sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Como sempre: Destruição em Xerém foi tragédia anunciada

A forte chuva que atingiu Xerém, distrito de Duque de Caxias (RJ), causou
destruição e deixou centenas de pessoas desabrigadas. Casas foram
destruídas pela força da correnteza e carros estão amontoados pelas ruas.
Fotorepórter Vladimir Platonov/ABr
Para variar, o ano nem bem começou e uma catástrofe (anunciada) se faz presente. Trata-se da destruição causada pelo temporal que atingiu na madrugada do dia 3 de janeiro o distrito de Xerém, em Duque de Caxias: ela poderia ter sido evitada. Como aconteceu em Teresópolis, Nova Iguaçu, Petrópolis, Angra dos Reis, entre outras áreas eternamente sofredoras, e que não aparecem na mídia. 

Bastariam medidas de prevenção básicas, como a proibição pelo Poder Público de edificações nas margens dos rios e córregos, além de uma dragagem periódica. A opinião é do especialista em geotécnica do Departamento de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), Alberto Sayão.

“Foi uma tragédia anunciada, um desastre previsto. Alguém tem que ser responsabilizado”, disse Sayão, que citou a falta de fiscalização pelo Executivo, a leniência do Judiciário em julgar crimes ambientais e o populismo de integrantes do Legislativo, que buscam se promover em troca da facilitação da ocupação de áreas irregulares.

“Deixar construir às margens de rios é crime ambiental. O rio vai sempre reconquistar o seu espaço. É possível prever com exatidão as áreas de inundação”, declarou o professor. Segundo ele, podem se passar muitos anos até que ocorra outra inundação, o que não significa que é seguro construir estruturas no local. Além de colocar em risco as famílias, o entulho das casas destruídas vai represar e assorear ainda mais o curso d’água, causando mais pressão rio abaixo, atingindo outras estruturas, principalmente pontes, como ocorreu em Xerém.

Sayão ressaltou que a estrutura geológica da serra, em Xerém, é a mesma encontrada em outras formações geológicas no estado do Rio, com maciços rochosos cobertos por camadas finas de solo e vegetação, o que favorece deslizamentos.

“Os escorregamentos acontecem por causa de três fatores: camada fina de solo, forte inclinação e grande quantidade de chuva”, disse o engenheiro. Segundo ele, outro fator que pode ter contribuído na tragédia de Xerém é a quantidade de lixo que deixou de ser recolhida nas últimas semanas pela gestão passada da prefeitura de Duque de Caxias e que acabou sendo carregada para dentro dos rios e riachos, ajudando a barrar o fluxo da água causando os transbordamentos.

Fonte: Reportagem de Vladimir Platonow, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 04/01/2013

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