sábado, 27 de julho de 2013

Garantia de direitos da juventude marcou Fórum Social Juventude Viva no JMJ

Tiago Santana, SJERJ, Zaqueu Teixeira, ASDH/ERJ,
e Severine Macedo, SNJ/PR.
“Os jovens brasileiros foram para as ruas pedindo mais e melhores direitos; mais e melhor democracia e participação; e, não a criação de um processo democrático – também conquistado por jovens que deram suas vidas em outros períodos de nossa história pela luta da democracia no Brasil. Apesar de avanços sociais, as pessoas querem diálogos mais permanentes, mais direitos das instituições e órgãos e que elas tenham capacidade de darem respostas concretas.”

Com esta afirmação Severine Macedo, Secretária Nacional de Juventude, sinalizou a proposta do Fórum Social Juventude Viva na Jornada Mundial da Juventude Rio 2013, iniciado nesta quarta-feira, 24, e que será encerrado sexta-feira, 26, com um ato contra a Redução da Maioridade Penal, na Biblioteca Parque de Manguinhos, no Rio de Janeiro.

Como os outros segmentos, a Juventude é também um sujeito de direitos, que deve ter seus direitos assegurados, não quer perder os já conquistados, quer ampliá-los e participar do diálogo para a construção e manutenção destes direitos, para de fato protagonizarem tais transformações. Para isso torna-se necessário que tanto o Estado Brasileiro quanto a sociedade se engaje em transpor grandes desafios como: enfrentar o problema do racismo, a banalização da violência, ampliação dos direitos desses territórios, ampliação dos equipamentos para maior acessibilidade desses jovens a estes direitos.

É com este entendimento, que a Secretaria Nacional de Juventude norteia a construção conjunta com o Governo do Estado do Rio, com a Superintendência da Juventude e com a Coordenadoria da Juventude da capital do Plano Juventude Viva. O Plano é uma resposta à ausência histórica do estado brasileiro em não ter conseguido dar uma resposta para o problema da mortalidade, dos homicídios que acarretam os jovens, maiores vítimas, e mais de 70% assassinados são jovens negros das periferias das grandes cidades brasileiras.
“É a ampliação da política pública. Mas se nossa cabeça continuar sendo racista, homofóbica, xenofóbica e continuarmos reproduzindo preconceitos e expondo mais alguns segmentos da população à vulnerabilidade e à violência, a responsabilidade é de todos nós, individualmente. O desafio é conjunto”, disse a Secretária Nacional de Juventude, ao anunciar, para o segundo semestre, a construção conjunta desta agenda com o Estado do Rio de Janeiro.
O Secretário de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira (foto), salientou que ao olhar as manifestações, o gestor público precisa dar respostas efetivas aos diálogos produzidos. “Os resultados das conferências têm de virar política pública. Temos a responsabilidade de dar concretude. Antes mesmo das manifestações, com a Superintendência da Juventude, construímos um modelo em que pudesse discutir políticas públicas para o jovem nos Centros de Referência da Juventude (CRJ) e a partir daí criar as concretudes necessárias para que a resposta venha.”

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Direitos Humanos da Defensoria Pública recebe depoimentos de pessoas feridas nas manifestações


Ferida por um estilhaço de bomba na paralisação
 do dia 11 de julho, este é o estado da perna de Mônica Lima
no dia 18, uma semana depois

O Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública do estado do Rio de Janeiro propôs uma Ação Civil Pública cobrando dano moral coletivo e, também, danos individuais (tecnicamente, direito individual homogêneo) para as pessoas que foram vítimas de violências policiais no dia 20 de junho (Manifestação na Presidente Vargas). E, esta semana, deve fazer o mesmo com relação ao dia 11 de julho. Para isso, está ouvindo pessoas e recebendo depoimentos de inúmeras fontes, dentre elas a Comissão de Direitos Humanos da Alerj.

Henrique Guelber, coordenador do Nudedh, explica que a opção de propor Ações Coletivas por dias determinados não impede que uma pessoa que tenha sofrido com a ação policial em outra oportunidade procure o Núcleo e tenha “seu procedimento aberto para possível propositura de ação indenizatória. Se a pessoa quiser denunciar algum agente de segurança e tiver nome ou descrição de local, data, batalhão, pode nos dizer também que repassaremos ao Ministério Público e à respectiva Corregedoria Interna, além da Unificada”.
 
“O Nudedh também propôs uma Cautelar de Ação Civil Pública para tentar regulamentar e restringir a utilização de armas menos letais. Perdemos a liminar em primeira instância e perdemos também a liminar no recurso que interpusemos, mas seguiremos adiante”, afirma Henrique Guelber.
 
O NUDEDH funciona na Rua do México 11, 15 andar. Telefones: 21-2332-6344/45/46. E-mail nudedh@gmail.com.
 
 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Cursos Técnicos em Audiovisual do 5 Visões

Prorrogadas para dia 31 de julho as inscrições para participação no processo seletivo dos Cursos Técnicos em Audiovisual do 5 Visões. Destinados a jovens entre 18 e 25 anos, com ensino médio em curso ou concluído e renda familiar per capita de 1,5 salário mínimo, os cursos de Projecionista em Digital, Som Direto e Assistente de Câmera fazem parte do projeto 5 Visões - Formação Técnica em Audiovisual.

O projeto, que já recebeu três premiações, está na sua terceira edição. O início das aulas está previsto para 16 de agosto, com duração de sete meses e aulas de segunda a sexta-feira nos turnos da manhã ou tarde, dependendo do curso. Os professores são profissionais reconhecidos pelo mercado e os equipamentos utilizados apresentam tecnologia de ponta.

