domingo, 3 de março de 2013

Cobertura da mídia nacional separa violência e racismo

Esta é a conclusão da pesquisa desenvolvida pela ONGANDI (Comunicação e Direitos, sediada em Brasília), que analisou as coberturas realizadas por cinco jornais diários de circulação nacional e 40 de abrangência regional ou local.

A matéria é de Flávio Carrança e publicada na Revista Raça nº 175, cuja capa traz Lázaro Ramos e está nas bancas de todo o país. Por sinal, é bom lembrar que esta revista é a única publicação em banca de jornais com foco nas comunidades negras (pretos+pardos, segundo o IBGE). Dizem que ela é racista por conta disso, mas, salvo engano, sendo a única, é sinal de que há 99,9% de revistas que não focam o não-branco (idealizado, sabemos nós).

No texto, Carrança afirma que a pesquisa traz surpresas como a de um jornal de circulação regional, A Tarde, da Bahia, que lidera em termos quantitativos o debate sobre racismo, seguido pelo Estado de São Paulo.

O trabalho mostra que os jornais impressos discutiram racismo, impulsionados, entre outras coisas, pela ação do movimento social brasileiro e, particularmente, do Movimento Negro, com debate tecnicamente qualificado, embora nem sempre favorável às políticas públicas de combate ao racismo implementadas pelo Estado brasileiro. Além disso, constatou, na cobertura realizada pelos jornais, uma clara desvinculação entre as violências físicas praticadas contra a população negra e o debate sobre o racismo.

De 1.602 notícias analisadas pela ANDI, apenas 3,30% citam homicídios ou chacinas contra a população negra.
De 2007 a 2010: 19 textos sobre racismo foram publicados pelo Valor Econômico (circulação nacional).
210 textos sobre racismo foram publicados pelo A Tarde, da Bahia.

A pesquisa constata que a imprensa brasileira pauta pouco o assunto e quando o faz, busca estratégias para desvincular a questão racial. Entretanto, basta olhar para quaisquer editorias de polícia, geral, cidades, cotidiano, que se verá, se houver interesse, de que o tema racismo é transversal, ou seja, está presente. Comunidades de baixa renda, miserabilidade, precariedade dos serviços públicos, violência contra jovens, enfim, a cor e todo um histórico secular de ausências e negações estão super presentes.


Esta pesquisa vem ao encontro das aspirações do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento, na terceira edição este ano, que busca estimular a produção de conteúdos jornalísticos sobre temas relacionados à população negra - premiar uma cobertura qualificada.

Matéria completa no site da Revista Raça: http://racabrasil.uol.com.br/cultura-gente/175/jornais-brasileiros-separam-violencia-e-racismo-essa-e-uma-277422-1.asp

Mais informações sobre o prêmio no site www.premioabdiasnascimento.org.br 

Um comentário:

  1. É engraçado, um país com mais da metade de pretos e pardos e só temos uma única revista que mostra pretos e pardos em situação positiva.
    E dizem que no Brasil não existe racismo!!!
    Jonathan

    ResponderExcluir