terça-feira, 6 de agosto de 2013

SEBRAE e entidades negras lançam Projeto Brasil Afroempreendedor

S. Paulo - Numa parceria do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), com o Instituto Adolpho Bauer (IAB), de Curitiba, Coletivo de Empresários e Empreendedores Negros de S. Paulo (CEABRA/SP) e Associação Nacional dos Coletivos de Afro-empreendedores (ANCEABRA), lançou nesta segunda-feira (05/08), no salão nobre da Câmara Municipal de S. Paulo, o Projeto Brasil Afroempreendedor. 
Com parte do Projeto, que prevê recursos de até R$ 5 milhões, serão realizadas nos próximos dois anos em 12 Estados, ações de capacitação e formação de micro e pequenos empresários afro-brasileiros, microempreendedores individuais e comunidades negras remanescentes de quilombos.
Segundo o coordenador executivo do Brasil Afroempreendedor, João Carlos Nogueira (foto), inicialmente está prevista a participação de 1.200 empreendedores, "com o objetivo de fortalecer a Rede Nacional de Micro e Pequenos Empresários e Empreendedores Individuais Afro-Brasileiros, focada na troca de experiências, intercâmbios e desenvolvimento de negócios solidários para o fortalecimento econômico deste segmento".
Os projetos selecionados terão acompanhamento, com ações de formação, capacitação em gestão, democratização de financiamentos e de acesso ao crédito e inovação tecnológica. "O projeto Brasil Afroempreendedor pretende fornecer as bases para a construção de uma Política Nacional de Fortalecimento do Empreendedorismo Afro-Brasileiro, estruturando propostas de Programas de Apoio aos Empreendedores Afro-Brasileiros. Da mesma forma, o projeto Brasil Afroempreendedor pretende contribuir de forma relevante para a inclusão das populações afro-brasileiras no processo deste "novo" ciclo de desenvolvimento por que passa o País", afirma Nogueira, que é consultor do SEBRAE nacional.

Reunião do Fórum Social de Manguinhos

Toda terça-feira, moradores e trabalhadores de Manguinhos se reúnem para debater demandas do bairro que não se fecham em si mesmas, já que estão entrelaçadas com questões muito próximas de outras comunidades tratadas como periféricas pelos gestores estaduais e municipais. 

É PAC, é POC, é PUNK... nada de conformismos, nada de ficar parado embaixo de uma árvore (inexistente em muitos lugares) pensando que as coisas vão melhorar sem que haja um mínimo de esforço pessoal e coletivo.

A foto pode não ter qualidade estética, está escura, não tem as condições ideais para concorrer a um prêmio de fotografia. Entretanto, diz muito, aliás, grita alto e forte quando mostra as pessoas mobilizadas na busca de transformações possíveis e profundas.


Sancionado Estatuto da Juventude: por uma Juventude Negra Viva!!!

Articuladores regionais do Projeto Articulação Nacional Juventude Viva,
fruto da parceria entre Fiocruz e Secretaria Nacional da Juventude.  
Estatuto da Juventude é sancionado pela presidenta Dilma Rousself na última segunda-feira, 05/08, tendo o rapper Gog lido carta de quase uma centena de artistas - dentro e fora do país - conclamando a sociedade e o Governo Federal para enfrentar com seriedade e responsabilidade o enfrentamento à violência contra a juventude negra. Chega de Amarildos, Josés da Silva, Renés, Martas, Marias, a Juventude Negra quer viver!!!

Parlamentares apoiam mobilização da Rede Juventude Viva
Mayalu Matos, coordenadora do Projeto Articulação Nacional Juventude Viva, fruto da parceria entre Fiocruz e Secretaria Nacional da Juventude, participou da cerimônia de sanção do Estatuto da Juventude, ontem em Brasília. O ator Érico Brás, ator negro, nordestino e ex-favelado, entregou carta assinada por uma centena de artistas, no território brasileiro e no exterior, que foi lida por Gog, que pedia sensibilidade do Estado Brasileiro para darem um basta no aniquilamento de parcela significativa de sua população, seus filhos e descendentes, exterminados cotidianamente.

Paralelamente, a mobilização continua pela aprovação do Projeto de Lei 4471/2012 que acaba com os autos de resistência, a ser votado nos próximos dias.

Programa Estação Juventude

A Secretaria Nacional da Juventude começou esta semana de agosto muito bem. Conquistou a sanção do Estatuto da Juventude e lançou o edital do Programa Estação Juventude para estados e municípios. Primeiros rounds vitoriosos, mas a luta é imensa, afinal, este documento legal é o primeiro que VÊ as especificidades da Juventude, cujo público vai de 15 a 29 anos, o que inclui entre zilhões de coisas, a questão de saúde pública que é a violência contra jovens negros (pretos e pardos), com baixa escolaridade, moradores de áreas periféricas e de baixa renda. 