As pré-inscrições devem ser feitas na sede do projeto, na Rua dos Arcos, 24 (na Fundição Progresso, Lapa, Rio de Janeiro), até o dia 39 de julho, das 10h às 18h. Os candidatos devem levar documento de identidade e uma foto 3 x 4. Posteriormente serão marcadas as entrevistas individuais, quando será necessário apresentar CPF, comprovante de residência, de escolaridade, uma conta de luz e comprovante de renda. Mais informações: (21) 2532-4308titania.eac@gmail.comarcosdigitalfilmes@gmail.com5visoes.org.br

terça-feira, 23 de julho de 2013

Morador fala da emoção com a marca visita do Papa Francisco à Varginha

Um momento histórico e ímpar para a comunidade da Varginha, uma das localidades do bairro de Manguinhos, na Zona da Leopoldina: a visita do Papa Francisco, na manhã desta quinta-feira, 25 de julho. Esta é a primeira viagem ao Brasil do primeiro Papa sul-americano da história do Vaticano. Se a vinda de milhares de peregrinos que estão chegando ao país mudaram a rotina do Rio de Janeiro, o que dirá para os que moram em Manguinhos e, em especial, os moradores de Varginha... ineditismo total... Graciara  da Silva, criada em Varginha, fez uma matéria falando um pouco dos sentimentos dos amigos, das vizinhas, enfim, de quem mora nesta localidade que receberá o Sumo Pontífice e um Chefe de Nação.


A entrada da Comunidade de Varginha fica em
 frente à Estação Ferroviária de Manguinhos
Toda a comunidade está bastante eufórica e ansiosa por esse momento. Está sendo bem diferente de um tempo anterior [Manguinhos foi ocupada pelas forças de segurança pública em outubro; Atualmente foi instalada uma UPP que atende também o Arará. As tensões e poluição ambiental convivem no mesmo espaço.]. Alguns moradores abrem as suas casas para receber peregrinos oriundos de vários países e também de outros estados do Brasil.

José da Costa de Oliveira morador da comunidade há 38 anos, tem 5 filhos e 3 netas. Trabalha carpinteiro e hoje, como ele mesmo gosta de falar, “é somente um fiel na Igreja; um braço forte; que ajuda no que for preciso”. Ele se voluntariou para receber a imprensa do Brasil e do todo mundo. Tudo com o consentimento do Padre Marcio Queiroz, que é responsável pela Capela Nossa Senhora de Bonsucesso – a falada Capela São Jerônimo Emiliani, muito simples. Atencioso Zé da Costa, como é chamado, conta com bastante emoção da expectativa da vinda do Papa Francisco à Capela. “Estou fazendo com muita alegria a divulgação não somente da minha Igreja mas, também, da minha comunidade, onde muitos amigos meus vão receber em suas casas os peregrinos. Eles terão uma oportunidade única de conhecer os bastidores da Varginha”, disse orgulhoso por estar participando tão ativamente deste momento histórico para o país e para sua vida.

Domingos com Zé da Costa em frente ao altar em
que o Sumo Pontífice rezará uma missa.
Suas expectativas são várias, disse esperançoso. Segundo ele, todas as famílias de Manguinhos foram e serão abençoadas. “Receberei vários familiares que vieram de longe e compartilharão da minha alegria. Este momento é muito especial. Está acontecendo tudo muito rápido. Levando momentos de conhecimento, divulgando a Capela, a minha comunidade e o mundo todo.”

Zé da Costa afirma que a parceria com outras denominações tem sido fundamental. “A união com o Eliel da Silva, morador e pastor da Igreja Assembleia de Deus; a Rosa, de Saron, na comunidade da Varginha, que está em frente ao Campo Rio Petrópolis, ela estará de portas abertas para que as pessoas possam usar o banheiro e beber uma água. Essa comunicação com outras religiões é muito importante pra Manguinhos, que se reconhece esse momento de paz, união e solidariedade. Vejo tudo isso como uma missão que Deus me deu, de estar facilitando a comunicação e o acesso a minha comunidade. E, mostrando que aqui também tem muita unidade e muitas famílias de bem,” disse feliz por esta passagem do Papa.

Para Zé da Costa, o Papa Francisco deixará um legado, um legado maravilhoso a ser cuidado com muita fé e responsabilidade: um legado de Paz, Companheirismo e Solidariedade para Manguinhos, que ainda passa por muitos momentos de carências.

Carta de Wagner dos Santos, único sobreviven​te vivo da Chacina da Candelária

O pessoal da Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência recebeu carta de Wagner dos Santos, único sobrevivente da Chacina da Candelária, enviada à sua irmão, Patrícia de Oliveira, para ser divulgada.
 
É um pedido às autoridades brasileiras para que pensem sobre a repetição de atos de violência policial no país, mesmo após 20 anos da Chacina que o obrigou a ir embora do Rio de Janeiro.
 
A carta:
 
Prezados Governantes do Brasil,
 
 Para mim, vinte anos passados da Chacina da Candelária, pouca coisa mudou.  Na noite do dia 23 de julho 1993, quando eu estava na Rua Dom Geraldo caminhado para comprar cigarro, passou um carro por mim eu continuei andando. Olhei para trás e pude ver dois garotos vindo. Foi ai que percebei que o tal carro estava voltando. Logo em seguida fui abordado e colocado no carro. Dentro do automóvel, começou uma discussão entre as pessoas que estavam lá e uma delas estava com uma arma apontada para minha cabeça. Foi quando senti uma coisa entrando na minha cabeça. Acabei perdendo a consciência, voltando a acordar apenas nas proximidades do Museu de Arte Moderna.
 
Ai, como todos já sabem, começaria o meu martírio, ficando no hospital sendo desrespeitado por todos e recebendo ameaças de todos os tipos, levando-me ao ponto de deixar uma carta de despedida para todos que estavam me ajudando e cortar os meus pulsos. Passado este tempo, considero que, para mim, Wagner, naquele momento o governo do Brasil tinha a oportunidade de fazer uma mudança profunda, mas não quis e preferiu continuar e deixar tudo do mesmo jeito.
 
Fui discriminado até no julgamento, porque as autoridades não respeitavam a palavra de um morador de rua, pois assim eu era considerado. Não tive sequer direito à indenização do estado e fui obrigado a deixar o país, pois este não tinha condição de me manter vivo. Até hoje aguarda pela cirurgia reparadora facial.  São vinte anos de falta de respeito dos governantes, de falta de políticas públicas para os jovens pobres e negros. Não se investe nas crianças.  Mais fácil matar do que cuidar. Eu fico acompanhando as noticias do Brasil e vejo que o país ainda esta longe de ser um país  voltado para a população mais pobre. Ao contrário, direciona suas ações para privilegiar a população de condição financeira alta.
 
