quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Seminário na PUC-Rio discute Comunicação Comunitária

As dificuldades enfrentadas pela comunicação comunitária no Brasil foi um dos temas de destaque no 1º Seminário Regional de Comunicação Comunitária, de terça (16) até sexta-feira (19), no campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), na Gávea.

A Lei 9.612/1998, que instituiu o serviço de radiodifusão comunitária no país, foi criticada pelo setor na parte que trata da proibição de publicidade, da burocracia na concessão de outorgas de funcionamento das rádios e da obrigação para que as emissoras comunitárias operem em baixa potência e cobertura restrita.

De acordo com Thiago Ansel, do Coletivo Observatório de Favelas, apesar das restrições impostas pela lei, as novas tecnologias possibilitaram a proliferação de veículos comunitários pela internet. Ele coordenou uma pesquisa, em 2011, que identificou 104 veículos de comunicação comunitária apenas na região metropolitana do Rio, sendo que a maioria surgiu nos últimos dez anos e são blogs.

As pesquisas indicaram que as mídias digitais não precisam de grandes estruturas; o financiamento praticamente não existe; mesmo não tendo fins lucrativos, uma rádio comunitária precisa de patrocínio e de formas de financiamento ou editais para se manter; além disso elas têm dificuldades para acessar as organizações internacionais que investem nessa área.

Tião Santos, fundador da primeira rádio comunitária do Brasil (Novos Rumos FM, no Rio), disse que as novas tecnologias possibilitaram que muitos dos invisíveis tivessem alguma visibilidade por meio das mídias sociais e blogs. "Mas se por um lado avançamos nesse sentido, por outro ainda existe uma distância do ponto de vista da democracia. Na realidade, vemos o controle das grandes mídias e da internet nas mãos de poucos', disse. 'O espaço da democracia não está garantido. Passou da hora da sociedade se indignar com essa mordaça que temos na comunicação brasileira, com os grandes monopólios, com as leis que existem hoje'.

Para a professora Patrícia Saldanha da Universidade Federal Fluminense, tão importante quanto a possibilidade de a comunicação comunitária cooptar financiamento e se apropriar da técnica é a de comunicar o que a própria comunidade produz para si e para o mundo. 'É necessário se apropriar das novas tecnologias da comunicação, produzir seu próprio conteúdo e ter a possibilidade de voz no mundo, para reverter a técnica em benefício da própria comunidade', declarou.

Fonte: Agência Brasil / Flávia Villela 

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