Vamos à matéria e pressione os gestores públicos para que se liguem na mensagem e se acionem para analisarem o edital.

Seu estado ou município está se preparando para receber o Programa Estação Juventude?

O Programa Estação Juventude tem a finalidade de promover a inclusão e emancipação dos jovens, com a ampliação do acesso às políticas públicas por meio destes equipamentos públicos. O Estação Juventude oferecerá informações sobre programas e ações para os jovens, além de orientação, encaminhamento e apoio para que eles próprios tenham condição de construir as suas trajetórias e buscar as melhores formas para a sua formação.

Os estados e municípios que tenham interesse em aderir ao Programa Estação Juventude deverão enviar suas propostas e respectivos planos de trabalho, por meio do SICONV, até o dia 13 de setembro de 2013.

Para quem quer conhecer o Programa Estação Juventude direto no Sistema de Convênios do Governo Federal - SICONV segue o link:https://www.convenios.gov.br/ 

Sonhos interrompidos pela violência letal contra jovens negros é tema de Roda de conversa em Salvador

Mais do que estar no ranking de morbidade letal nas estatísticas de homicídios contra homens entre 15 e 29 anos, de áreas periféricas e de baixa escolaridade, jovens negros e negras estão sendo impossibilitados de terem sonhos e de poder concretizá-los. Matam-se futuras gerações, o racismo é perpetuado e tende-se a privilegiar um determinado segmento populacional. A letalidade que atinge esses jovens foi o tema da Roda de Conversa realizada, dia 13 de julho, no Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN) em Salvador, que abordou o tema central o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Juventude Negra. Conhecido como Plano Juventude Negra, esta iniciativa do Governo Federal, visa a ampliação dos direitos e a prevenção da violência que atinge de forma preocupante esta população secularmente estigmatizada.

“É de extrema importância a ideia de articular os projetos e programas existentes; e, que eles tenham o foco na juventude negra. Somos os que mais sofremos em diversas instâncias, então nada mais justo, que o Brasil (governos e sociedade civil) crie mecanismos de proteção a essa faixa etária que tem cor e moram em locais de condições semelhantes.” A declaração é de Jasf Andrade (Grupo de Rap Os Agentes), presente na Roda de Conversa organizada pelo Articulador do Plano Juventude Viva na Bahia Geovan Adorno junto com a Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN e representantes de diversas organizações de juventude.

Da esquerda para a direita:
Ana Cristina, 
Pedro Paulo, Marcelo Souza,
Marcos Vinicius e Diogo Silva.
O evento, que contou com a participação de Luciane Reis, Assessora da Secretaria Nacional de Juventude – SNJ, foi uma parceria com a sociedade civil organizada pra a apresentação do Plano Juventude Viva na Bahia e um proveitoso diálogo com trocas de experiência com as organizações presentes. Também participaram da Roda de Conversa diversos representantes do Hi Hop que, historicamente, tem um papel importante na luta pelo combate às desigualdades sócias e pela vida da juventude negra.
Para a Coordenadora de Juventude do CONEN-BA, Cleide Crispiniana, que vem acompanhando de perto as discussões sobre políticas de Juventude, o encontro foi gratificante por possibilitar conhecer o que o Governo Federal está propondo. Entender como o Plano vai funcionar em Salvador, apesar de nosso município termos algumas demandas de Salvador, temos municípios prioritários e Lauro de Freitas é um deles.”
O recorte racial do Plano é, segundo Cleide, um tema a ser aprofundado no diálogo tanto com os gestores quanto com a sociedade civil. “A extensão do Plano vai para além do recorte racial, com o recorte geracional, mas o recorte racial está lá. Entretanto, quando se fala de Juventude entram outras pessoas que não têm fala com recorte racial. E é importante sensibilizar estas pessoas. Até porque os números são bem definidos, e isso acaba sensibilizando mesmo para este debate. Os gestores que não quiserem discutir a temática terão problemas”, disse, ressaltando que vê a Rede de Articuladores como uma estratégia importante para cobrar o envolvimento neste debate e potencializar as ações.
Geovan Adorno,  Jasf Rapper
(Grupos Os Agentes) e Luciane Reis
A ampliação do debate sobre o Plano, entender como se processa a adesão voluntária, a expansão nos territórios vulnerabilizados, necessidade de material impresso para divulgarem nas comunidades que ajudam a visibilizar as ações do Plano Juventude Viva foram pontos bastante discutidos na Roda de Conversa. E, neste ponto, Cleide informou que este será tema do próximo encontro, dia 31 de agosto, do Café Falante da Juventude. Este encontro é um debate sobre políticas públicas, cujo tema será A juventude na participação popular e no controle social, que integra a agenda da CONEN. “O que fazemos é abrir diálogo com esta nova juventude para debater sua participação nas políticas sociais e políticas publicas, assim como discutir a educação dos índices de mortes.”
Cleide chama a atenção do potencial das redes sociais na divulgação de eventos como a Roda de Conversa. “Precisamos divulgar o Plano, pois, é desta forma, que conseguiremos ampliar a adesão e obter uma participação mais efetiva da população cobrando as políticas públicas e o enfrentamento à violência contra os nossos jovens negros. Ao termos um número grande jovens envolvidos, o prefeito não vai querer ficar fora dos debates. E, se eles não se aprofundarem o debate, em nível nacional, eles, gestores, ficarão de fora, e isso eles não vão querer. Então, quanto maior a divulgação do Plano é melhor: porque aumenta a pressão por efetivas mudanças e transformações desta atual e triste realidade”, salientou Cleide, ao afirmar que, participaram do Café Falante de 2012, cerca de 300 jovens, este ano, estão esperando muito mais.

