quinta-feira, 29 de março de 2012

Combate a Tuberculose: da Fiocruz às comunidades de Manguinhos

Está redondamente enganado quem pensa que Tuberculose é uma doença restrita aos segmentos mais pobres da sociedade. Ela, certamente, está mais presente (tem maior incidência) em locais aglomerados, como favelas, com grande quantidade de imóveis sem ventilação e muitas pessoas vivendo em espaços muito pequenos. Entretanto, como diz Lidismar Pereira da Silva, enfermeira e coordenadora da II Mostra ENSP na Semana de Mobilização Nacional de Combate à Tuberculose, as pessoas não estão confinadas: sua mobilidade dissemina a doença, democraticamente, para outras classes sociais.

A gravidade da disseminação da TB, em especial, no território de Manguinhos, vem sendo discutido desde 2011 pelo Conselho Gestor do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CG CSEGSF). Das reflexões, a decisão tomada foi a promoção de uma campanha educativa voltada para a população local, com profissionais de saúde percorrendo as comunidades, levando informações, tirando dúvidas, orientando sobre onde e a quem procurar para ser atendido. O pontapé da campanha foi dado no dia 27 de março, na comunidade de Mandela 1 ou Nelson Mandela, e contou com o apoio da conselheira de saúde, Simone dos Anjos, que reuniu moradores no Espaço Forró. 


 Simone dos Anjos, conselheira de
saúde, Adenildo e seu filho Yage,
participam do da II Mostra
Esta iniciativa reforçará as atividades realizadas na II Mostra Ensp (dias 21, 22 e 23 de março)na Semana de Combate à Tuberculose. O evento foi iniciado com o painel Panorama atual da tuberculose no Brasil e no mundo, que contou com a representante do Programa Nacional de Controle á Tuberculose (PNCT), Caroline Silveira; da coordenadora do Programa na instância estadual de saúde do Rio de Janeiro (PCTSERJ), Ana Alice Pereira; da coordenadora do Programa de Tuberculose da Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil do Rio de Janeiro, Raquel Piller, e do ativista do Fórum das Organizações Não governamentais de Tuberculose do Rio de Janeiro, Carlos Basília. O chefe do Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF/ENSP/Fiocruz), Miguel HijjarAjube, e a vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da ENSP/Fiocruz, Margareth Portela, ao inaugurarem a II Mostra enfatizaram a necessidade da difusão de informações sobre a doença para o avanço crescente de seu tratamento.




Durante três dias, o CRPHF/ENSP/Fiocruz disponibilizou informações, de forma lúdica por meio de jogos, como o “Caminho da falta de informação e do abandono”, ou “Como jogar o pega – não pega”, entre outros. O objetivo da ação, mais do que divulgar dados e estatísticos, foi conscientizar a população e profissionais de saúde acerca dos riscos da doença e das formas de prevenção e tratamento.

O Brasil ocupa 22º lugar entre os 22 países responsáveis por 80% do total de casos de tuberculose no mundo. Em 2010, foram notificados 71 mil casos de TB; 4,6 mil mortes; 1ª causa de mortes dos pacientes com AIDS; 4ª causa de mortes por doenças infecto-parasitárias (septicemia, HIV, Doença de Chagas, TB, Doenças Infecciosas Intestinais, Hepatite Viral e outras) e a primeira causa de mortes em pacientes com AIDS.

Na mostra, foram divulgadas, por meio de banners, as principais pesquisas sobre este tema em andamento no Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF/ENSP/Fiocruz). Um dos pontos que chamaram a atenção na mostra foi ver, por meio do microscópio, o bacilo de Koch. Adenildo Vasconcelos levou seu filho Yage, de 9 anos, para ver a exposição e ficou surpreso com o avanço da doença no país.
São consideradas três fases da doença: 1º,“primário” - pessoa saudável é contaminada pela bactéria chamada “bacilo de Koch”, através do ar, pela tosse, fala ou espirro de enfermos com tuberculose pulmonar que ainda não iniciaram o tratamento; 2º, “resistente” - o doente interrompe o tratamento antes de completar os seis meses, se tornam “resistente”, retornando, a cura levará um ano com remédios mais fortes; 3º, “multirresistente” – paciente que havia desistido do tratamento e retornou pela segunda vez, não tem mais tratamento. Caso uma pessoa saudável seja contaminada por um multi-droga-resistente, ela não terá remédios que possam curá-lo.
A intenção da campanha educativa é dialogar com os moradores, informando e orientando sobre a doença, suas causas e determinantes, esclarecer, o quanto possível, sobre a organização e os recursos para o tratamento, as medidas de prevenção, aquelas que dizem respeito à avaliação dos contatos domiciliares, do risco social e sobre os direitos do paciente, da família e dos cuidadores.É possível que as visitas às comunidades possam contribuir para a identificação de novos casos de TB e, quem sabe, recuperar alguns pacientes que abandonaram o tratamento ao longo do tempo.

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