Agora, com as manifestações, os governantes estão sendo obrigados a dar uma resposta para a população que esta cheia da corrupção e da forma como o Estado lhes trata. Falta de dinheiro para saúde, falta um salário melhor para os professores. Os governantes ainda inovam com o chamado recolhimento compulsório levando as pessoas para aqueles lugares que não têm condições algum para receber seres humanos que precisam de ajuda, justamente porque eles não perguntam o que as pessoas querem, vindo sempre com a coisa pronta. Em outros países,  os governantes escutam a população.
 
Tenho visto que nos últimos anos tem aparecido pessoas se dizendo sobreviventes, mas que nunca apareceram ao longo deste período em todo o processo. Mas, afirmo que só quem tem autorização para falar em meu nome é minha família, especialmente a minha irmã, Patrícia de Oliveira.
 
Eu não acredito em mudanças no Brasil.  Gostaria muito, mas voltar ao meu país  é algo que vai demorar muito, se é que isso vai ser possível algum dia. Infelizmente, sou mais respeitado fora dele.
 
Espero, sinceramente, que os governantes brasileiros acabem com as chacinas que até hoje ocorrem, seja com moradores de rua, seja nas comunidades país afora. Se isso não acontecer, será muito difícil continuar dizendo que o Brasil é uma democracia.
 
Wagner dos Santos,
 
Genebra, 22 de julho de 2013         

Informes sobre Audiência Pública sobre DH na OAB/ RJ

Audiência Pública ocorrida ontem (19), na OAB-RJ, reuniu membros de diversos setores da sociedade civil, advogados da Ordem, o MPF, a ABI, órgãos dos Direitos Humanos e representantes da Segurança Pública - a Superintendente da Secretaria de Segurança Pública do Estado - Luciane Patrício e o coronel Robson Rodrigues da Silva, chefe do Estado-Maior Administrativo da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro.

O tom dado pelas falas dos advogados, dos representantes dos Direitos Humanos e da sociedade em geral foi da ação truculenta da PMERJ nas manifestações. Mas não só nelas. Foi lembrado, a partir do caso recente dos mortos na Maré, que a polícia mata há muito tempo e que não deve haver uma separação entre polícia de asfalto e de morro, pois a polícia é uma só. Houve uma preocupação geral da atuação da polícia, que envolve principalmente: sua razão de existir, seu papel social, seus excessos e arbitrariedades e a forma como tem sido gerida e seu futuro.

O policiamento cidadão foi citado por ambos os representantes da segurança do Estado, sem no entanto apresentar soluções nesse sentido. Vale lembrar que o modelo de polícia ostensiva e repressora já é posto em cheque há pelo menos 30 anos. A exemplo da tentativa de aplicação de uma polícia cidadã pelo Cel Nazareth Cerqueira nos anos de 1980/90, quando ocupou o cargo de secretário de Estado da Polícia Militar e comandante-geral da corporação. Esse não é um debate novo.

O coronel Robson, após pedir desculpas, reconheceu que o protocolo usado atualmente está "completamente inadequado" e disse estar ciente dos excessos policiais. Qualificou as manifestações como um "movimento bonito" e apontou que há investigações em andamento. Afirmou, inclusive, que já houve prisões de policiais. Só não disse quantos e nem tocou num ponto importante: o que será daqui pra frente, já que as declarações recentes do comando geral (seu superior hierárquico) foi de endurecimento da ação policial?

Que tal perguntarmos pra eles?

lucianepatricio.cseg@gmail.com - Luciane Patrício
emg.adm.pmerj@gmail.com - Cel Robson Rodrigues

Encaminhamentos que foram tirados (às pressas) na audiência:

- criação de grupo de trabalho, formado por membros da sociedade (não definido), membros da secretaria de segurança e judiciário para trabalhar em conjunto na avaliação da atual PM e na criação de um novo protocolo para a ação policial. O Observatório de Favelas levou um protocolo elaborado por eles como pontapé inicial.

- criação de grupo para avaliar as denúncias, com presença da sociedade, OAB e polícia, e pensar em soluções para a segurança pública do E

Revista Saúde em Debate pauta Saúde da População Negra e dos LGBTs

A saúde da população negra e dos gays, lésbicas e transsexuais será um dos assuntos das próximas duas edições da revista Saúde em Debate, publicação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes). Os interessados em contribuir com artigos já podem encaminhá-los à comissão editorial do periódico. 

Serão aceitos textos tanto de caráter acadêmico como produções autônomas de comunidades e/ou associações e entidades, seja na forma de artigos originais,resenhas de livros e/ou depoimentos. As contribuições podem ser escritas em português, espanhol e inglês e devem ser submetidas para avaliação exclusivamente pelo http://www.saudeemdebate.org.br . 

Os interessados em conferir os padrões solicitados para envio podem acessar as instruções neste http://186.202.154.32/noticias/noticia_int.php?id_noticia=1317

domingo, 21 de julho de 2013

AfroReggae e Jornal A Voz da Comunidade saem do Alemão

No último sábado, 20 de julho, José Junior, coordenador da ONG AfroReggae, e René Junior, fundador do jornal “A Voz da Comunidade”, decidiram sair da Favela da Grota, no Conjunto de Favelas do Alemão, após incêndio criminoso. O incêndio aconteceu na última terça-feira, 16, por volta das 4h30. Os bombeiros chegaram minutos depois, mas as chamas já haviam consumido todo o estabelecimento.

Para José Junior, o incêndio foi criminoso e acusa como autor da ordem o pastor Marcos Pereira, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, preso desde o início de maio sob a acusação de estupro de fiéis. “Se o narcotráfico fosse uma empresa, ele seria o presidente do Conselho. Desde que comecei a denunciá-lo, em 2012, estou sendo jurado de morte”.

Junior postara no Twitter imagens dos bombeiros fazendo o rescaldo no espaço que sofreu reformas recentes. Ele informara que recebera mensagens de testemunhas, por volta de 1h da terça-feira, alertando que houvera invasão no imóvel, mas Junior só vira o aviso no início da manhã quando tomou conhecimento do incêndio.

A decisão de sair da favela, segundo Júnior foi por temer pela integridade física das 350 atendidas pela ONG e para se manter fiel a filosofia da organização, criada para mediar conflitos. Ele disse ter recebido aviso de um líder comunitário de que deveriam sair da favela, caso contrário, o tráfico jogaria uma bomba no projeto.

