sábado, 10 de novembro de 2012

Fashion Rio, como sempre - Uma mosca no leite

Independente do sistema econômico, racismo é racismo. E o capitalismo é um excepcional espaço de manutenção das práticas eugenistas, racistas, discriminatórias.

Todos consumimos "moda" - do velho e bom jeans, dos esmaltes, dos perfumes, dos dentifrícios, dos tênis, etc. etc. - enfim, dos produtos que são criados para nosso consumo, como os cigarros que apesar de não serem "sucesso", não saem das bocas e pulmões, ou mesmo dos jornais e revistas que mostram uma "cara" que não é a nossa - preta, bolachuda, sarará, de traços diversos como dos nômades ciganos, da majestade das iabás ou dos descendentes dos iorubas ou curumins. 

Para uns, é divisionismo. Mas, não é. É, somente, perceber que se os dedos das mãos são desiguais e juntos lavam o corpo, porque não respeitar as diferenças para que juntos possamos crescer viçosos e fortes para combater as iniquidades de todas as espécies.

No campo da saúde, da construção de ciências e políticas públicas, o racismo nosso de cada dia que impede o diálogo entre os diferentes e a percepção de que há um verdadeiro genocídio da juventude masculina negra: assuntos que foram debatidos no 2º Seminário de Saúde da População Negra na ENSP.

Doloroso é saber que dos jovens assassinados entre 10 e 25 anos, em vários estados, como Alagoas, 48% são negros, em grande parte de baixa escolaridade e moradores de áreas periféricas. Mas, também morrem negros profissionais liberais, como o dentista paulista Flávio morto pela policia paulista, há 5 anos, "confundido" com um bandido perigoso. Mesmo desarmado, tentando mostrar seus documentos e explicando porque estava no aeroporto internacional, o rapaz foi assassinado e apresentado como um marginal, pois portava arma e drogas. Só que seu pai, ex-policial militar, que certamente, durante exercício de suas funções possivelmente deva ter feito uso do "kit bandido" - arma e drogas plantados no corpo da vítima. O pai do jovem dentista denunciou esta prática usualmente difundida na área de segurança pública.  

Enfim, racismo é racismo, as estratégias e metodologias é que vão se aprimorando.
Mas vejam o vídeo.

Publicado em 09/11/2012 por 
A grife brasileira OEstudio foi uma das poucas marcas a apresentar sua coleção inverno 2013 com modelos de etnias diferentes. A questão do racismo acabou surgindo na 22ª edição da Rio Fashion Week, após um protesto da ONG Educafro. No Brasil, mulatos e pardos são maioria, mas não aparecem em número significativo nas passarelas.

O Pessoal da OEstudio sempre a frente do "que é possível fazer". Muito bem assessorados, perceberam que o Brasil não é uno, até porque como poderia sê-lo se atingimos mais de 60% de pretos e pardos, conforme censo de 2010 do IBGE. Tanto os coordenadores dos eventos de moda, quanto os estilistas, e especialmente os patrocinadores devem estar atentos para a pressão dos consumidores, pois quando eles se perceberem cidadãos, irão exigir o que lhes é de direito, ou simplesmente não irão consumir mais

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