estou com 20 anos de funk, metade disso aí eu faço parte", comenta Buchecha, que era pagodeiro e foi convencido pelo parceiro Claudinho (1975-2002) a fazer funk e participar do Festival de Galeras no Clube Mauá de São Gonçalo, no início dos anos 1990 — ficaram em terceiro lugar com "Rap da bandeira branca" em 1993 e venceram com "Rap do Salgueiro", dois anos depois.

A dupla é representativa da década que consolidou o funk carioca, em movimento iniciado a partir do lançamento do CD "Funk Brasil", do DJ Marlboro, em 1989. "Sinto orgulho de ver que a galera não está deixando a peteca cair. Acho que o funk já fincou as bases e está muito bem quisto. Não ficou estagnado como um ritmo só para suburbano", acrescenta Buchecha.

De fato, o estilo que nasceu nas favelas, dando voz às comunidades, conquistou fãs em todas as classes e tenta vencer o preconceito. 

- Foi através do funk que eu conheci a favela pela primeira vez. Tinha 15 anos, por volta de 1992. Foi o momento em que estourou o 'alô Pirão, alô alô Boavistão', lembra Pedro Monteiro, em referência ao "Rap do Pirão", do MC D'Eddy.

Pedro teve a ideia de realizar o espetáculo em 2007, ao assistir a performance na Estação Leopoldina, na Zona Norte do Rio. "Fiquei olhando para aquilo e vi que não tinha nada a ver com quem frequentava o vagão do trem. Queria fazer alguma coisa para aquelas pessoas. Aí veio a luz de contar a história do funk", explica. "É como se fosse em um baile mesmo, ninguém sai de cena."

Só para relembrar destaco quatro mega-sucessos das décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000.

Anos 1970
"Sex machine" - James Brown; 
"Mandamentos black - Gerson King Combo; 
"Think (About it)"  - Lynn Collins; 
"Podes crer, amizade" - Tony Tornado.

Anos 1980
"Melô da mulher feia" - Abdulah; 
"Planet Rock" - Afrika Bombaataa; 
"Do wah diddy" - Live 2 Crew; 
"Olhos coloridos" - Sandra de Sá. 

Anos 1990
"Rap da felicidade" - Cidinho e Doca; 
"Rap do Borel" - William e Duda; 
"Rap do Salgueiro" - Claudinho e Buchecha; 
"Nosso sonho" - Claudinho e Buchecha.

Anos 2000 
"Baile da Pesada" - Fernanda Abreu; 
"Cerol na mão" - Bonde do Tigrão;  
"Glamurosa" (1992) - Cidinho e Doca.

Fonte: site G1