“Atearam fogo na nossa redação, mas não apagaram nossa vontade de fazer diferença, na vida da comunidade, na vida das pessoas, nas nossas vidas. A Voz da Comunidade nasceu de um sonho que vem se tornando realidade nos últimos anos pelo esforço de gente que gosta, que quer e que vem realizar junto conosco a cada dia um jornal melhor, eventos maiores, transformando o Complexo do Alemão em uma comunidade mais feliz e de gente com perspectiva, de olho em um futuro melhor.”

Com esta chamada divulgada no Facebook, demonstra que não vai desistir e pede ajuda para reerguer o jornal fundado em 2005. Contatos rene@vozdascomunidades.com.br 

Caça às bruxas não para, recado dado: sequestro-relâmpago de sociólogo no Rio

Matéria da Agência Estado traz um relato absurdo, mas infelizmente não raro para quem trabalha com violação dos Direitos Humanos. Trata-se do sequestro-relâmpago do sociólogo Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-secretário de Estado de Direitos Humanos, na manhã da última sexta-feira, 19 de julho. Baía foi posto num carro e obrigado a circular pelas ruas do Centro, com quatro homens armados e encapuzados. Ele, que estuda os protestos que eclodiram no País, afirma que foi ameaçado por dar entrevistas a respeito da atuação da Polícia Militar (PM). Ele concedera entrevista ao Jornal O Globo sobre o quebra-quebra no Leblon.
"A polícia viu o crime acontecendo e não agiu. O recado da polícia foi o seguinte: agora, eu vou dar porrada em todo mundo", afirmou ao jornal carioca. O caso foi denunciado à Ouvidoria do Ministério Público (MP) e à chefia de Polícia Civil.
De acordo com o procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, o episódio é "extremamente preocupante", por considerar que há uma clara tentativa de calar uma voz importante no cenário político nacional, o que fere o Estado Democrático de Direito e causa enorme preocupação.
 
Baía caminhava por volta das 7h30 no Aterro do Flamengo, na Zona Sul, quando foi abordado por dois homens armados, com os rostos escondidos por toucas ninjas e óculos escuros, e as cabeças cobertas por capuzes de moletom. Logo em seguida, um Nissan preto, sem placa, estacionou ao lado deles. O sociólogo foi obrigado a entrar.
"Não dê mais nenhuma entrevista, não cite a Polícia Militar de forma alguma, senão será a última entrevista que o senhor dará." Baía circulou pelo Aterro, passou pela Avenida Rio Branco e foi deixado em frente à Biblioteca Nacional - um trajeto de 10 minutos. "O recado está dado", disse um dos homens ao liberar Baía.
Dizendo-se sob tensão, mas não amedrontado, Paulo Baía afirmou que no seu entendimento, o que houve foi um "atentado a minha pessoa, mas também à liberdade de imprensa. O motivador foi a matéria publicada hoje (19)." Ele contou que foi a primeira ameaça que sofreu e que pretende mudar a rotina.
 
"Estou impactado, um pouco traumatizado. Esta é uma posição nova para mim - a de vítima. Já vim a essa casa (MP) muitas vezes, trazendo vítimas. Já trabalhei em casos complicados, até mesmo com o crime organizado, mas nunca passei por isso", disse o professor, que também se encontrou com a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, e registrou o caso na 5.ª DP.
Paulo Baía vem estudando há cinco anos a demanda da população por reconhecimento, respeito e novos direitos. Ele tem participado das manifestações e mapeou os grupos que participam dos atos, identificando, inclusive, aqueles que fazem depredações e saques. "É um grupo que comete crime, não vandalismo. Vandalismo é um termo impreciso, incorreto e que desqualifica a manifestação. Esses que fazem saques são criminosos. E fico muito surpreso de a polícia assistir aos crimes e não agir", afirmou o sociólogo.

sábado, 20 de julho de 2013

Violência contra juventude negra é tema de rodas de conversa em Ilhéus (BA)


Desde o mês de junho, o Plano Juventude Viva mobiliza os bairros de Ilhéus. Agora chegou a vez do município de Teotônio Vilela receber informações a respeito do Plano.A partir de terça feira, 16 de julho, a articuladora do Plano em Ilhéus, Sayonara Malta, começou a percorrer o bairro, travando diálogos e levantando dados qualitativos da comunidade sobre sua juventude, além de difundir o debate sobre juventude negra, violência e racismo.

O Plano Juventude Viva constitui uma oportunidade para enfrentar a violência, problematizando a sua banalização e a necessidade de promoção dos direitos da juventude. Além das ações voltadas para o fortalecimento da trajetória dos jovens e transformação dos territórios, o Plano busca promover os valores da igualdade e da não discriminação, o enfrentamento ao racismo e ao preconceito geracional, que contribuem com os altos índices de mortalidade da juventude negra brasileira.

O Plano é fruto do esforço conjunto das instituições do Estado, sob a coordenação da Secretaria Nacional de Juventude em parceria com a Fiocruz, para reconhecer e enfrentar a violência, somando esforços com a sociedade civil para a sua superação.

Mais informações: sayonara.juventudeviva.org.br / 73 8141-5528

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Manguinhos tem cultura!

O Complexo de Manguinhos conta com a presença de diversos artistas,  produtores e agitadores culturais, o que é realidade também  encontrável em inúmeras favelas e regiões periféricas da cidade.

Em Manguinhos, entretanto, tais atores culturais passam ainda mais despercebidos, vide a permanente citação do bairro e das adjacências em noticiários ligados à violência e, claro, também à condição de estigmas preconceituosos comumente agregados a favelas, a piorar quando estas se localizam no subúrbio da cidade.

Venha conhecer nossa rua, venha para a nossa Mostra Cultural, dia 20 de julho, na Biblioteca Parque de Manguinhos!

Confira nosso blog: http://www.manguinhoscultural.wordpress.com

Chamada do Ubirajara Rodrigues: http://manguinhoscultural.wordpress.com/2013/07/19/ubirajara-rodrigues/
Chamada da Ladies Gang: http://www.youtube.com/watch?v=HG-9c0k6Dto

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Queimado LGBT do Mandela 2, sucesso total

Diretamente da quadra do Centro Sócioesportivo Mandela 2, com Graciara da Silva, Gagui, do Conselho Comunitário de Manguinhos, GT Educação, Cultura, Esporte e Lazer, que ajudou na articulação e divulgação do evento.

