terça-feira, 23 de julho de 2013

Informes sobre Audiência Pública sobre DH na OAB/ RJ

Audiência Pública ocorrida ontem (19), na OAB-RJ, reuniu membros de diversos setores da sociedade civil, advogados da Ordem, o MPF, a ABI, órgãos dos Direitos Humanos e representantes da Segurança Pública - a Superintendente da Secretaria de Segurança Pública do Estado - Luciane Patrício e o coronel Robson Rodrigues da Silva, chefe do Estado-Maior Administrativo da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro.

O tom dado pelas falas dos advogados, dos representantes dos Direitos Humanos e da sociedade em geral foi da ação truculenta da PMERJ nas manifestações. Mas não só nelas. Foi lembrado, a partir do caso recente dos mortos na Maré, que a polícia mata há muito tempo e que não deve haver uma separação entre polícia de asfalto e de morro, pois a polícia é uma só. Houve uma preocupação geral da atuação da polícia, que envolve principalmente: sua razão de existir, seu papel social, seus excessos e arbitrariedades e a forma como tem sido gerida e seu futuro.

O policiamento cidadão foi citado por ambos os representantes da segurança do Estado, sem no entanto apresentar soluções nesse sentido. Vale lembrar que o modelo de polícia ostensiva e repressora já é posto em cheque há pelo menos 30 anos. A exemplo da tentativa de aplicação de uma polícia cidadã pelo Cel Nazareth Cerqueira nos anos de 1980/90, quando ocupou o cargo de secretário de Estado da Polícia Militar e comandante-geral da corporação. Esse não é um debate novo.

O coronel Robson, após pedir desculpas, reconheceu que o protocolo usado atualmente está "completamente inadequado" e disse estar ciente dos excessos policiais. Qualificou as manifestações como um "movimento bonito" e apontou que há investigações em andamento. Afirmou, inclusive, que já houve prisões de policiais. Só não disse quantos e nem tocou num ponto importante: o que será daqui pra frente, já que as declarações recentes do comando geral (seu superior hierárquico) foi de endurecimento da ação policial?

Que tal perguntarmos pra eles?

lucianepatricio.cseg@gmail.com - Luciane Patrício
emg.adm.pmerj@gmail.com - Cel Robson Rodrigues

Encaminhamentos que foram tirados (às pressas) na audiência:

- criação de grupo de trabalho, formado por membros da sociedade (não definido), membros da secretaria de segurança e judiciário para trabalhar em conjunto na avaliação da atual PM e na criação de um novo protocolo para a ação policial. O Observatório de Favelas levou um protocolo elaborado por eles como pontapé inicial.

- criação de grupo para avaliar as denúncias, com presença da sociedade, OAB e polícia, e pensar em soluções para a segurança pública do E

Revista Saúde em Debate pauta Saúde da População Negra e dos LGBTs

A saúde da população negra e dos gays, lésbicas e transsexuais será um dos assuntos das próximas duas edições da revista Saúde em Debate, publicação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes). Os interessados em contribuir com artigos já podem encaminhá-los à comissão editorial do periódico. 

Serão aceitos textos tanto de caráter acadêmico como produções autônomas de comunidades e/ou associações e entidades, seja na forma de artigos originais,resenhas de livros e/ou depoimentos. As contribuições podem ser escritas em português, espanhol e inglês e devem ser submetidas para avaliação exclusivamente pelo http://www.saudeemdebate.org.br . 

Os interessados em conferir os padrões solicitados para envio podem acessar as instruções neste http://186.202.154.32/noticias/noticia_int.php?id_noticia=1317

domingo, 21 de julho de 2013

AfroReggae e Jornal A Voz da Comunidade saem do Alemão

No último sábado, 20 de julho, José Junior, coordenador da ONG AfroReggae, e René Junior, fundador do jornal “A Voz da Comunidade”, decidiram sair da Favela da Grota, no Conjunto de Favelas do Alemão, após incêndio criminoso. O incêndio aconteceu na última terça-feira, 16, por volta das 4h30. Os bombeiros chegaram minutos depois, mas as chamas já haviam consumido todo o estabelecimento.

Para José Junior, o incêndio foi criminoso e acusa como autor da ordem o pastor Marcos Pereira, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, preso desde o início de maio sob a acusação de estupro de fiéis. “Se o narcotráfico fosse uma empresa, ele seria o presidente do Conselho. Desde que comecei a denunciá-lo, em 2012, estou sendo jurado de morte”.

Junior postara no Twitter imagens dos bombeiros fazendo o rescaldo no espaço que sofreu reformas recentes. Ele informara que recebera mensagens de testemunhas, por volta de 1h da terça-feira, alertando que houvera invasão no imóvel, mas Junior só vira o aviso no início da manhã quando tomou conhecimento do incêndio.

