quarta-feira, 22 de maio de 2013

Editais do MINC focados em produtores negros são suspensos

Complicado falar em trabalhar as desigualdades de forma desigual para que se possa haver um mínimo de recuperação do secular tempo de não investimento em determinados segmentos deste grande Brasil gerido por um pequeno Brasil.

Matéria da Agência Brasil com a ministra da Cultura Marta Suplicy explicita bem as dificuldades para o investimento na promoção dos grupos vulnerabilizados.

Vale a pena ler todo o texto, muito texto, talvez, mas bacana para entender, pelo menos o enredo desta discussão.

Suspender editais de incentivo à produção cultural negra é ação racista, diz ministra

22/05/2013 - 10h53
Yara Aquino
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A ministra da Cultura, Marta Suplicy, disse hoje (22) ter confiança de que será possível reverter a decisão da Justiça Federal, que suspendeu editais de incentivo à produção cultural negra, lançados pelo Ministério da Cultura em novembro de 2012. Marta declarou estar “indignada” com a decisão que foi proferida sob alegação de que os editais não poderiam excluir as demais etnias e abrem um espectro de desigualdade racial. A ministra informou que o ministério já apresentou recurso contra a decisão.
“Estamos indignados, achamos que é uma ação racista, estamos recorrendo e vamos ganhar. Depois que tivemos o Supremo Tribunal Federal se posicionado a favor da cota, dizer que 'fazer um edital para criadores negros' é racista, não existe. Fizemos editais para indígenas, vamos lançar agora para mulheres e temos que ter ações afirmativas para compensar as dificuldades que afetam algumas comunidades”, disse a jornalistas.
Segundo a ministra, a necessidade de lançar editais de incentivo específicos para a cultura negra surgiu a partir da constatação de que a temática aparecia pouco entre os projetos apresentados para captar recursos por meio da Lei Rounaet. E, mesmo os selecionados, enfrentavam dificuldades para captar recursos. “A partir dessa constatação, pensamos que teríamos de fazer alguma coisa para os criadores negros terem chance”, explicou. A iniciativa, segundo a ministra, obteve sucesso e já contabiliza quase 3 mil projetos inscritos.
A decisão de suspender os editais foi proferida pelo juiz José Carlos do Vale, da 5ª Vara da Seção Judiciária do Maranhão. O processo foi movido como ação popular por um escritório de advocacia. Os editais foram lançados em comemoração ao Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, em novembro do ano passado. São incentivados projetos nas áreas de cinema, literatura, artes visuais, circo, dança, música, teatro e preservação da memória negra no Brasil.

Um comentário:

  1. Políticas focalistas não são novidades no Brasil: mulheres, militares, filhos de fazendeiros, idosos, estudante, etc. Mas quando se coloca 'mais tinta', então aí não pode. Sempre haverá quem diga que está-se dividindo o país, que não há racismo, que os negros não precisam ser chamados de coitadinhos daí não precisar de políticas específicas. Mas ninguém lembra que se ganha muito dinheiro com as expressões culturais oriundas do povo negro tendo o não-negro como o 'dono' do projeto. Lembram-se do projeto internacional "Black to back", o negro era o recheio da empada que ele não comia. Pois os donos do projeto são os mesmos de sempre, oriundos da elite.

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