A arrumação da quadra começou por volta das 12h, e lá pelas 14h foi dado início ao jogo. 

A galera estava bastante animada participando de uma maneira bastante descontraída junto as torcidas de outras comunidades - Jacaré, Cidade de Deus, Complexo da Penha, Complexo do Alemão, Nova Holanda, Morro da Providência e Arará. 

Todo mundo colaborou com os times do do Mandela 1, Mandela 2, Varginha , Manguinhos e a Favela do Rato todas com suas torcidas organizadas onde o importante era se divertir.

O time vencedor foi os Marrentinhos do Mandela 2. O segundo lugar ficou com a Rua 6 do Mandela 1, o terceiro com a Nova Holanda e o quarto lugar com a Cidade de Deus. Todos receberam suas premiações: troféus e medalhas e o melhor jogador foi Ti Nem Santos.

Ao final do torneio, foi improvisado um concurso de dança, em que 10 participantes interpretaram a cantora Anita. O vencedor foi Yan Lopes do Morro da Providência.

É bacana ressaltar o trabalho duro dos representantes do Conselho Gestor Intersetorial CGI Jaqueline de Paula do segmento de Representações Comunitárias, Francisco de Assis representando o segmento Esporte e Rafael representando Conselho Gestor do Centro de Saúde Escola Germano Sival Farias (CGCSEGSF) com a participação do Conselho Comunitário de Manguinhos e seu GT de Educação, Cultura, Esporte e Lazer trabalhando com toda divulgação e mobilização comunitária.
 
O bacana é que tudo foi regado com a distribuição de preservativos, materiais ilustrativos incentivando a conciencitização do sexo seguro.

Convocação Ato na Vila Autódromo

A Comunidade de Moradores e Pescadores da Vila Autódromo, em tempos de luta pela cidadania plena e pela conquista de todos os direitos que foram sequestrados das trabalhadoras e trabalhadores desta cidade, CONVOCA todas as Comunidades, os Movimentos Sociais e seus apoiadores para um ATO DE PROTESTO na Comunidade:

1. Pelo direito à moradia e à cidade!
2. Não às remoções!
3. Contra a militarização da polícia!

Vamos participar e divulgar!!

A Juventude Quer Viver! na JMJ

A Juventude quer viver! é o tema do painel da Tenda das Juventudes na Jornada Mundial da Juventude Rio 2013, que será realizado entre os dias 22 e 26 de julho. Este painel vai ser realizado na terça-feira, 23, das 10h às 12h, após a realização do Ofício Divino da Juventude, das 8h às 9h. Após o painel 2, com o tema Justiça e Transição, memória e compromisso, haverá missa de abertura da JMJ com Dom Orani (Copacabana), às 19h30.

O objetivo da Tenda das Juventudes é ser um espaço reservado para os encontros paralelos organizados por diversas organizações durante o evento no Rio de Janeiro, uma atividade como espaço de debate e reflexão da realidade juvenil e políticas públicas para a juventude.
Os oito painéis temáticos contarão com a participação de convidados que contribuirão com o seu olhar para o mundo juvenil. Cada mesa temática terá a duração de 1h30 a 2h, garantindo tempo para a interação dos presentes na atividade. Em breve será divulgado o nome dos convidados para cada mesa temática.

Como chegar
A atividade acontecerá na Paróquia Santa Bernadete, localizada na Av. dos Democráticos, 896, no bairro Higienópolis, Rio de Janeiro/RJ. O acesso ao local poderá ser feito preferencialmente pelo Metrô e Trem. O local da tenda está localizado a cerca de 10 minutos da estação de metrô Maria da Graça (linha 2 – Verde (sentido Pavuna) e cerca de 15 minutos da estação de trem Maguinhos. Visando a facilidade de acesso, o trajeto contará com sinalização e pessoas para orientar os peregrinos.

Para confirmar presença na atividade ou ter acesso a mais informações do evento, acesse a página da Tenda no Facebook, por meio do link:http://fb.com/events/1385192211698939/.

Serviço
Data: 22 a 26 de julho de 2013
Horário: 8h às 23h (a partir do dia 23 de julho); no dia 22 de julho o horário de funcionamento será de 15h30 às 23h. Importante verificar a programação descrita no link 
http://goo.gl/GpKqQ, assim como o mapa explicando como se chegar ao local.
Local: Paróquia Santa Bernadete, na Av. dos Democráticos, 896, no bairro Higienópolis, Rio de Janeiro.



Quantos Jacksons ou Joões, jovens negros brasilieiros, têm de morrer ?

Por Sandra Martins

Os homicídios são, atualmente, a principal causa de morte de jovens brasileiros com idades entre 15 a 29 anos, e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Os dados do Ministério da Saúde revelam uma cruel realidade: em 2010, mais da metade (53,3%) dos 49.932 mortos por homicídios eram jovens, dos quais 76,6% negros (pretos e pardos) e 91,3% do sexo masculino.
 Indianara Siqueira, da Marcha das Vadias, coordenou
o GD Conservadorismo religioso e políticas públicas
(estatuto do nascituro, comunidades terapêuticas,
homofobia etc), no ENPOP.

Os dados são duros para com os jovens, mas também para com suas famílias, muitas delas, acuadas pelo medo da morte iminente na busca por justiça. Como ocorreu com o caso do assassinato de Jackson Antônio Souza de Carvalho, 15 anos, nascido em Ilhéus e morto em Itacaré, Sul da Bahia. Ele foi executado, dia 26 de junho, com tiros de espingarda calibre 12 e enterrado de cabeça para baixo, num cemitério clandestino – ponto de desova de grupos de extermínio daquela região, que segundo ativistas locais, neste local já morreram mais de 20 jovens.
Hamilton Borges, Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta,
sentado ao lado de Débora Maria da Silva, Mães de Maio

Jackson e sua família entraram para as estatísticas de violência contra jovens negros e ameaça aos familiares que exigem justiça, o combate às violações dos direitos humanos e a impunidade. Um dia após encontrarem o corpo do menor, seus familiares – num total de 11 membros, entre idosos, adultos, jovens e crianças – deixaram sua cidade natal, Itacaré, escoltadas pela polícia, após uma noite de pânico em que cinco homens fortemente armados ameaçaram aos gritos atirar nas casas vizinhas a casa onde rapaz morava com os pais. Seu pai, Tonny é ativista do movimento negro com forte atuação no município. Em função das ameaças, uma rede de proteção acolheu a família, que em pouco menos de um mês teve que se mudar pelo menos três vezes.