A decisão de sair da favela, segundo Júnior foi por temer pela integridade física das 350 atendidas pela ONG e para se manter fiel a filosofia da organização, criada para mediar conflitos. Ele disse ter recebido aviso de um líder comunitário de que deveriam sair da favela, caso contrário, o tráfico jogaria uma bomba no projeto.

“Atearam fogo na nossa redação, mas não apagaram nossa vontade de fazer diferença, na vida da comunidade, na vida das pessoas, nas nossas vidas. A Voz da Comunidade nasceu de um sonho que vem se tornando realidade nos últimos anos pelo esforço de gente que gosta, que quer e que vem realizar junto conosco a cada dia um jornal melhor, eventos maiores, transformando o Complexo do Alemão em uma comunidade mais feliz e de gente com perspectiva, de olho em um futuro melhor.”

Com esta chamada divulgada no Facebook, demonstra que não vai desistir e pede ajuda para reerguer o jornal fundado em 2005. Contatos rene@vozdascomunidades.com.br 

Caça às bruxas não para, recado dado: sequestro-relâmpago de sociólogo no Rio

Matéria da Agência Estado traz um relato absurdo, mas infelizmente não raro para quem trabalha com violação dos Direitos Humanos. Trata-se do sequestro-relâmpago do sociólogo Paulo Baía, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e ex-secretário de Estado de Direitos Humanos, na manhã da última sexta-feira, 19 de julho. Baía foi posto num carro e obrigado a circular pelas ruas do Centro, com quatro homens armados e encapuzados. Ele, que estuda os protestos que eclodiram no País, afirma que foi ameaçado por dar entrevistas a respeito da atuação da Polícia Militar (PM). Ele concedera entrevista ao Jornal O Globo sobre o quebra-quebra no Leblon.
"A polícia viu o crime acontecendo e não agiu. O recado da polícia foi o seguinte: agora, eu vou dar porrada em todo mundo", afirmou ao jornal carioca. O caso foi denunciado à Ouvidoria do Ministério Público (MP) e à chefia de Polícia Civil.
De acordo com o procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, o episódio é "extremamente preocupante", por considerar que há uma clara tentativa de calar uma voz importante no cenário político nacional, o que fere o Estado Democrático de Direito e causa enorme preocupação.
 
Baía caminhava por volta das 7h30 no Aterro do Flamengo, na Zona Sul, quando foi abordado por dois homens armados, com os rostos escondidos por toucas ninjas e óculos escuros, e as cabeças cobertas por capuzes de moletom. Logo em seguida, um Nissan preto, sem placa, estacionou ao lado deles. O sociólogo foi obrigado a entrar.
"Não dê mais nenhuma entrevista, não cite a Polícia Militar de forma alguma, senão será a última entrevista que o senhor dará." Baía circulou pelo Aterro, passou pela Avenida Rio Branco e foi deixado em frente à Biblioteca Nacional - um trajeto de 10 minutos. "O recado está dado", disse um dos homens ao liberar Baía.
Dizendo-se sob tensão, mas não amedrontado, Paulo Baía afirmou que no seu entendimento, o que houve foi um "atentado a minha pessoa, mas também à liberdade de imprensa. O motivador foi a matéria publicada hoje (19)." Ele contou que foi a primeira ameaça que sofreu e que pretende mudar a rotina.
 
"Estou impactado, um pouco traumatizado. Esta é uma posição nova para mim - a de vítima. Já vim a essa casa (MP) muitas vezes, trazendo vítimas. Já trabalhei em casos complicados, até mesmo com o crime organizado, mas nunca passei por isso", disse o professor, que também se encontrou com a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, e registrou o caso na 5.ª DP.
Paulo Baía vem estudando há cinco anos a demanda da população por reconhecimento, respeito e novos direitos. Ele tem participado das manifestações e mapeou os grupos que participam dos atos, identificando, inclusive, aqueles que fazem depredações e saques. "É um grupo que comete crime, não vandalismo. Vandalismo é um termo impreciso, incorreto e que desqualifica a manifestação. Esses que fazem saques são criminosos. E fico muito surpreso de a polícia assistir aos crimes e não agir", afirmou o sociólogo.

sábado, 20 de julho de 2013

Violência contra juventude negra é tema de rodas de conversa em Ilhéus (BA)


Desde o mês de junho, o Plano Juventude Viva mobiliza os bairros de Ilhéus. Agora chegou a vez do município de Teotônio Vilela receber informações a respeito do Plano.A partir de terça feira, 16 de julho, a articuladora do Plano em Ilhéus, Sayonara Malta, começou a percorrer o bairro, travando diálogos e levantando dados qualitativos da comunidade sobre sua juventude, além de difundir o debate sobre juventude negra, violência e racismo.