História de Palmares ganha nova cronologia com análise de fontes originais

Agência FAPESP – Em 1678, o então rei dos Palmares firmou um acordo de paz com o governador de Pernambuco, a autoridade máxima sobre um território que englobava os atuais estados da Paraíba, Alagoas, Rio Grande do Norte, além de Pernambucano.
 A negociação durou alguns meses e envolveu intérpretes, envio de embaixadas, presentes e libertação de prisioneiros. De um lado, Ganazumba (ou Gangazumba), tio de Zumbi, séculos depois apontado como símbolo da resistência contra a escravidão; de outro, dom Pedro de Almeida, governador prestes a voltar para Portugal.


Até agora pouco estudado e comentado pela historiografia, o episódio vem ganhando contornos mais definidos sob a luz de documentos originais, boa parte deles inéditos. O material, manuscrito, inclui cartas, despachos de conselheiros do regente português, crônicas e até rascunhos encontrados em Portugal pela historiadora Silvia Hunold Lara, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em pesquisa realizada no âmbito do Projeto Temático “Trabalhadores no Brasil: identidades, direitos e política (séculos XVII a XX)”.

A documentação tem permitido que Lara e outros historiadores tracem uma nova cronologia sobre Palmares. “Em geral, a historiografia periodizou a história palmarina a partir das guerras feitas contra eles. Procuro me concentrar na formação dos mocambos [os assentamentos de fugitivos] e entender como eles se organizavam em termos políticos e militares”, disse Lara à Agência FAPESP.

“A década de 1670 é importante porque marca o reconhecimento por parte das autoridades portuguesas e coloniais desse sobado (estado africano) em Palmares. Os termos do acordo negociado em 1678 constituem a maior evidência disso”, disse a historiadora.

Em seus estudos, Lara retoma teses de uma vertente da historiografia que dá ênfase às raízes africanas de Palmares, na qual se incluem os brasileiros Nina Rodrigues (1862-1906) e Edison Carneiro (1912-1972) e os norte-americanos Raymond Kent (1929-2008), Stuart B. Schwartz e John Thornton.

De acordo com Lara, um documento-chave para entender Palmares é uma crônica anônima, com data atribuída a 1678, escrita logo depois do acordo de paz selado entre Ganazumba e o governo de Pernambuco, quando d. Pedro de Almeida volta a Portugal e vai mostrar seus feitos às autoridades portuguesas.


Essa crônica sempre havia sido lida pelos estudiosos a partir de uma publicação na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro de 1859 – feita quase 200 anos após ser redigida. “Ela dá nome aos mocambos, descreve as relações entre os chefes militares e os chefes dos mocambos, conta as expedições feitas e equipara a uma conquista militar a vitória [parcial] obtida em 1677 por uma expedição que destrói os mocambos e está na origem do acordo de paz.”

 “As pessoas não viram o original, que estava perdido nos arquivos. Quando você olha o original, pode ver que houve transcrições incorretas. A maior parte de quem lidou com Palmares trabalhou com uma documentação impressa. E quem transcreveu e publicou fez uma seleção. Ao ir às fontes e aos arquivos, localizei uma quantidade muito grande de fontes ao redor desses documentos transcritos, muitas nunca publicadas”, disse.

Os achados estavam no Arquivo Histórico Ultramarino e no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, e na biblioteca pública da cidade de Évora, interior de Portugal. Diversos bolsistas também produziram trabalhos relacionados à produção da base de dados. 

Fonte: http://agencia.fapesp.br/17644