Esta rede de proteção foi construída com a parceria da Casa do Boneco com a Campanha Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta. Este e outros casos que entraram nas estatísticas de violência letal contra jovens negros foi tema debatido no ENPOP - Encontro Popular Sobre Segurança Pública e Direitos Humanos que aconteceu entre no último final de semana, 12 a 14, no Rio Comprido. O evento teve como objetivo articular movimentos sociais, organizações de direitos humanos e moradores de regiões impactadas por intervenções militares ou por grandes reformas urbanas. 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Conferência regional de promoção da igualdade racial em Água Branca reuniu 28 municípios alagoanos

A Conferência Regional do Alto Sertão e Bacia Leiteira, na cidade de Água Branca, realizada no último dia 4 de julho, reuniu 28 municípios alagoanos e cerca de 240 pessoas. De acordo com a Comissão Organizadora Estadual (COE) da III Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial (COEPIR), o número de participantes superou as expectativas. A região é a que mais congrega comunidades quilombolas em Alagoas, além de ciganos, capoeiristas e religiosos de matriz africana. A COEPIR antecede a conferência nacional, III CONAPIR, que será realizada entre os dias 5 e 7 de novembro deste ano.

Para subsidiar os debates, estiveram presentes os seguintes palestrantes: Geraldo Majella, superintendente dos Direitos Humanos (Secretaria Estadual da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos); a jornalista Valdice Gomes (diretora do Centro de Cultura e Estudos Étnicos Anajô, presidente do Sindjornal e integrante da Cojira/AL); Edson Bezerra, professor de Antropologia na Universidade Estadual de Alagoas (Uneal); Zezito Araújo, da Secretaria de Estado da Educação e Coordenador do Curso de História do Centro Universitário CESMAC; e Arísia Barros, coordenadora do Instituto Raízes de Áfricas. 

Após as palestras aconteceram os GTs dos eixos temáticos: Eixo 1 - Estratégias para o desenvolvimento e o enfrentamento ao racismo. Eixo 2 - Políticas de igualdade racial no município e no Estado: avanços e desafios. Eixo 3 - Arranjos Institucionais para assegurar a sustentabilidade das políticas de igualdade racial e eixo 4 - Participação política e controle social: igualdade racial nos espaços de decisão; mecanismos de participação da sociedade civil no monitoramento das políticas de igualdade racial.

Foram aprovadas 20 propostas, entre elas: Criação do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, escolas adaptadas para comunidades quilombolas, garantia de água potável para comunidades quilombolas, implantação de PSF nas comunidades quilombolas, criação do Fórum Intergovernamental de Promoção da igualdade Racial, desburocratização do processo de titularidades de terras quilombolas através do Incra.

Apesar de as questões inerentes às políticas de Juventude não terem sido pautadas nesta conferência regional, o articulador regional do Plano Juventude Viva, Denivan Lima, está acompanhando todo o processo conferencial e procura sensibilizar os diversos atores sociais para a importância dos debates sobre as demandas específicas da juventude negra e do Plano Juventude Viva – que busca promover os valores da igualdade e da não discriminação, o enfrentamento ao racismo e ao preconceito geracional, que contribuem com os altos índices de mortalidade da juventude negra brasileira.

O Plano é fruto do esforço conjunto das instituições do Estado, sob a coordenação da Secretaria Nacional de Juventude em parceria com a Fiocruz, para reconhecer e enfrentar a violência, somando esforços com a sociedade civil para a sua superação.


A próxima conferência regional será no dia 18, em União dos Palmares, que envolverá toda a Zona da Mata. No dia 25, acontece a de Arapiraca, atingindo toda a parte do Agreste, e dia 31, ocorre a de Maceió, envolvendo tanto a região Metropolitana quanto o Litoral Norte.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Da Senzala às Favelas: violências de Estado e resistência popular

 Por Sandra Martins
O Encontro Popular sobre Segurança Pública e Direitos Humanos – ENPOP – realizado entre os dias 12 e 14 de julho, possibilitou uma intensa troca entre ativistas de movimentos sociais, organizações de direitos humanos e moradores de regiões impactadas por intervenções militares ou por grandes reformas urbanas. As praças eram diversas, os sotaques também, mas uma agenda transversal trazia históricos comuns de opressão e questionamentos sobre que tipo de modelo de cidade estava sendo gestado.

Após extensas discussões, iniciadas na sexta-feira com intervenções musicais entremeadas de falas contundentes, foi realizada, no último dia, uma plenária onde foram apresentadas duas moções: uma contra o turismo na favela feito por algumas organizações não governamentais e o Estado; e outra contra o fechamento da Rádio Comunitária Prazeres, que abarcava os Morros dos Prazeres e Escondidinho, no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. O encontro produziu uma carta contendo as principais propostas oriundas dos grupos de debates, todos os encaminhamentos dos GDs integrarão um caderno a ser disponibilizado posteriormente. A articulação do ENPOP agendou para o dia 10 de agosto a próxima plenária, em local a ser definido.

Sob o tema Violências de Estado e Resistência Popular no Rio de Janeiro, o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALERJ, ao fazer críticas ao atual modelo de desenvolvimento citou a redução dos índices de homicídios da população jovem branca comparando os anos de 2002, 2006 e 2010, foram assassinados 18.800, 15.700 e 13.600, respectivamente. Entretanto, a comemoração teve um sabor amargo ao se comparar o contraponto com a população de jovens negros. Em 2002, foram mortos 26mil; em 2006, 29mil; e, em 2010, 33mil. “Este é o modelo de sucesso de segurança que está colocado nas grandes cidades brasileiras. Não quero discutir redução de homicídio, mas quem está morrendo. Porque desfaz o debate da luta de classe e se redescobre um outro: o do genocídio direcionado aqueles que parecem não servir a uma sociedade de mercado.” 