O Plano Juventude Viva constitui uma oportunidade para enfrentar a violência, problematizando a sua banalização e a necessidade de promoção dos direitos da juventude. Além das ações voltadas para o fortalecimento da trajetória dos jovens e transformação dos territórios, o Plano busca promover os valores da igualdade e da não discriminação, o enfrentamento ao racismo e ao preconceito geracional, que contribuem com os altos índices de mortalidade da juventude negra brasileira.

O Plano é fruto do esforço conjunto das instituições do Estado, sob a coordenação da Secretaria Nacional de Juventude em parceria com a Fiocruz, para reconhecer e enfrentar a violência, somando esforços com a sociedade civil para a sua superação.

Mais informações: sayonara.juventudeviva.org.br / 73 8141-5528

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Manguinhos tem cultura!

O Complexo de Manguinhos conta com a presença de diversos artistas,  produtores e agitadores culturais, o que é realidade também  encontrável em inúmeras favelas e regiões periféricas da cidade.

Em Manguinhos, entretanto, tais atores culturais passam ainda mais despercebidos, vide a permanente citação do bairro e das adjacências em noticiários ligados à violência e, claro, também à condição de estigmas preconceituosos comumente agregados a favelas, a piorar quando estas se localizam no subúrbio da cidade.

Venha conhecer nossa rua, venha para a nossa Mostra Cultural, dia 20 de julho, na Biblioteca Parque de Manguinhos!

Confira nosso blog: http://www.manguinhoscultural.wordpress.com

Chamada do Ubirajara Rodrigues: http://manguinhoscultural.wordpress.com/2013/07/19/ubirajara-rodrigues/
Chamada da Ladies Gang: http://www.youtube.com/watch?v=HG-9c0k6Dto

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Queimado LGBT do Mandela 2, sucesso total

Diretamente da quadra do Centro Sócioesportivo Mandela 2, com Graciara da Silva, Gagui, do Conselho Comunitário de Manguinhos, GT Educação, Cultura, Esporte e Lazer, que ajudou na articulação e divulgação do evento.

A arrumação da quadra começou por volta das 12h, e lá pelas 14h foi dado início ao jogo. 

A galera estava bastante animada participando de uma maneira bastante descontraída junto as torcidas de outras comunidades - Jacaré, Cidade de Deus, Complexo da Penha, Complexo do Alemão, Nova Holanda, Morro da Providência e Arará. 

Todo mundo colaborou com os times do do Mandela 1, Mandela 2, Varginha , Manguinhos e a Favela do Rato todas com suas torcidas organizadas onde o importante era se divertir.

O time vencedor foi os Marrentinhos do Mandela 2. O segundo lugar ficou com a Rua 6 do Mandela 1, o terceiro com a Nova Holanda e o quarto lugar com a Cidade de Deus. Todos receberam suas premiações: troféus e medalhas e o melhor jogador foi Ti Nem Santos.

Ao final do torneio, foi improvisado um concurso de dança, em que 10 participantes interpretaram a cantora Anita. O vencedor foi Yan Lopes do Morro da Providência.

É bacana ressaltar o trabalho duro dos representantes do Conselho Gestor Intersetorial CGI Jaqueline de Paula do segmento de Representações Comunitárias, Francisco de Assis representando o segmento Esporte e Rafael representando Conselho Gestor do Centro de Saúde Escola Germano Sival Farias (CGCSEGSF) com a participação do Conselho Comunitário de Manguinhos e seu GT de Educação, Cultura, Esporte e Lazer trabalhando com toda divulgação e mobilização comunitária.
 
O bacana é que tudo foi regado com a distribuição de preservativos, materiais ilustrativos incentivando a conciencitização do sexo seguro.

Convocação Ato na Vila Autódromo

A Comunidade de Moradores e Pescadores da Vila Autódromo, em tempos de luta pela cidadania plena e pela conquista de todos os direitos que foram sequestrados das trabalhadoras e trabalhadores desta cidade, CONVOCA todas as Comunidades, os Movimentos Sociais e seus apoiadores para um ATO DE PROTESTO na Comunidade:

1. Pelo direito à moradia e à cidade!
2. Não às remoções!
3. Contra a militarização da polícia!

Vamos participar e divulgar!!

