terça-feira, 6 de agosto de 2013

Sonhos interrompidos pela violência letal contra jovens negros é tema de Roda de conversa em Salvador

Mais do que estar no ranking de morbidade letal nas estatísticas de homicídios contra homens entre 15 e 29 anos, de áreas periféricas e de baixa escolaridade, jovens negros e negras estão sendo impossibilitados de terem sonhos e de poder concretizá-los. Matam-se futuras gerações, o racismo é perpetuado e tende-se a privilegiar um determinado segmento populacional. A letalidade que atinge esses jovens foi o tema da Roda de Conversa realizada, dia 13 de julho, no Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra (CDCN) em Salvador, que abordou o tema central o Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Contra a Juventude Negra. Conhecido como Plano Juventude Negra, esta iniciativa do Governo Federal, visa a ampliação dos direitos e a prevenção da violência que atinge de forma preocupante esta população secularmente estigmatizada.

“É de extrema importância a ideia de articular os projetos e programas existentes; e, que eles tenham o foco na juventude negra. Somos os que mais sofremos em diversas instâncias, então nada mais justo, que o Brasil (governos e sociedade civil) crie mecanismos de proteção a essa faixa etária que tem cor e moram em locais de condições semelhantes.” A declaração é de Jasf Andrade (Grupo de Rap Os Agentes), presente na Roda de Conversa organizada pelo Articulador do Plano Juventude Viva na Bahia Geovan Adorno junto com a Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN e representantes de diversas organizações de juventude.

Da esquerda para a direita:
Ana Cristina, 
Pedro Paulo, Marcelo Souza,
Marcos Vinicius e Diogo Silva.
O evento, que contou com a participação de Luciane Reis, Assessora da Secretaria Nacional de Juventude – SNJ, foi uma parceria com a sociedade civil organizada pra a apresentação do Plano Juventude Viva na Bahia e um proveitoso diálogo com trocas de experiência com as organizações presentes. Também participaram da Roda de Conversa diversos representantes do Hi Hop que, historicamente, tem um papel importante na luta pelo combate às desigualdades sócias e pela vida da juventude negra.
Para a Coordenadora de Juventude do CONEN-BA, Cleide Crispiniana, que vem acompanhando de perto as discussões sobre políticas de Juventude, o encontro foi gratificante por possibilitar conhecer o que o Governo Federal está propondo. Entender como o Plano vai funcionar em Salvador, apesar de nosso município termos algumas demandas de Salvador, temos municípios prioritários e Lauro de Freitas é um deles.”
O recorte racial do Plano é, segundo Cleide, um tema a ser aprofundado no diálogo tanto com os gestores quanto com a sociedade civil. “A extensão do Plano vai para além do recorte racial, com o recorte geracional, mas o recorte racial está lá. Entretanto, quando se fala de Juventude entram outras pessoas que não têm fala com recorte racial. E é importante sensibilizar estas pessoas. Até porque os números são bem definidos, e isso acaba sensibilizando mesmo para este debate. Os gestores que não quiserem discutir a temática terão problemas”, disse, ressaltando que vê a Rede de Articuladores como uma estratégia importante para cobrar o envolvimento neste debate e potencializar as ações.
Geovan Adorno,  Jasf Rapper
(Grupos Os Agentes) e Luciane Reis
A ampliação do debate sobre o Plano, entender como se processa a adesão voluntária, a expansão nos territórios vulnerabilizados, necessidade de material impresso para divulgarem nas comunidades que ajudam a visibilizar as ações do Plano Juventude Viva foram pontos bastante discutidos na Roda de Conversa. E, neste ponto, Cleide informou que este será tema do próximo encontro, dia 31 de agosto, do Café Falante da Juventude. Este encontro é um debate sobre políticas públicas, cujo tema será A juventude na participação popular e no controle social, que integra a agenda da CONEN. “O que fazemos é abrir diálogo com esta nova juventude para debater sua participação nas políticas sociais e políticas publicas, assim como discutir a educação dos índices de mortes.”
Cleide chama a atenção do potencial das redes sociais na divulgação de eventos como a Roda de Conversa. “Precisamos divulgar o Plano, pois, é desta forma, que conseguiremos ampliar a adesão e obter uma participação mais efetiva da população cobrando as políticas públicas e o enfrentamento à violência contra os nossos jovens negros. Ao termos um número grande jovens envolvidos, o prefeito não vai querer ficar fora dos debates. E, se eles não se aprofundarem o debate, em nível nacional, eles, gestores, ficarão de fora, e isso eles não vão querer. Então, quanto maior a divulgação do Plano é melhor: porque aumenta a pressão por efetivas mudanças e transformações desta atual e triste realidade”, salientou Cleide, ao afirmar que, participaram do Café Falante de 2012, cerca de 300 jovens, este ano, estão esperando muito mais.

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