Freixo alertou que não haverá avanços se o debate ficar restrito a desmilitarização da polícia. Deve haver é a desmilitarização da concepção de segurança que está em toda a estrutura do Estado, que vem criminalizando a pobreza. “A esquerda demorou muito para fazer o debate da segurança pública. Não era um debate que caia bem. Era melhor fazer o debate sobre a terra, a saúde. O debate da segurança pública era o debate do opressor. Perdemos um tempo precioso. Que bom que superamos isso. Eu não estou preocupado com o black bloc [grupos que se autodenominam de anarquistas e pregam a desobediência civil. Grupos usam roupas pretas e máscaras para dificultar identificação.], e sim com o blue bloc [polícia militar] que está fazendo uma varredura nas ruas. O desafio é longo”, concluiu.
Marcelo Freixo escuta a fala firme de Daizeca

A opressão vivenciada nas comunidades de baixa renda, na concepção de Daizeca Carvalho, da Rede de Comunidades e Movimentos Contra a Violência, é secular. “Continuamos a viver na senzala: os capitães do mato são os soldados da UPP; não existe mais a chibata, mas os fuzis; não existe mais o tronco, mas a tortura. A UPP está entrando nas comunidades para extorquir os traficantes que continuam dentro da comunidade, mas não se intervém naqueles que estão nas áreas nobres. Já ouvi de um policial que UPP significa Unidos do Poder Paralelo. É muito complicado falar de segurança pública quando o maior violador é o próprio Estado.” 

Reaja ou Será Morto - A diferença de tratamento não é novidade na historiografia brasileira. Hamilton Borges, do Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta, afirmou que o racismo é a contradição principal do Estado brasileiro. Na prática provaram isto. E citou que nas manifestações no Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, foram presas 15 pessoas, entretanto, os porta-vozes dos movimentos eram invariavelmente pessoas brancas de classe média ou de pele clara. Dos presos, apenas um teve a cabeça raspada – o rapaz negro. Este ato tem um significado fundamental para os africanos, não podemos prescindir do pertencimento racial desvinculado da ideia de civilização. Nós fomos um povo trazido à força para construir um outro território, chamado de Brasil.” 
Hamilton Borges

Ao falar rapidamente da forma como surgiram as primeiras corporações da Polícia Militar, Hamilton citou que a mais antiga “máquina de guerra” da população brasileira foi a baiana, em 1835, cuja atribuição principal, por ordem da Coroa Real, era intervir em um quilombo chefiado pela arqueira Zeferina. Este quilombo ficava na região de Pirajá, um bairro afastado do centro de Salvador. A Polícia Militar – Brigada Militar – foi criada com uma visão específica de quem deveria ser abatido e contido: isto diz respeito ao processo histórico. E, ainda hoje a PM utiliza o modus operandi de matar do período imperial: eles enterravam ou mutilavam o negro para que servisse de exemplo para não se rebelarem. Foi o que fizeram com o jovem Jackson Antônio, assassinado aos 15 anos e enterrado de cabeça para baixo no município de Itacaré, Bahia.

O papel das mulheres negras no processo de resistência era e continua sendo fundamental; assim como das organizações de mulheres e de homens negros que estão nas comunidades até hoje - escola de samba, capoeira, terreiro de candomblé, o samba, o funk. “Por isso posso dizer que sou um povo dentro de um território hostil e, por isso sou morto pelo Estado brasileiro e seu braço armado. É fundamental criarmos redes protetivas em caráter nacional. Porque estamos combatendo um estado democrático de direito de um governo fundado uma perspectiva de esquerda. E, queremos debater o que significa esquerda e quais são suas bandeiras. Para que a esquerda que está aqui com a gente, amanhã não nos dê sopapo. Vivemos um processo histórico de traição política.”

Resolução nº 013 - “Tomando por pauta o extermínio da Juventude Negra o Fórum de Juventude do Rio de Janeiro propôs estar mais nos espaços de discussões e ocupando mais as favelas incidindo em políticas públicas a partir destes espaços”, disse Monique Cruz. Um dos temas para reflexão são as ocupações militares para além das UPP. Existem outras áreas da cidade que ainda continuam convivendo com uma política de enfrentamento de ocupação militar, incluindo as áreas de milícias – sem as operações, mas também uma ocupação.

A militarização das polícias e a militarização dos territórios ocupados pela UPP mostram a face das diversas políticas públicas colocadas nessas regiões. A Resolução nº 013 é uma destas situações, em que a polícia decide que tipo de evento a comunidade vai ter. Em Manguinhos, o comandante da UPP assumiu a intermediação entre os órgãos do Estado e a população para discutir políticas públicas de habitação, remoções. “Hoje continua tendo a mediação armada dos conflitos nos territórios, se antes era com o tráfico, hoje é com a polícia.” 

Para Monique, pensar favela nos nossos espaços é pensar a desconstrução do conceito de pessoas da favela. "Os partidos políticos, a esquerda, principalmente, têm de desconstruir alguns conceitos que trazem culturalmente. O que se precisa é discutir a favela respeitando a cultura local, suas resistências, as organizações já existentes. Considerar os territórios respeitando as suas especificidades e pensar o que queremos construir juntos".

A periferia nunca dormiu - Para Débora Maria da Silva, da Mães de Maio, organização que lançou o livro Mães de Maio, Mães do Cárcere, é muito importante discutir segurança pública, “porque quem ia pra rua eram as mães e familiares para esta discussão. O gigante acordou? A favela nunca dormiu! A periferia nunca dormiu! A periferia nunca dormiu, porque o Estado nunca deixou. Segurança pública é um assunto de todos e desmilitarizar a polícia é o dever de todos.” 

Ela afirma que a desmilitarização lhe pertence. Assim como cada um que tomba é como se fosse um filho seu: “não importa se ele é bom ou bandido, é meu filho”, disse afiançando que a transformação depende de cada um.

Como no título da mesa, Das Senzalas às Favelas: Criminalização da Juventude Negra e Guerra às Drogas, Débora diz que a senzala é a favela. “Os porões dos navios negreiros são os presídios, que só deparamos com negros e negras. Vemos que a especulação imobiliária incendeia as casas de pobre, como ocorre em são Paulo e agora acontece aqui [no Rio de Janeiro].” 