A Juventude Quer Viver! na JMJ

A Juventude quer viver! é o tema do painel da Tenda das Juventudes na Jornada Mundial da Juventude Rio 2013, que será realizado entre os dias 22 e 26 de julho. Este painel vai ser realizado na terça-feira, 23, das 10h às 12h, após a realização do Ofício Divino da Juventude, das 8h às 9h. Após o painel 2, com o tema Justiça e Transição, memória e compromisso, haverá missa de abertura da JMJ com Dom Orani (Copacabana), às 19h30.

O objetivo da Tenda das Juventudes é ser um espaço reservado para os encontros paralelos organizados por diversas organizações durante o evento no Rio de Janeiro, uma atividade como espaço de debate e reflexão da realidade juvenil e políticas públicas para a juventude.
Os oito painéis temáticos contarão com a participação de convidados que contribuirão com o seu olhar para o mundo juvenil. Cada mesa temática terá a duração de 1h30 a 2h, garantindo tempo para a interação dos presentes na atividade. Em breve será divulgado o nome dos convidados para cada mesa temática.

Como chegar
A atividade acontecerá na Paróquia Santa Bernadete, localizada na Av. dos Democráticos, 896, no bairro Higienópolis, Rio de Janeiro/RJ. O acesso ao local poderá ser feito preferencialmente pelo Metrô e Trem. O local da tenda está localizado a cerca de 10 minutos da estação de metrô Maria da Graça (linha 2 – Verde (sentido Pavuna) e cerca de 15 minutos da estação de trem Maguinhos. Visando a facilidade de acesso, o trajeto contará com sinalização e pessoas para orientar os peregrinos.

Para confirmar presença na atividade ou ter acesso a mais informações do evento, acesse a página da Tenda no Facebook, por meio do link:http://fb.com/events/1385192211698939/.

Serviço
Data: 22 a 26 de julho de 2013
Horário: 8h às 23h (a partir do dia 23 de julho); no dia 22 de julho o horário de funcionamento será de 15h30 às 23h. Importante verificar a programação descrita no link 
http://goo.gl/GpKqQ, assim como o mapa explicando como se chegar ao local.
Local: Paróquia Santa Bernadete, na Av. dos Democráticos, 896, no bairro Higienópolis, Rio de Janeiro.



Quantos Jacksons ou Joões, jovens negros brasilieiros, têm de morrer ?

Por Sandra Martins

Os homicídios são, atualmente, a principal causa de morte de jovens brasileiros com idades entre 15 a 29 anos, e atingem especialmente jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. Os dados do Ministério da Saúde revelam uma cruel realidade: em 2010, mais da metade (53,3%) dos 49.932 mortos por homicídios eram jovens, dos quais 76,6% negros (pretos e pardos) e 91,3% do sexo masculino.
 Indianara Siqueira, da Marcha das Vadias, coordenou
o GD Conservadorismo religioso e políticas públicas
(estatuto do nascituro, comunidades terapêuticas,
homofobia etc), no ENPOP.

Os dados são duros para com os jovens, mas também para com suas famílias, muitas delas, acuadas pelo medo da morte iminente na busca por justiça. Como ocorreu com o caso do assassinato de Jackson Antônio Souza de Carvalho, 15 anos, nascido em Ilhéus e morto em Itacaré, Sul da Bahia. Ele foi executado, dia 26 de junho, com tiros de espingarda calibre 12 e enterrado de cabeça para baixo, num cemitério clandestino – ponto de desova de grupos de extermínio daquela região, que segundo ativistas locais, neste local já morreram mais de 20 jovens.
Hamilton Borges, Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta,
sentado ao lado de Débora Maria da Silva, Mães de Maio

Jackson e sua família entraram para as estatísticas de violência contra jovens negros e ameaça aos familiares que exigem justiça, o combate às violações dos direitos humanos e a impunidade. Um dia após encontrarem o corpo do menor, seus familiares – num total de 11 membros, entre idosos, adultos, jovens e crianças – deixaram sua cidade natal, Itacaré, escoltadas pela polícia, após uma noite de pânico em que cinco homens fortemente armados ameaçaram aos gritos atirar nas casas vizinhas a casa onde rapaz morava com os pais. Seu pai, Tonny é ativista do movimento negro com forte atuação no município. Em função das ameaças, uma rede de proteção acolheu a família, que em pouco menos de um mês teve que se mudar pelo menos três vezes.


Esta rede de proteção foi construída com a parceria da Casa do Boneco com a Campanha Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta. Este e outros casos que entraram nas estatísticas de violência letal contra jovens negros foi tema debatido no ENPOP - Encontro Popular Sobre Segurança Pública e Direitos Humanos que aconteceu entre no último final de semana, 12 a 14, no Rio Comprido. O evento teve como objetivo articular movimentos sociais, organizações de direitos humanos e moradores de regiões impactadas por intervenções militares ou por grandes reformas urbanas.