E, fazendo alusão às manifestações, Débora afirma que muita gente foi para as ruas despreparada; “se tivessem preparo, não sairiam das ruas. Só quem sabe mesmo é quem sofre o dia-a-dia. E a pior coisa do mundo é enterrar o filho”, como ocorreu quando esteve no Espírito Santo, em que as mães relataram as mortes de seus filhos e mostravam as fotografias denunciando os corpos queimados: uma infeliz prática de lá.”

A mesma vontade de continuar buscando a transformação que está dentro de cada um é também a perspectiva do repper Fiell, Visão da Favela Entre Silêncios e Resistências. “Lutar pelos direitos humanos é quase suicídio”, disse o co autor, junto com amigos, de uma cartilha sobre abordagem policial lançada no período da implantação da UPP no Morro Santa Marta, , em 2008, primeira do município. A repressão foi forte, com direito a prisões. “Entrou a UPP e toda a pedagogia militarizada – racismo, abuso de poder etc. – dentro de uma comunidade sem respeitar a cultura local.” 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A Juventude Quer Viver! na Tenda das Juventudes

A Paróquia Santa Bernadete, em Higienópolis, bairro da Zona Norte do município do Rio de Janeiro, vai sediar a Tenda das Juventudes na Jornada Mundial da Juventude Rio2013 - A Juventude Quer Viver! entre os dias 22 e 26 de julho.
 
O encontro tem como proposta abrir espaço de debates e reflexões sobre a realidade juvenil e políticas públicas para a juventude, como o Plano Juventude Viva, mobilizando os jovens presentes na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) para a conscientização e luta em defesa da vida da juventude.

Esta é a perspectiva de milhares de jovens ativistas que lutam em prol dos Direitos Humanos, que trarão a fala com seus variados recortes.

domingo, 14 de julho de 2013

Grafiti na Vila Turismo - Manguinhos

O Projeto CAIS (ICICT/FIOCRUZ) e Cooperação Social/FIOCRUZ realizou em parceria com o RAP da Saúde JACA uma atividade super bacana na Praça America Junior, em Vila Turismo.

Esta parceria possibilitou uma parceria com o grafiteiro Toquinho que convidou os jovens de Manguinhos a colocarem seu sonho em uma palavra na parede. Um sonho para uma Manguinhos melhor. 

Com isso, o Toquinho, a bolsista do ICICT Nathalia Silva e Salo, coordenador do projeto CAIS, conversassem com jovens sobre o que queremos de bom para a comunidade. Integrantes do Rap da Saúde JACA distribuíram preservativos e falaram sobre promoção da saúde. 

Imaginem... 

Só podia ter sido super legal!


Ação Social no DSUP, sábado, 13/7/13

As atividades começaram por volta das 9h, de um dia que começou ensolarado.



Regularização da documentação é um dos serviços mais procurados. 

















sexta-feira, 12 de julho de 2013

Oportunidade de Estágio: Jornalismo

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quinta-feira, 11 de julho de 2013

Edital de convocação: 1ª Assembleia da Nova Diretoria (Amorim)

O presidente da Associação de Moradores Amigos de Manguinhos (Parque Oswaldo Cruz, Amorim) convoca a todos os moradores da comunidade para a Assembleia Geral Ordinária que será realizada, no dia 13/7, sábado, no final da Rua Rosa da Fonseca (Cantão), em primeira convocação às 10 hs; e a segunda 11hs  para deliberar sobre a seguinte ordem do dia:
Prestação de contas da diretoria, assuntos gerais de interesse da comunidade com o objetivo de uma comunidade participativa e com transparência nas contas.
Presidente: Manoel Messias
Vice: Selma Quintela

Secretária Administrativa: Simone Quintela     

Recital no Espaço Casa Viva com alunos da Escola de Música



JVM em Manguinhos


Paróquia Santa Bernadete - fotos de Graciara da Silva
Dia 25 de julho, Manguinhos entra no noticiário dos jornais de forma positiva, mostrando a hospitalidade e fé daquela população, que independente dos sofrimentos, segue na luta diária pela melhoria da qualidade de vida. Este bairro da Zona da Leopoldina entrou no roteiro da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e nesta data será realizada duas missas. A primeira será entre as comunidades Vila Turismo, Parque João Goulart, Comunidade Agrícola de Higienópolis e Parque Carlos chagas (Varginha); e a segunda no Parque Carlos Chagas (Varginha), na Capela São Jerônimo Emmiliano. Estas comunidades integram o Complexo de Manguinhos que entrou no rol das favelas “pacificadas” com a instalação da UPP de Manguinhos e Arará.

De acordo com o roteiro divulgado na imprensa, o Papa Francisco, de manhã, celebrará a Santa Missa no Sumaré, em seguida seguirá para o Palácio da Cidade para receber as chaves da cidade das mãos do prefeito Eduardo Paes e abençoar as bandeiras oficiais dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos.

Os amigos Mateus e Kauãn são vizinhos
da Capela São Jerônimo Emiliano
Entre 10h e 12h, ele visitará a Comunidade da Varginha e será recepcionado pelo Pároco, pelo Vice-Pároco, pelo Vigário episcopal e pela Superiora das Irmãs da Caridade. Em seguida se dirigirão à pequena igreja dedicada a São Jerônimo Emiliano, onde realizará uma missa e abençoará o novo altar que será oferecido à comunidade. Depois todos irão ao Campo Rio Petrópolis - campo de futebol – onde fará um discurso em que estarão presentes diversas secretarias de governo e lideranças comunitárias. Durante o percurso (cerca 100 m) visitará a casa de uma família da comunidade. Depois retornará ao Sumaré.

Em todo o percurso, haverá voluntários credenciados para apoiar os peregrinos vindos de várias partes do mundo, como as cerca de 30 a 50 famílias que serão recebidas pela Paróquia Santa Bernadete e pela Capela São Daniel. Há inclusive a convocação de “famílias hospitalares” para hospedarem peregrinos. Estes viajantes católicos terão a oportunidade de, com a ajuda dos voluntários, conhecerem um pouco da realidade das comunidades de Manguinhos. 

Geralda da Paz na Capela São Daniel
Uma destas voluntárias é Geralda da Paz, moradora da comunidade Parque João Goulart. Voluntária da paróquia São Daniel, ela fala que a expectativa da vinda do Papa a Manguinhos é de que ele deixe um legado. “A própria presença dele aqui é um ponto bastante positivo, pois ele trouxe a união de todos e também a paz.”